19 de dez. de 2011

Meu jardim de Débora Siqueira Bueno


No meu jardim de palavras brotam cardos. 
Cactos e espinhos nascem 
da areia 
do deserto da linguagem, 
onde faltaram palavras e sobraram lágrimas. 
  
No meu jardim de palavras se alastram 
as plantas simples e rasteiras 
do viver cotidiano. 
Grama comum, tecido 
sobre o qual se pisa, distraído. 
  
Semi-ocultas no jardim se encontram flores. 
Sempre-vivas 
pontilham com seu branco o descampado. 
Cá e lá, orquídeas róseas 
florescem, exuberância obstinada. 
  
Árvores também estão plantadas, 
várias, 
boas de sombra e fruto. 
Troncos sólidos 
crescidos com suor e muitos anos. 

Do meu jardim recolho as folhas secas. 
Galhos e letras 
podo, até que encontre 
a justa forma, que em seu ritmo revele 
os brotos e os restos de uma história.

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