10 de ago. de 2017

TARDIO :: MIA COUTO


Quando quis ser fruto
fui fome,
não mais do que areia
de um chão sem cio.

Quando sonhei ser pano
fui agulha.
E morri no sono do gesto
de enrolar o fio.

Quando aprendi a ser poente
já não havia céu.

Quando quis anoitecer
tudo era luz.

E assim me condeno
em livre vício:
no mais derradeiro
eu só vislumbro um início.



Idades, cidades, divindades. Maputo, 2005

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