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14 de set. de 2015

Astrologia :: Mario Quintana

 David Burliuk
Minha estrela não é a de Belém
A que, parada, aguarda o peregrino
Sem importar-se com qualquer destino
A minha estrela vai seguindo além
- Meus Deus, o que é que esse menino tem?...
Já suspeitavam desde eu pequenino.
O que eu tenho? É uma estrela em desatino...
E nos desentendemos muito bem!
E quando tudo parecia a esmo
E nesses descaminhos me perdia
Encontrei muitas vezes a mim mesmo ...
Eu temo é uma traição do instinto
Que me liberte, por acaso, um dia
Deste velho e encantado Labirinto..

28 de abr. de 2013

O fazedor de Jorge Luis Borges


Um homem se propõe a tarefa de desenhar o mundo. Ao longo dos anos, povoa um espaço com imagens de províncias, de reinos, de moradas, de instrumentos, de astros, de cavalos e de pessoas. Pouco antes de morrer, descobre que esse paciente labirinto de linhas traça a imagem de seu rosto.

BORGES, Jorge Luis. O fazedor. In: Obras completas (volume II). São Paulo: Editora Globo, 2000.

17 de set. de 2012

Perder-se na cidade de Walter Benjamin


“Saber orientar-se numa cidade não significa muito. No entanto, perder-se numa cidade, como alguém se perde numa floresta, requer instrução. Nesse caso, o nome das ruas deve soar para aquele que se perde como o estalar do graveto seco ao ser pisado, e as vielas do centro da cidade devem refletir as horas do dia tão nitidamente quanto um desfiladeiro. Essa arte aprendi tardiamente; ela tornou real o sonho cujos labirintos nos mata-borrões de meus cadernos foram os primeiros vestígios”. 
In: Obras escolhidas II: Rua de mão única. Brasiliense, 1995.

18 de fev. de 2012

Compassado de Débora Siqueira Bueno


Relógio de Salvador Dalí

No estacionamento da Faculdade de Medicina 
em Belo Horizonte 
(lugares muito amados têm seus nomes), 
entre os imensos fícus não acho, 
lugar nenhum, meu carro. 
Caminho incessante noite adentro – 
o que procuro? 
Talvez não busque nada ou, quem sabe, 
só queira descansar nesse cenário. 
Compassado caminho, luz e sombra, 
o sol penetra a ramagem densa. 
Escuto os meus passos sobre as folhas, 
ninguém a habitar aquele espaço. 
Carrego em minhas mãos pequenos seixos, 
meus dentes se quebraram em pedaços. 
E vago, desdentada, labirinto, 
as mãos bem juntas, para que não caia 
pedaço algum que possa ser colado. 
Súbito percebo, não são dentes – 
um brilho de metal faísca à vista. 
Pequenas engrenagens de relógio 
aguardam, impossível, o conserto 
do tempo que se foi, já desmontado.