Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
5 de mar. de 2015
4 de mar. de 2015
Saudade-dos-jardins;Saudades; Saudades-roxas;Suspiros;Suspiros-roxos;Suspiros-roxos-dos-jardins, Escabiosa-dos-jardins, saudade, almofada-de-alfinetes, flor-de-viúva
A Scabiosa atropurpurea é uma planta que apresenta uma enorme variabilidade morfológica, o que a torna bastante atrativa para os botânicos e amantes da jardinagem. Pertence à família botânica das Dipsacaceae e ao género Scabiosa, o qual inclui cerca de 80 espécies. As espécies deste género são nativas da Europa, Ásia e África.
Etimología
Scabiosa: nome genérico que deriva scabiosus ( latín) = "áspero, sarnoso", referindo-se a que supostamente servía para curar a sarna.
atropurpurea: epíteto latino que significa "de coor púrpura escuro".
Esta é uma planta herbácea perene, por vezes anual. Normalmente a parte subterrânea da planta mantém-se viva, enquanto que a parte aérea se vai renovando todas as primaveras, desaparecendo por completo no inverno.
Os caules são eretos e compridos, de aspeto frágil, podendo atingir de 40 a 70 cm de altura, geralmente muito ramificados sensivelmente até meio do caule principal.
As folhas apresentam morfologia diferenciada ao longo do caule, sendo as da roseta basal frequentemente achatadas em forma de espátula e providas de recortes arredondados convexos na margem. As folhas do caule são geralmente profundamente recortadas e vão diminuindo à medida que sobem no talo até que desaparecem por completo antes de chegar à inflorescência terminal. Tanto as folhas como os caules podem apresentar-se providas de pelos ou não.
As flores, muito pequenas e de cor rosada ou azul-lavanda, estão reunidas em capítulos que crescem isoladamente no topo dos caules. Isto é, o que chamamos de flor na Scabiosa atropurpurea é na realidade um conjunto de muitas flores tubulares agrupadas num recetaculo hemisférico, sobre um só pedúnculo.
Toda a estrutura de recetaculo e flores está protegido na base por duas camadas justapostas de brácteas verdes em forma de lança que não chegam a cobrir o capítulo.
As pequenas flores apresentam as pétalas unidas na base, formando o tubo da corola, permanecendo o limbo livre. Têm 5 lóbulos arredondados e desiguais tanto maiores quanto mais situadas para o exterior da inflorescência. Também as flores exteriores são maiores que as centrais. Assim a inflorescência consegue uma atrativa geometria radial. Os estames são protuberantes.
As flores são muito ricas em néctar pelo que atraem muitos insetos que ajudam na polinização.
A planta floresce de maio a agosto.Ao frutificar, a inflorescência adquire a forma esférica, com os frutos em disposição radial.
Estes frutos tem uma coroa apical de consistência membranácea mas seca de cujo centro sobressaem 5 sedas. A dispersão das sementes é feita pelo vento e pelas formigas.
É uma planta com preferência por sítios secos e frequentemente remexidos, podendo ser encontrada em terrenos incultos, baldios e bermas de estradas e caminhos.
Distribui-se por toda a região mediterrânica, Açores, Madeira e Canárias. Em Portugal continental pode encontrar-se no centro e sul do país.
fonte: http://floresdoareal.blogspot.com.br/
MINHA CASA :: FELIX PITA RODRIGUEZ (1909-1990)
esta é a fórmula precisa,
uma de cal e outra de lua.
Sobre a porta, a divisa
no escudo do portão.
Sobre a porta a divisa:
"No mais alto o coração."
Nada o estorve nem o impeça:
no mais alto o coração.
Que ele ponha o preço e ele decida
- se é contra mim, tanto pior-,
que ele ponha o preço e ele decida:
Sempre direi: teve razão.
Tarot de la poesia, 1971-1972
Proporção áurea
Leonardo da Vinci
Proporção áurea, número de ouro, número áureo, secção áurea, proporção de ouro é uma constante real algébrica irracional denotada pela letra grega \phi (PHI), em homenagem ao escultor Phideas (Fídias), que a teria utilizado para conceber o Parthenon, e com o valor arredondado a três casas decimais de 1,618. Também é chamada de se(c)ção áurea (do latim sectio aurea) , razão áurea,razão de ouro, média e extrema razão (Euclides), divina proporção, divina seção (do latim sectio divina), proporção em extrema razão , divisão de extrema razão ou áurea excelência . O número de ouro é ainda frequentemente chamado razão de Phidias .Desde a Antiguidade, a proporção áurea é usada na arte. É frequente a sua utilização em pinturas renascentistas, como as do mestre Giotto. Este número está envolvido com a natureza do crescimento. Phi (não confundir com o número Pi \pi), como é chamado o número de ouro, pode ser encontrado de forma aproximada no homem (o tamanho das falanges, ossos dos dedos, por exemplo), nas colmeias, entre inúmeros outros exemplos que envolvem a ordem de crescimento na natureza.
Justamente por ser encontrado em estudos de crescimento o número de ouro ganhou um status de "ideal", sendo alvo de pesquisadores, artistas e escritores. O fato de ser apoiado pela matemática é que o torna fascinante.
Proporção áurea na natureza
Figuras geométricas
Um decágono regular, inscrito numa circunferência, tem os lados em proporção áurea com o raio da circunferência.
Segmentos do pentagrama estão na proporção áurea, como mostra a figura. O pentagrama é obtido traçando-se as diagonais de um pentágono regular. O pentágono menor, formado pelas interseções das diagonais, está em proporção com o pentágono maior, de onde se originou o pentagrama. A razão entre as medidas dos lados dos dois pentágonos é igual ao quadrado da razão áurea.
Um pentagrama regular é obtido traçando-se as diagonais de um pentágono regular. O pentágono menor, formado pelas interseções das diagonais, também está em proporção com o pentágono maior, de onde se originou o pentagrama. A razão entre as medidas dos lados dos dois pentágonos é igual ao quadrado da razão áurea. A razão entre as medidas das áreas dos dois pentágonos é igual a quarta potência da razão áurea.
Chamando os vértices de um pentagrama de A, B, C, D e E, o triângulo isósceles formado por A, C e D tem seus lados em relação dourada com a base, e o triângulo isósceles A, B e C tem sua base em relação dourada com os lados.
Quando Pitágoras descobriu que as proporções no pentagrama eram a proporção áurea, tornou esse símbolo estrelado como a representação da Irmandade Pitagórica. Esse era um dos motivos que levava Pitágoras a dizer que "tudo é número", ou seja, que a natureza segue padrões matemáticos.
População de abelhas – A proporção entre abelhas fêmeas e machos em qualquer colmeia.
Concha do caramujo Nautilus – A proporção em que cresce o raio do interior da concha desta espécie de caramujo. Este molusco bombeia gás para dentro de sua concha repleta de câmaras para poder regular a profundidade de sua flutuação. Obs.: até hoje não se encontrou nenhum caramujo Nautilus que comprove essa afirmação amplamente difundida.
Outros – phi estão também nas escamas de peixes, presas de elefantes, crescimento de plantas.
Corpo humano
O Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci. As ideias de proporção e simetria aplicadas à concepção da beleza humana.
Proporções áureas em uma mão.
A altura do corpo humano e a medida do umbigo até o chão.
A altura do crânio e a medida da mandíbula até o alto da cabeça.
A medida da cintura até a cabeça e o tamanho do tórax.
A medida do ombro à ponta do dedo e a medida do cotovelo à ponta do dedo.
O tamanho dos dedos e a medida da dobra central até a ponta.
A medida da dobra central até a ponta dividido e da segunda dobra até a ponta.
Essas proporções anatômicas foram bem representadas pelo "Homem Vitruviano", obra de Leonardo Da Vinci.
Dimensão do útero em mulheres jovens (16 e 20 anos), segundo o pesquisador Jasper Vergtus, da Universidade de Leuven.
Aplicações
O homem sempre tentou alcançar a perfeição: nas pinturas, nos projetos arquitetônicos e até mesmo na música.
Arte
As linhas vermelhas representam os eixos vertical e horizontal. As linhas brancas são divisões áureas. Os olhos e a boca estão posicionados nessa estrutura geométrica.
A proporção áurea foi muito usada na arte, em obras como O Nascimento de Vênus, quadro de Botticelli, em que Afrodite está na proporção áurea. Essa proporção estaria ali aplicada pelo motivo de o autor representar a perfeição da beleza.
Em O Sacramento da Última Ceia, de Salvador Dalí, as dimensões do quadro (aproximadamente 270 cm × 167 cm) estão numa Razão Áurea entre si. Na história da arte renascentista, a perfeição da beleza em quadros foi bastante explorada com base nessa constante. Vários pintores e escultores lançaram mão das possibilidades que a proporção lhes dava para retratar a realidade com mais perfeição.
A Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, tem a proporção áurea nas relações entre o tronco e a cabeça, bem como nos elementos da face, mas isso é uma característica inerente ao ser humano e tais proporções podem ser encontradas na maioria das pinturas em que a anatomia tenha sido respeitada.15 Medições feitas por computador mostraram que os olhos de Mona Lisa estão situados em subdivisões áureas da tela.
Retângulo dourado
Proporção áurea em retângulos.
Ver artigo principal: Rectângulo de ouro
Em geometria, o retângulo de ouro surge do processo de divisão em média e extrema razão, de Euclides. Ele é assim chamado porque ao dividir-se a base desse retângulo pela sua altura, obtêm-se o número de ouro 1,618.
Música
O número de ouro está presente em diversas obras de compositores clássicos, sendo o exemplo mais notável a famosa sinfonia n.º 5, de Ludwig van Beethoven . O compositor húngaro Béla Bartók também se utilizou desta relação de proporcionalidade constantemente em sua obra , assim como o fez o francês Claude Debussy em diversas de suas sonatas .
No jazz há músicos que usam os números da série Fibonacci na divisão rítmica e dos compassos.
Literatura
No livro "O Número de Ouro", Matila Ghyka demonstrou a existência da proporção áurea em textos escritos por Victor Hugo, Shakespeare, Paul Valéry, Pierre Louys, entre outros. Na pesquisa Ghyka relacionou as estrofes de acordo com o ritmo da leitura, o que ele chamou de ritmo prosódico.
Cinema
O diretor russo Sergei Eisenstein se utilizou do número \phi no filme O Encouraçado Potemkin para marcar os inícios de cenas importantes da trama, medindo a razão pelo tamanho das fitas de película.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
2 de mar. de 2015
Infância :: Helena Kolody
Anita Malfatti
Aquelas tardes de Três Barras,
Plenas de sol e de cigarras!
Quando eu ficava horas perdidas
Olhando a faina das formigas
Que iam e vinham pelos carreiros,
No áspero tronco dos pessegueiros.
A chuva-de-ouro
Era um tesouro,
Quando floria.
De áureas abelhas
Toda zumbia.
Alfombra flava
O chão cobria...
O cão travesso, de nome eslavo,
Era um amigo, quase um escravo.
Merenda agreste:
Leite crioulo,
Pão feito em casa,
Com mel dourado,
Cheirando a favo.
Ao lusco-fusco, quanta alegria!
A meninada toda acorria
Para cantar, no imenso terreiro:
“Mais bom dia, Vossa Senhoria”...
“Bom barqueiro! Bom barqueiro...”
Soava a canção pelo povoado inteiro
E a própria lua cirandava e ria.
Se a tarde de domingo era tranquila,
Saía-se a flanar, em pleno sol,
No campo, recendente a camomila.
Alegria de correr até cair,
Rolar na relva como potro novo
E quase sufocar, de tanto rir!
No riacho claro, às segundas-feiras,
Batiam roupas as lavadeiras.
Também a gente lavava trapos
Nas pedras lisas, nas corredeiras;
Catava limo, topava sapos
(Ai, ai, que susto! Virgem Maria!)
Do tempo, só se sabia
Que no ano sempre existia
O bom tempo das laranjas
E o doce tempo dos figos...
Longínqua infância... Três Barras
Plena de sol e cigarras!
in A Sombra no Rio, 1951)
1 de mar. de 2015
RIO DE JANEIRO :: Oliverio Girondo (1891-1967)
Caravanas de montanhas acampam nos arredores.
O Pão de Açúcar basta para adoçar a baía inteira O Pão de Açúcar e seu
teleférico que há de perder o equilíbrio por não usar uma sombrinha de papel.
De cara maquiada, os edifícios trepam uns por cima dos outros e, quando chegam ao alto, viram o lombo para que as palmeiras lhes deem com o espanador na laje.
O sol amolece o asfalto e o traseiro das mulheres, amadurece as lâmpadas
elétricas, sofre um crepúsculo nos botões de opala que os homens usam até para fechar a braguilha.
Sete vezes ao dia regam-se as ruas com água de jasmim!
Há velhas árvores pederastas, desabrochadas em rosas-chá, e velhas árvores
que engolem as crianças que jogam bola no passeio público. Frutas que, ao cair, fazem um buraco enorme na calçada; negros que têm cútis de tabaco, a palma das mãos feita de coral e sorrisos sem-vergonha de melancia.
Por apenas quatrocentos mil-réis se toma um café, que perfuma todo um bairro da cidade durante dez minutos.
Rio de Janeiro, novembro, 1920
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