Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
4 de out. de 2009
Mandamentos de Fernando Pessoa
1. Não tenhas opiniões firmes, nem creias demasiadamente no
valor de tuas opiniões.
2. Sê tolerante, porque não tens a certeza de nada.
3. Não julgues ninguém, porque não vês os motivos, mas só os
actos...
4. Espera o melhor e prepara-te para o pior.
5. Não mates nem estragues, porque, como não sabes o que é a
vida, excepto que é um mistério, não sabes que fazes matando ou estragando, nem
que forças desencadeias sobre ti mesmo se estragares ou matares.
6. Não queiras reformar nada, porque, como não sabes a que
leis as coisas obedecem, não sabes se as leis naturais estão de acordo, ou com
a justiça, ou, pelo menos, com a nossa ideia de justiça.
7. Faz por agir como os outros e pensar diferentemente
deles. Não cuides que há relação entre agir e pensar. Há oposição. Os maiores
homens de acção têm sido perfeitos animais na inteligência. Os mais ousados
pensadores têm sido incapazes de um gesto ousado ou de um passo fora do
passeio.
Pessoa por Conhecer - Textos para um Novo Mapa . Teresa Rita
Lopes. Lisboa: Estampa, 1990
Imperfeita
Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse
"Júbilo, memória, noviciado da paixão" , de Hilda Hilst
21 de set. de 2009
20 de set. de 2009
Sonhos da razão
El hombre moderno tiene la pretensión de pensar despierto. Pero este despierto pensamiento nos ha llevado por los corredores de una sinuosa pesadilla, en donde lo espejos de la razón multiplican la cámaras de tortura. Al salir, acaso, descubriremos que habíamos soñado com los ojos abiertos y que los sueños de la razón son atroces. Quizá, entonces, empezamos a soñar outra vez com los ojos cerrados.
PAZ, Octavio. El Laberinto de la Soledad. p. 191.
PAZ, Octavio. El Laberinto de la Soledad. p. 191.
A arte de abandonar
foto: Clarice Lispector
Saber
desistir. Abandonar ou não abandonar — esta é muitas vezes a questão para um jogador.
A arte de abandonar não é ensinada a ninguém. E está longe de ser rara a
situação angustiosa em que devo decidir se há algum sentido em prosseguir
jogando. Serei capaz de abandonar nobremente? ou sou daqueles que prosseguem
teimosamente esperando que aconteça alguma coisa? como, digamos, o próprio fim
do mundo? ou seja lá o que for, como a minha morte súbita, hipótese que
tornaria supérflua a minha desistência?
Clarice Lispector In: Um sopro de vida
13 de set. de 2009
Sonhos
Há sonhos que devem ser ressonhados, projetos que não podem ser esquecidos..."
"Estar sendo. Ter sido" de Hilda Hilst
7 de set. de 2009
16 de ago. de 2009
Paisley
Gombad Mosque (ano 800–900; Balkh, Afeganistão)
Boteh é a palavra persa usada para descrever a flor em
botão ou folha de palmeira sendo que na tapeçaria persa este motivo
é freqüentemente encontrado em grupo ou isoladamente em intrincados desenhos. O motivo é interpretado de várias formas: chamas, gotas
de lágrima, o fruto da pinha, a pera e também o cipreste. Muito comum na região de Caxemira
(Índia) em lenços e xales foi copiado pelos ingleses e reproduzido em tecelagens
da cidade de Paisley (Escócia) ficando conhecido então por este nome.
O paisley foi símbolo do movimento hippie, especialmente da
contracultura, apropriado talvez pela
conotação sofisticada dada pelos aristocratas britânicos onde era usado
em gravatas, camisas e vestidos de seda, além dos xales de caxemira.
9 de ago. de 2009
2 de ago. de 2009
Condição humana
A solidão é o fato mais profundo da condição humana.
O homem é o único ser que sabe que esta sozinho.
Octavio Paz in: O labirinto da solidão
28 de jul. de 2009
26 de jul. de 2009
Domingo
o diamante dos sábados, a rosa
de terça, a luz de quinta, a mágica
de horas matinais, que nós mesmos elegemos
para nossa pessoal despesa, essa parte secreta
de cada um de nós, no tempo.
Os últimos dias. Drummond
5 de jul. de 2009
Paisagem N.º 1
Minha Londres das neblinas finas!
Pleno verão. Os dez mil milhões de rosas paulistanas.
Há neve de perfumes no ar.
Faz frio, muito frio...
E a ironia das pernas das costureirinhas
parecidas com bailarinas...
O vento é como uma navalha
nas mãos dum espanhol. Arlequinal!...
Há duas horas queimou Sol.
Daqui a duas horas queima Sol.
Passa um São Bobo, cantando, sob os plátanos,
um tralálá... A guarda-cívica! Prisão!
Necessidade a prisão
para que haja civilização?
Meu coração sente-se muito triste...
Enquanto o cinzento das ruas arrepiadas
dialoga um lamento com o vento...
Meu coração sente-se muito alegre!
Este friozinho arrebitado
dá uma vontade de sorrir!
E sigo. E vou sentindo,
à inquieta alacridade da invernia,
como um gosto de lágrimas na boca...
Pleno verão. Os dez mil milhões de rosas paulistanas.
Há neve de perfumes no ar.
Faz frio, muito frio...
E a ironia das pernas das costureirinhas
parecidas com bailarinas...
O vento é como uma navalha
nas mãos dum espanhol. Arlequinal!...
Há duas horas queimou Sol.
Daqui a duas horas queima Sol.
Passa um São Bobo, cantando, sob os plátanos,
um tralálá... A guarda-cívica! Prisão!
Necessidade a prisão
para que haja civilização?
Meu coração sente-se muito triste...
Enquanto o cinzento das ruas arrepiadas
dialoga um lamento com o vento...
Meu coração sente-se muito alegre!
Este friozinho arrebitado
dá uma vontade de sorrir!
E sigo. E vou sentindo,
à inquieta alacridade da invernia,
como um gosto de lágrimas na boca...
Mário de Andrade
28 de jun. de 2009
Da Mafalda
"¿Qué importan los años?
Lo que realmente importa es comprobar que al fin de cuentas
la mejor edad de la vida es estar vivo"
Lo que realmente importa es comprobar que al fin de cuentas
la mejor edad de la vida es estar vivo"
21 de jun. de 2009
Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento
Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós. Assim um passarinho nas mãos de uma criança é mais importante para ela do que a Cordilheira dos Andes. Que um osso é mais importante para o cachorro do que uma pedra de diamante. E um dente de macaco da era terciária é mais importante para arqueólogos do que a Torre Eifel. (Veja que só um dente de macaco!) Que uma boneca de trapos que abre e fecha os olhinhos azuis nas mãos de uma criança é mais importante que o Empire State Building. Que o cu de uma formiga é mais importante para o poeta do que uma Usina Nuclear. Sem precisar medir o ânus da formiga. Que o canto das águas e das rãs nas pedras é mais importante para os músicos que os ruídos dos motores da Fórmula 1. Há um desagero em mim de aceitar essas medidas. Porém não sei se isso é um defeito do olho ou da razão. Se é defeito da alma ou do corpo. Se fizeram algum exame mental em mim por tais julgamentos, vão encontrar que eu gosto mais de conversar sobre restos de comida com as moscas do que com homens doutos.
Manoel de Barros
20 de jun. de 2009
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