31 de out. de 2011


Há então a idade de sofrer 
 e a de não sofrer mais
por essas, essas coisas? 
Drummond

Do intraduzível


.... Numa das matérias, sobre flores (estava a primavera por perto), apareceu-me um “pensée sauvage” pela frente, que eu demorei um tempo a desenvolver dentro de mim. Digo desenvolver, porque algumas palavras desenvolvem-se, desenovelam-se, criam algo parecido com uma raiz dentro de nós antes de se lançarem na língua para a qual se pretendem traduzidas. Essa foi uma delas – gostei da sonoridade, da ideia de “pensamento selvagem” que com certeza não seria a tradução correta para os futuros leitores jardineiros... Fui à procura de quem entendia. Cheguei ao nosso “amor perfeito”, que é a tal flor, nomeada na nossa língua. Essa descoberta tomou-me é claro ainda mais tempo - fiquei encantada com a possibilidade de que o que para nós é um amor perfeito para um francês seja um pensamento selvagem. Pensem um segundo – é de ficar muito tempo pensando!
Ana Vieira Pereira

Escada e rosas



Amor - O Interminável Aprendizado

...

Então, pensou: há o amor, há o desejo e há a paixão.
O desejo é assim: quer imediata e pronta realização. É indistinto. Por alguém que, de repente, se ilumina nas taças de uma festa, por alguém que de repente dobra a perna de uma maneira irresistivelmente feminina.
Já a paixão é outra coisa. O desejo não é nada pessoal. A paixão é um vendaval. Funde um no outro, é egoísta e, em muitos casos, fatal.
O amor soma desejo e paixão, é a arte das artes, é arte final.
Mas reparou: amor às vezes coincide com a paixão, às vezes não.
Amor às vezes coincide com o desejo, às vezes não.
Amor às vezes coincide com o casamento, às vezes não.
E mais complicado ainda: amor às vezes coincide com o amor, às vezes não.
Absurdo.
Como pode o amor não coincidir consigo mesmo?
Adolescente amava de um jeito. Adulto amava melhormente de outro. Quando viesse a velhice, como amaria finalmente? Há um amor dos vinte, um amor dos cinqüenta e outro dos oitenta? Coisa de demente.
Não era só a estória e as estórias do seu amor. Na história universal do amor, amou-se sempre diferentemente, embora parecesse ser sempre o mesmo amor de antigamente.
Estava sempre perplexo. Olhava para os outros, olhava para si mesmo ensimesmado.
Não havia jeito. O amor era o mesmo e sempre diferenciado.
O amor se aprendia sempre, mas do amor não terminava nunca o aprendizado.
Optou por aceitar a sua ignorância.
Em matéria de amor, escolar, era um repetente conformado.
E na escola do amor declarou-se eternamente matriculado.

Affonso Romano de Sant'Anna, In "21 Histórias de amor", Francisco Alves Editora – Rio de Janeiro, 2002, pág.11.

30 de out. de 2011

Amar é como moedas na carteira, nunca descubro ao certo a quantia que carrego e me decepciono e me deslumbro com aquilo que acho".

Fabrício Carpinejar In:  Mulher Perdigueira, Bertrand Brasil, p. 190)

Terra das meninas de Livia Garcia Roza


"Amarelinha" é o céu na terra das meninas.



28 de out. de 2011

Orquídeas


Desenho com lápis patel seco, usando o lápis Conté. 
Senta que lá vem explicação:  
En 1795 Nicholas Jacques Conté inventó un método para endurecer el grafito pulverizado mezclándolo con arcilla y horneándolas convenientemente. Variando la proporción de grafito/arcilla se obtenían diferentes durezas de la mina. Este método de fabricación, que había sido descubierto anteriormente por el austriaco Josef Hardtmuth de Koh-I-Noor en 1790, sigue funcionando hoy.

27 de out. de 2011

26 de out. de 2011

Efêmera


" A vida sempre me pareceu uma planta, que vive de sua raiz.
Sua verdadeira vida é invisível, escondida na raiz. 
A parte que desponta acima do solo dura somente um único verão. 
Depois fenece .... uma efêmera aparição.....” 
Carl Gustav Jung


25 de out. de 2011

Todos os sonhos


Imagem: Stina Persson

O poeta não será mais que memória fundida nas memórias, para que um adolescente possa 
dizer-nos que tem em si todos os sonhos do mundo, como se ter sonhos e declará-lo fosse primeira invenção sua. Há razões para pensar que a língua é, toda ela, obra de poesia.
José Saramago  Diário de Notícias (2009)

24 de out. de 2011

Loucura razoável




imagem: Clara na praia do Lido 
“Solução melhor é não enlouquecer mais do que já enlouquecemos, não tanto por virtude, mas por cálculo. Controlar essa loucura razoável: se formos razoavelmente loucos não precisaremos desses sanatórios porque é sabido que os saudáveis não entendem muito de loucura. O jeito é se virar em casa mesmo, sem testemunhas estranhas. Sem despesas.”   Lygia Fagundes Telles

23 de out. de 2011

Caminhar de Chico Buarque

                                                                Imagem: Sebastião Salgado


Mas à terra dada, não se abre a boca
É a conta menor que tiraste em vida

Funeral de um Lavrador, Chico Buarque 

22 de out. de 2011

Distraído



O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...
Titãs

21 de out. de 2011

Mas não sou onisciente




Amo as pessoas. Todas elas. Amo-as, creio, como um colecionador de selos ama sua coleção. Cada história, cada incidente, cada fragmento de conversa é matéria-prima para mim. Meu amor não é impessoal, nem tampouco inteiramente subjetivo. Gostaria de ser qualquer um, aleijado, moribundo, puta, e depois retornar para escrever sobre os meus pensamentos, minhas emoções enquanto fui aquela pessoa. Mas não sou onisciente. Tenho de viver a minha vida, ela é a única que terei. E você não pode considerar a própria vida com curiosidade objetiva o tempo todo..." Sylvia Plath

20 de out. de 2011

Amor Perfeito, cacto e trigo juntos !!!!


Correção




                           Como dizia aquele bem-te-vi que ficou míope: bem te via... bem te via...
                                                  José Paulo Paes    De É Isso Ali (1984)

Dia perfeito

Dia perfeito em que tudo amadurece. Um raio. Eu, como você, morri. Eu, como você, estou viva. E envelheço nas minhas decisões. Envelheço tentando domar cada elemento vital do meu corpo. Renasço. Danço. Trago o encantamento e a felicidade, que deixaram o berço dilacerado pela dor. Tu te tornas obra de arte. Tu dizes sim ao mundo. E a cidade se alegra por estarmos aqui. E a cidade se alegra por suportarmos tanta verdade sem sucumbir.  Daniela Lima
fonte: www.cronopios.com.br

19 de out. de 2011

Sempre Vivas de Livia Garcia Roza


                                     foto: Clarinda Lucas

Ontem eu estava tão moça... 
Hoje caí um pouco.

18 de out. de 2011

Conheço por Escova de Girafa


Nome Científico: Callistemon sp
  • Nome Popular: Escova-de-garrafa, lava-garrafas, calistemo
  • Família: Myrtaceae
  • Divisão: Angiospermae
  • Origem: Austrália
  • Ciclo de Vida: Perene
Planta de aspecto exótico e beleza singular, escova-de-garrafa é o nome popular das plantas do gênero Callistemon. As escovas-de-garrafa apresentam porte arbustivo ou de arvoreta, alcançando de 3 a 7 metros de altura. Suas folhas são em geral pequenas, verdes, perenes e aromáticas, que vão se tornando bronzeadas com o tempo. Os pequenos frutos devem ser colhidos e armazenados em sacos de papel, em estufa morna e seca até a liberação das sementes.

Namaste



Namastê, é o cumprimento nascido na Índia e significa "Curvo-me perante ti."
É uma forma digna de cumprimento de um ser humano para outro, expressa um grande sentimento de respeito. Invoca a percepção de que todos nós compartilhamos da mesma essência, da mesma energia, do mesmo Universo. Namastê, possui uma força pacificadora muito intensa.
Em síntese é: Saúdo-o do Coração e deve ser retribuído com o mesmo cumprimento.
etimologia
Namas é um termo sânscrito para "arco, obediência, saudação reverencial, adoração";
te é o pronome de segunda pessoa singular do dativo.

Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...