16 de dez. de 2011

Frida Kahlo - Pintar



Frida Kahlo com seu cachorro, foto de  Héctor García  México, 1949



''Não estou doente. Estou partida.
Mas me sinto feliz por continuar viva enquanto puder pintar."
Frida Kahlo

ODA AL DICCIONARIO de Pablo Neruda


imagem: Anita Francis

(...) 
Diccionario, una mano 
de tus mil manos, una 
de tus mil esmeraldas, 
una 
sola 
gota 
de tus vertientes virginales, 
un grano 
de 
tus 
magnánimos graneros 
en el momento 
justo 
a mis labios conduce, 
al hilo de mi pluma, 
a mi tintero. 
De tu espesa y sonora 
profundidad de selva, 
dame, 
cuando lo necesite, 
un solo trino, el lujo 
de una abeja, 
un fragmento caído 
de tu antigua madera perfumada 
por una eternidad de jazmineros, 
una 
sílaba, 
un temblor, un sonido, 
una semilla: 
de tierra soy y con palabras canto.

fonte: http://www.neruda.uchile.cl/obra/obranuevasodas3.html

15 de dez. de 2011

Exercício de Livia Garcia Roza




"Cabe a nós, mais que sofrer a vida, exercê-la."

Aos deuses peço só que me concedam de Fernando Pessoa


Aos deuses peço só que me concedam
O nada lhes pedir. A dita é um jugo
E o ser feliz oprime
Porque é um certo estado.
Não quieto nem inquieto meu ser calmo
Quero erguer alto acima de onde os homens
Têm prazer ou dores.
s.d.
Odes de Ricardo Reis . Fernando Pessoa. (Notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (imp.1994).
 - 170.

A caixa de linhas de Débora Siqueira Bueno








Na lata azul viajaram biscoitos da Dinamarca.
Aromas vindos do outro lado do oceano
deixaram seu rastro quase imperceptível
nas meadas de linhas coloridas.
Ali foram acomodados
retroses de papelão,
novelos de cores mescladas.

Do rosa quase branco ao fúcsia
roubado ao cálice dos brincos-de-princesa;
e tons de azuis –
o celeste, o cobalto, toda a gama
entre o violeta e o mar que se esverdeia.
Nuances de terra, ocras e musgos,
girassóis, beijos vermelhos.

Vieram da Dinamarca fios de urdidura
para o tear dos destinos –
o ar de inverno rigoroso e austero,
matizes de circunspecção
e alguns dos cinzas
bordados em monogramas
no enxoval dos bisavós.

14 de dez. de 2011

A Imagem refletida de Adélia Prado




Vem de antes do sol

A luz que em tua pupila me desenha.

Aceito amar-me assim
Refletida no olhar com que me vês. 

Ó ventura beijar-te,

espelho que premido não estilhaça

e mais brilha porque chora
e choro de amor radia.

Frivolité










Os historiadores se dividem quanto a origem do Frivolité. Em alguns antigos hieróglifos se lê que os primitivos egípcios usavam “navetes”, para formar círculos e arcos. Alguns historiadores acham que o “frivolité” teve sua origem na França, visto que o respectivo termo usado em algumas línguas parece se originar do termo ‘frivolité”. Já outras teorias afirmam que o lugar de origem do “frivolité”é a Itália ou a Alemanha.
No fim do século XVI, o “frivolité” tornou-se o passatempo favorito da elite inglesa, sendo que o primeiro indício de sua existência se encontra em 1707, no poema "The Royal Knotter", do poeta inglês Sir Charles Sedley. A protagonista desse poema, a Rainha Mary II (1662-1694), é descrita fazendo “frivolité”. Existem também vários quadros da metade do século XIX, que retratam senhoras fazendo “frivolité”, com maravilhosa “navetes” de ouro, de marfim, de madrepérola ou de tartaruga, ricamente adornadas ou ornamentadas de pedras preciosas.
A denominação "frivolité", essencialmente francesa, é adotada em quase todos os países da Europa; entretanto os italianos nomeiam a técnica de "occhi". Já os orientais conservam a antiga denominação "makouk", enquanto nos países de lingua inglesa é chamada de "tatting". A técnica pode ser resumida numa seqüência de nós e picôs que formam círculos e semi-círculos, e estes compõem uma rica trama rendada, graciosa e delicada.

13 de dez. de 2011

Poesia delicada de Débora Siqueira Bueno



A semente do adeus
no seio do ser
estava lançada.
Rasos d'água, os olhos
aguavam a terra
na qual germinava.

Um broto emergiu
ao desenrolar-se
a potência de vida.
Afastou-se do solo,
alongou-se em partes,
rumou para cima.

Cresceu, ganhou porte,
deu folhas e frutos,
sementes aladas.
E abriu-se entre pétalas,
as mais delicadas,
a flor da saudade.


Biografia: 
Débora Siqueira Bueno, nascida em Belo Horizonte-MG, é médica, psiquiatra. Trabalhou na Universidade Estadual de Campinas por cerca de vinte anos, onde, dentre outras atividades, dedicou-se à implantação de um ambulatório público de psicoterapia psicanalítica, do qual foi supervisora. Atualmente exerce a clínica em seu consultório. O início da produção literária deu-se na maturidade, após um período no qual esteve doente. Surgiu como uma necessidade premente de escrever, caminho que se apresentou para a nomeação e elaboração de experiências, sensações, afetos e lembranças. A poesia impôs-se como forma, para acolher a um transbordamento de significações diante de uma situação limite. "Creio que as experiências limítrofes nos convocam com muita força ao compromisso com o próprio destino. Daí a intenção de ampliar o espaço para a escrita em minha vida — o que implica fazer escolhas, promover mudanças e, principalmente, expor-me ao leitor"

12 de dez. de 2011

Cosas de Gabriela Mistral




Me busco un verso que he perdido, 
que a los siete años me dijeron. 
Fue una mujer haciendo el pan 
y yo su santa boca veo.

Viene un aroma roto en ráfagas; 
soy muy dichosa si lo siento; 
de tan delgado no es aroma, 
siendo el olor de los almendros.

Me vuelve niños los sentidos; 
le busco un nombre y no lo acierto, 
y huelo el aire y los lugares 
buscando almendros que no encuentro...

Nick Brandt, fotógrafo


Nick Brandt  fotografa exclusivamente na África, e um de seus objetivos é gravar um testemunho visual e poético dos animais selvagens e lugares. Nasceu em 1966 e cresceu em Londres, Inglaterra, onde estudou pintura e cinema. Mudou-se para a América em 1992 e dirigiu muitos vídeos de música.

Foi ao dirigir "Earth Song", um vídeo musical para Jackson na Tanzânia, em 1995, que Brandt se apaixonou pelos animais e a terra do leste da África. Ao longo dos anos seguintes, frustrado por não conseguir capturar em filme seus sentimentos e amor pelos animais, percebeu que havia uma maneira de conseguir isso através da fotografia.
fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Nick_Brandt#cite_note-

11 de dez. de 2011

Amanhecer em Copacabana de Antônio Maria



Amanhece, em Copacabana, e estamos todos cansados. Todos, no mesmo banco de praia. Todos , que somos eu, meus olhos, meus braços e minhas pernas, meu pensamento e minha vontade. O coração, se não está vazio, sobra lugar que não acaba mais. Ah, que coisa insuportável, a lucidez das pessoas fatigadas! Mil vezes a obscuridade dos que amam, dos que cegam de ciúmes, dos que sentem falta e saudade. Nós somos um imenso vácuo, que o pensamento ocupa friamente. E, isso, no amanhecer de Copacabana.

As pessoas e as coisas começaram a movimentar-se. A moça feia, com o seu caniche de olhos ternos. O homem de roupão, que desce à praia e faz ginástica sueca. O bêbado, que vem caminhando com um esparadrapo na boca e a lapela suja de sangue. Automóveis, com oficiais do Exército Nacional, a caminho da batalha. Ônibus colegiais e, lá dentro, os nossos filhos, com cara de sono. O banhista gordo, de pernas brancas, vai ao mar cedinho, porque as pessoas da manhã são poucas e enfrentam, sem receios, o seu aspecto. Um automóvel deixou uma mulher à porta do prédio de apartamentos — pelo estado em que se encontra a maquillage, andou fazendo o que não devia. Os ruídos crescem e se misturam. Bondes, lotações, lambretas e, do mar, que se vinha escutando algum rumor, não se tem o que ouvir.

Enerva-me o tom de ironia que não consigo evitar nestas anotações. Em vezes outras, quando aqui estive, no lugar destas censuras, achei sempre que tudo estava lindo e não descobri os receios do homem gordo, que vem à praia de manhã cedinho. E Copacabana é a mesma. Nós é que estamos burríssimos aqui, neste banco de praia. Nós é que estamos velhíssimos, à beira-mar. Nós é que estamos sem ressonância para a beleza e perdemos o poder de descobrir o lado interessante de cada banalidade. Um homem assim não tem direito ao amanhecer de sua cidade. Deve levantar-se do banco de praia e ir-se embora, para não entediar os outros, com a descabida má-vontade dos seus ares.

Rio de Janeiro 12/09/59

DAME LA MANO de Gabriela Mistral

Matisse - Odalisque with Tambourine (Harmony in Blue), 1926

Dame la mano y danzaremos;
dame la mano y me amarás.
Como una sola flor seremos,
como una flor, y nada más.

El mismo verso cantaremos,
al mismo paso bailarás.
Como una espiga ondularemos,
como una espiga, y nada más.

Te llamas Rosa y yo Esperanza;
    pero tu nombre olvidarás,
porque seremos una danza
en la colina, y nada más.

10 de dez. de 2011

Tarsila do Amaral (1886-1973)





Tarsila do Amaral nasceu em 1 de setembro de 1886, no Município de Capivari, interior do Estado de São Paulo. Filha do fazendeiro José Estanislau do Amaral e de Lydia Dias de Aguiar do Amaral, passou a infância nas fazendas de seu pai. Estudou em São Paulo, no Colégio Sion e depois em Barcelona, na Espanha, onde fez seu primeiro quadro, 'Sagrado Coração de Jesus', 1904. Quando voltou, casou-se com André Teixeira Pinto, com quem teve a única filha, Dulce.
Separaram-se alguns anos depois e então iniciou seus estudos em arte. Começou com escultura, com Zadig, passando a ter aulas de desenho e pintura no ateliê de Pedro Alexandrino em 1918, onde conheceu Anita Malfatti. Em 1920, foi estudar em Paris, na Académie Julien e com Émile Renard. Ficou lá até junho de 1922 e soube da Semana de Arte Moderna (que aconteceu em fevereiro) através das cartas da amiga Anita Malfatti. Quando voltou ao Brasil, Anita a introduziu no grupo modernista e Tarsila começou a namorar o escritor Oswald de Andrade. Formaram o grupo dos cinco: Tarsila, Anita, Oswald, o também escritor Mário de Andrade e Menotti Del Picchia. Agitaram culturalmente São Paulo com reuniões, festas, conferências. Tarsila disse que entrou em contato com a arte moderna em São Paulo, pois antes ela só havia feito estudos acadêmicos. Em dezembro de 22, ela voltou a Paris e Oswald foi encontrá-la.
1923

Neste ano, Tarsila encontrava-se em Paris acompanhada do seu namorado Oswald. Conheceram o poeta franco suíço Blaise Cendrars, que apresentou toda a intelectualidade parisiense para eles. Foi então que ela estudou com o mestre cubista Fernand Léger e pintou em seu ateliê, a tela 'A Negra'. Léger ficou entusiasmado e até chamou os outros alunos para ver o quadro. A figura da Negra tinha muita ligação com sua infância, pois essas negras eram filhas de escravos que tomavam conta das crianças e, algumas vezes, serviam até de amas de leite. Com esta tela, Tarsila entrou para a estória da arte moderna brasileira. A artista estudou também com Lhote e Gleizes, outros mestres cubistas. Cendrars também apresentou a Tarsila pintores como Picasso, escultores como Brancusi, músicos como Stravinsky e Eric Satie. E ficou amiga dos brasileiros que estavam lá, como o compositor Villa Lobos, o pintor Di Cavalcanti, e os mecenas Paulo Prado e Olívia Guedes Penteado.
Tarsila oferecia almoços bem brasileiros em seu ateliê, servindo feijoada e caipirinha. E era convidada para jantares na casa de personalidades da época, como o milionário Rolf de Maré. Além de linda, vestia-se com os melhores costureiros da época, como Poiret e Patou. Em uma homenagem a Santos Dumont, usou uma capa vermelha que foi eternizada por ela no auto-retrato 'Manteau Rouge', de 1923.
PAU BRASIL
Em 1924, Blaise Cendrars veio ao Brasil e um grupo de modernistas passou com ele o Carnaval no Rio de Janeiro e a Semana Santa nas cidades históricas de Minas Gerais. No grupo estavam além de Tarsila, Oswald, Dona Olívia Guedes Penteado, Mário de Andrade, dentre outros. Tarsila disse que foi em Minas que ela viu as cores que gostava desde sua infância, mas que seus mestres diziam que eram caipiras e ela não devia usar em seus quadros. 'Encontrei em Minas as cores que adorava em criança. Ensinaram-me depois que eram feias e caipiras. Mas depois vinguei-me da opressão, passando-as para as minhas telas: o azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante, ...' E essas cores tornaram-se a marca da sua obra, assim como a temática brasileira, com as paisagens rurais e urbanas do nosso país, além da nossa fauna, flora e folclore. Ela dizia que queria ser a pintora do Brasil. E esta fase da sua obra é chamada de Pau Brasil, e temos quadros maravilhosos como 'Carnaval em Madureira', 'Morro da Favela', 'EFCB', 'O Mamoeiro', 'São Paulo', 'O Pescador', dentre outros.
Em 1926, Tarsila fez sua primeira Exposição individual em Paris, com uma crítica bem favorável. Neste mesmo ano, ela casou-se com Oswald (o pai de Tarsila conseguiu anular em 1925 o primeiro casamento da filha para que ela pudesse se casar com Oswald). Washington Luís, o Presidente do Brasil na época e Júlio Prestes, o Governador de São Paulo na época, foram os padrinhos deles.
ANTROPOFAGIA
Em janeiro de 1928, Tarsila queria dar um presente de aniversário especial ao seu marido, Oswald de Andrade. Pintou o 'Abaporu'. Quando Oswald viu, ficou impressionado e disse que era o melhor quadro que Tarsila já havia feito. Chamou o amigo e escritor Raul Bopp, que também achou o quadro maravilhoso. Eles acharam que parecia uma figura indígena, antropófaga, e Tarsila lembrou-se do dicionário Tupi Guarani de seu pai. Batizou-se o quadro de Abaporu, que significa homem que come carne humana, o antropófago. E Oswald escreveu o Manifesto Antropófago e fundaram o Movimento Antropofágico. A figura do Abaporu simbolizou o Movimento que queria deglutir, engolir, a cultura européia, que era a cultura vigente na época, e transformá-la em algo bem brasileiro.
Outros quadros desta fase Antropofágica são: 'Sol Poente', 'A Lua', 'Cartão Postal', 'O Lago', 'Antropofagia', etc. Nesta fase ela usou bichos e paisagens imaginárias, além das cores fortes.
A artista contou que o Abaporu era uma imagem do seu inconsciente, e tinha a ver com as estórias de monstros que comiam gente que as negras contavam para ela em sua infância. Em 1929 Tarsila fez sua primeira Exposição Individual no Brasil, e a crítica dividiu-se, pois ainda muitas pessoas ainda não entendiam sua arte.
Ainda neste ano de 1929, teve a crise da bolsa de Nova Iorque e a crise do café no Brasil, e assim a realidade de Tarsila mudou. Seu pai perdeu muito dinheiro, teve as fazendas hipotecadas e ela teve que trabalhar. Separou-se de Oswald.
SOCIAL E NEO PAU BRASIL
Em 1931, já com um novo namorado, o médico comunista Osório Cesar, Tarsila expôs em Moscou. Ela sensibilizou-se com a causa operária e foi presa por participar de reuniões no Partido Comunista Brasileiro com o namorado. Depois deste episódio, nunca mais se envolveu com política. Em 1933 pintou a tela 'Operários'. Desta fase Social, temos também a tela 'Segunda Classe'. A temática triste da fase social não fazia parte de sua personalidade e durou pouco em sua obra. Ela acabou com o namoro com Osório, e em meados dos anos 30, Tarsila uniu-se com o escritor Luís Martins, mais de vinte anos mais novo que ela. Ela trabalhou como colunista nos Diários Associados por muitos anos, do seu amigo Assis Chateaubriand. Em 1950, ela voltou com a temática do Pau Brasil e pintou quadros como 'Fazenda', 'Paisagem ou Aldeia' e 'Batizado de Macunaíma'. Em 1949, sua única neta Beatriz morreu afogada, tentando salvar uma amiga em um lago em Petrópolis.
Tarsila participou da I Bienal de São Paulo em 1951, teve sala especial na VII Bienal de São Paulo, e participou da Bienal de Veneza em 1964. Em 1969, a mestra em história da arte e curadora Aracy Amaral realizou a Exposição, 'Tarsila 50 anos de pintura'. Sua filha faleceu antes dela, em 1966.
Tarsila faleceu em janeiro de 1973.
fonte: http://www.tarsiladoamaral.com.br/biografia_resumida.html

Clarice menina

Clarice em setembro de 1927

Então, nasceu Haia (posteriormente chamada de Clarice), que em hebraico quer dizer "vida", em 10 de dezembro de 1920 - data adotada por constar em todos os documentos da menina e por ter sido ratificada no depoimento de seu pai. Uma segunda versão desta data seria 10 de outubro de 1920, segundo uma certidão de nascimento traduzida em janeiro de 1935, em Recife. De acordo com Gotlib (1995:59): "nas duas últimas décadas de sua vida, Clarice adota diferentes datas de nascimento. Embora alguns documentos seus continuem fiéis ao ano de 1920 e embora a crítica adote, durante longo tempo, o de 1925, Clarice registra as de 1921, 1926, 1927...".

In: Calderaro, Adriana da Silva Calderaro. A biografia de Clarice Lispector refletida em Restos do carnaval sob um olhar morfológico. Literatura y Lingüística N°18 ISSN 0716-5811 /pp. 59-100

9 de dez. de 2011

Orquídea chuva de ouro



Oncidium é um gênero de orquídeas largamente distribuídas do México ao sul da América do Sul. Oncídio ou chuva-de-ouro são nomes populares dados a um grande grupo de espécies de orquídeas, pertencentes ao gênero Oncidium. A principal característica deste gênero é a presença de um calo situado na base do labelo da flor. O oncídio mais popular é o Oncidium varicosum, de flores quase que totalmente amarelas.
As flores dos oncídios, no entanto geralmente se apresentam amarelas, marrons, verdes, alaranjadas e não raramente tigradas. Outra característica bastante presente é que as pétalas e sépalas são bastante pequenas em relaçao ao labelo. Na sua maioria epífitas, seus pseudobulbos são ovalados e achatados e contém duas ou quatro folhas cada. Muito utilizados como flor-de-corte.

Devem ser cultivados à meia-sombra, em substrato adequado à espécie, em geral preparados para epífitas, como fibras de coco, casca de pinus, entre outros materiais. Além de se adaptar ao plantio em vasos, vegeta muito bem quando fixado no tronco de árvores com barbante ou sisal. Aprecia a umidade e deve ser irrigado sempre que o substrato se apresentar seco. Tolerante ao frio. Multiplica-se pela divisão da planta, mantendo-se pelo menos três pseudobulbos por muda. Comercialmente multiplica-se por sementes.
fonte: wikipédia

Atelier de Oswald de Andrade

Auto-retrato ou le manteau rouge de Tarsila do Amaral

Caipirinha vestida por Poiret
A preguiça paulista reside nos teus olhos
Que não viram Paris nem Piccadilly 
Nem as exclamações dos homens 
Em Sevilha 
À tua passagem entre brincos

Locomotivas e bichos nacionais 
Geometrizam as atmosferas nítidas 
Congonhas descora sobre o pálio 
Das procissões de Minas 

A verdura no azul klaxon 
Cortada 
Sobre a poeira vermelha 
Arranha-céus

Fordes 
Viadutos 
Um cheiro de café 
No silêncio emoldurado

 Atelier, de Oswald de Andrade para Tarsila, publicado em Pau Brasil, em 1925

8 de dez. de 2011

Pentimentos de Contardo Calligaris

"Pentimento" é a palavra italiana para arrependimento, mas designa (em muitas línguas) uma pintura, um desenho ou um esboço encoberto pela versão final de um quadro.

Às vezes, com o passar do tempo, a tinta deixa transparecer uma composição em cima da qual o artista pintou uma nova versão.

Outras vezes, os raios-x dos restauradores desvendam opções anteriores, que permaneceram debaixo da obra final. Esses esboços ou pinturas, que o artista rejeitou e encobriu, são os pentimentos, que foram descartados sem ser propriamente apagados.

Visível ou não, o pentimento faz parte do quadro, assim como fazem parte da nossa vida muitas tentações e muitos projetos dos quais desistimos. São restos do passado que, escondidos e não apagados, transparecem no presente, como potencialidades que não foram realizadas, mas que, mesmo assim, integram a nossa história.

Pensei nisso assistindo a "Um Dia", de Lone Scherfig, que estreou na sexta passada. O filme é a adaptação do romance homônimo de David Nicholls (Intrínseca), que foi uma das leituras que mais me tocaram neste ano e que já comentei brevemente na coluna de 21 de julho.

O livro e o filme (cujo roteiro é do próprio Nicholls) contam a história de Emma e Dexter, que são unidos pelo pentimento: cada um deles é o grande pentimento do outro -ou seja, ao longo dos anos, cada um é, para o outro, a lembrança de que um outro destino teria sido possível.

Reflexões, saindo do cinema:

1) Nossas vidas são abarrotadas de caminhos que deixamos de pegar; são todos pentimentos, mais ou menos encobertos: histórias que não se realizaram. Por que não se realizaram? Em geral, pensamos que nos faltou a coragem: não soubemos renunciar às coisas das quais era necessário abdicar para que outras escolhas tivessem uma chance. E é verdade que, quase sempre, desistimos de desejos, paixões e sonhos porque custamos a aceitar que nada se realiza sem perdas: por não querermos perder nada, acabamos perdendo tudo.

Emma e Dexter, por exemplo, ficam cada um como pentimento do outro porque nenhum dos dois consegue renunciar à sua insegurança (que é, aliás, o que os torna tão tocantes e parecidos com a gente): ela morrendo de medo de ser rejeitada, e ele, sedento de aprovação, fama e sucesso.

2) O problema dos pentimentos é que eles esvaziam a vida que temos. O passado que não se realizou funciona como a miragem da felicidade que teria sido possível se tivéssemos feito a escolha "certa". Diante disso, de que adianta qualquer experiência presente? Emma e Dexter, por exemplo, são condenados a fracassos amorosos pela própria importância de seu pentimento.

3) Nem sempre os pentimentos são bons conselheiros -até porque, às vezes, eles são falsos (esse, obviamente, não é o caso de Emma e Dexter). Hoje, é fácil esbarrar em espectros do passado: as redes sociais proporcionam reencontros improváveis e, com isso, criam pentimentos artificiais. Graças às redes, uma história que foi realmente apagada da memória (não apenas encoberta) pode renascer como se representasse uma grande potencialidade à qual teríamos renunciado.

No reencontro, um namorico da adolescência, insignificante e esquecido, transforma-se em (falso) pentimento, ou seja, numa aventura que poderia ter aberto para nós as portas do paraíso (onde ainda estaríamos agora, se tivéssemos ousado trilhar esse caminho).

Quando examino as fotos de minhas turmas do colégio, sempre fico com a impressão de que deixei amizades e amores inacabados ou nem começados, mas que teriam revolucionado meu futuro. É como se me perguntasse "Quem era minha Emma? Para quem eu era o Dexter?", fantasiando pentimentos de relações que nunca existiram.

Somos perigosamente nostálgicos de escolhas passadas alternativas, que teriam nos levado a um presente diferente. Se essas escolhas não existiram, somos capazes de inventá-las -e de vivê-las como pentimentos.

Avisos: os pentimentos não são necessariamente recíprocos, e os falsos pentimentos, revisitados, são pequenas receitas para o desastre.

4) Estreia amanhã "As Canções", de Eduardo Coutinho. Homens e mulheres cantam a música que foi crucial na sua vida (e explicam por que ela foi crucial). Em alguns casos, especialmente tocantes, as músicas são trilhas sonoras de pentimentos.
fonte: Folha de São Paulo, Ilustrada, São Paulo, quinta-feira, 08 de dezembro de 2011

Semântica de Lya Luft


Não se enganem comigo:
se digo sul pode ser norte,
chego mas fico ausente,
o triste é também o belo,
procuro o que não se perde
nem se pode encontrar.


Buscar resposta nos livros

é esconder-se entre linhas.
Não creio no que se enxerga,
mas nisso que se disfarça
por mais que se tente olhar:
assim me tem seduzida.



Eis o jogo que eu persigo,

meu jeito de ser feliz,
o desafio que me embala:
sempre que escrevo "morte"
estou falando da vida.



In Para Não Dizer Adeus

Florbela Espanca




8 de Dezembro, aniversário do nascimento (1884) e da morte (1930)da poetisa portuguesa Florbela Espanca.

"Sou uma céptica que crê em tudo, uma desiludida cheia de ilusões, uma revoltada que aceita, sorridente, todo o mal da vida, uma indiferente a transbordar de ternura. Grave e metódica até à mania, atenta a todas as subtilezas de um raciocínio claro e lúcido, não deixo, no entanto, de ser um D. Quixote fêmea a combater moinhos de vento, quimérica e fantástica, sempre enganada e sempre a pedir novas mentiras à vida, num dar de mim própria que não acaba, que não desfalece, que não cansa! Toda, enfim, nesta frase a propósito de Delteil: "Très simple avec son enthousiasme à sa droite et son désespoir à sa gauche."

(Carta a Guido Battelli, 27 de Julho de 1930)

Mapa de Anatomia: O Olho de Cecília Meireles


Matisse - Les poissons rouges


O Olho é uma espécie de globo,
é um pequeno planeta
com pinturas do lado de fora.
Muitas pinturas:
azuis, verdes, amarelas.
É um globo brilhante:
parece cristal,
é como um aquário com plantas
finamente desenhadas: algas, sargaços,
miniaturas marinhas, areias, rochas, naufrágios e peixes de ouro.

Mas por dentro há outras pinturas,
que não se vêem:
umas são imagem do mundo,
outras são inventadas.

O Olho é um teatro por dentro.

E às vezes, sejam atores, sejam cenas,
e às vezes, sejam imagens, sejam ausências,
formam, no Olho, lágrimas.


EU SOU VERTICAL :: Sylvia Plath

arte Heloisa Cardoso     Mas não que não quisesse ser horizontal. Não sou árvore com minha raiz no solo Sugando minerais e amor materno Para...