26 de ago. de 2012

Cabelos de rubi de Ângela Carolina Cysneiros.

Jane Collins
(...) Todos co­meçaram a cantar , a dançar e a bater palmas que não faziam barulho, e ela soube que há muito tempo atrás, quando os animais falavam, as galinhas tinham den­tes, as estrelas viviam sobre as águas e as nuvens eram bordadas e usadas como almofadas, uma antiga fada feiticeira havia dito que, uma dia, viria do céu uma menina de cabelos da cor do rubi que iria espalhar o Amor entre os habitantes daquele reino e de todos os reinos ‘conhecidos e não conhecidos, que iriam se unir como irmãos e o mundo amanheceria em paz e muito iluminado.
fonte: Cabelos de rubi de Ângela Carolina Cysneiros. 
http://www.traco-freudiano.org/blog/?p=680

25 de ago. de 2012

À bela princesa Andréa de Azulay de Clarice Lispector

Alexander Calder -Mobile "The Star"

Rio, 27 de junho de 1974
À bela princesa Andréa de Azulay,
dou-lhe de presente este objeto. Espero que você goste dele. Seu nome é móbile. Mas eu lhe dei sete nomes. O primeiro: la donna é mobile qual piuma ao vento (a mulher é volúvel como pluma ao vento). O segundo nome é: vertigem. O terceiro é: ano 2000. O quarto é: sussurros delicadíssimos. O quinto é: suspiros. O sexto é: pássaro azul. O sétimo é: Andréa de Azulay.
Quero lhe dizer, minha querida coleguinha, que a mais bela música do mundo é o silêncio interestrelar. E me desculpe: não posso ficar sozinha contigo porque senão nasce uma estrela no ar.
Você precisa saber que já é uma escritora. Mas nem ligue, faça de conta que nem é. Eu lhe desejo que você seja conhecida e admirada só por um grupo delicado embora grande de pessoas espalhadas pelo mundo. Desejo-lhe que nunca atinja a cruel popularidade porque esta é ruim e invade a intimidade sagrada do coração da gente. Escreva sobre ovo que dá certo. Dá certo também escrever sobre estrela. E sobre a quentura que os bichos dão a gente. Cerque-se da proteção divina e humana, tenha sempre pai e mãe - escreva o que quiser sem ligar para ninguém. Você me entendeu?
Um beijo nas suas mãos de princesa.



Gotlib, Nádia Battella. Clarice: Uma Vida que se conta.  Edusp, 2009

24 de ago. de 2012

Ipê-branco









Louis le Brocquy (Dublin 1916 – 2012) pintora




Morada de Livia Garcia Roza e O seu olhar de Arnaldo Antunes

Matt Wisniewski 


Moro no mais íntimo de seu olhar.
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O seu olhar lá fora
O seu olhar no céu 
O seu olhar demora 
O seu olhar no meu 
 O seu olhar seu olhar melhora 
Melhora o meu 
 Onde a brasa mora 
E devora o breu 
Como a chuva molha 
O que se escondeu 
 O seu olhar seu olhar melhora 
Melhora o meu 
 O seu olhar agora 
O seu olhar nasceu 
O seu olhar me olha 
O seu olhar é seu 
 O seu olhar seu olhar melhora 
Melhora o meu

23 de ago. de 2012

Jasmim da Índia ( Quisqualis indica )





Trepadeira lenhosa de crescimento vigoroso nativa da Índia. Sua floração é bastante decorativa, pois as flores mudam de cor passando de branco a vermelho escuro com suave perfume. É utilizada para plantio em cercas, alambrados e maciços. Pode ser mantida como arbusto através de podas.
Pertence à família das combretáceas.
Luz: Pleno sol
Solos: Vários tipos de solos, preferencialmente férteis e bem drenados.
Origem: Índia

22 de ago. de 2012

Nadir da Costa - Pintora




































Nadir da Costa
Nasceu em Aquidauana, MS, em 1944, mudando-se para o Rio de Janeiro aos 16 anos, onde estudou no que hoje é a Escola do Parque Lage. Foi depois para Campinas, onde estudou com Bernardo Caro e Biojone e aperfeiçoou seus estudos em Nova York. Possui um estilo figurativo romântico, onde sobressai uma poética profundamente feminina.
fonte:  http://www.galeriabrasiliana.com.br/conteudo/index.php?option=com_easygallery&act=categories&cid=29&Itemid=99999999



E eu estou no mundo solta e fina como uma corça na planície de Clarice Lispector




E eu estou no mundo solta e fina como uma corça na planície. Levanto-me suave como um sopro, ergo minha cabeça de flor e sonolenta, os pés leves, atravesso campos além da terra, do mundo, do tempo, de Deus. Mergulho e depois emerjo, como de nuvens, das terras ainda não possíveis, ah ainda não possíveis. Daquelas que eu ainda não soube imaginar, mas que brotarão. Ando, deslizo, continuo, continuo... Sempre, sem parar, distraindo minha sede cansada de pousar num fim. – Onde foi que eu já vi uma lua alta no céu, branca e silenciosa? As roupas lívidas flutuando ao vento. O mastro sem bandeira, ereto e mudo fincando no espaço... tudo à espera da meia-noite... – Estou me enganando, preciso voltar. Não sinto loucura no desejo de morder estrelas, mas ainda existe a terra. E porque a primeira verdade está na terra e no corpo. Se o brilho das estrelas dói em mim, se é possível essa comunicação distante, é que alguma coisa quase semelhante a uma estrela tremula dentro de mim. Eis-me de volta ao corpo. Voltar ao meu corpo. Quando me surpreendo ao fundo do espelho assusto-me. Mal posso acreditar que tenho limites, que sou recortada e definida. Sinto-me espalhada no ar, pensando dentro das criaturas, vivendo nas coisas além de mim mesma. Quando me surpreendo ao espelho não me assusto porque me ache feia ou bonita. É que me descubro de outra qualidade. Depois de não me ver há muito quase esqueço que sou humana, esqueço meu passado e sou com a mesma libertação de fim e de consciência quanto uma coisa apenas viva. 
in Perto do Coração Selvagem, p. 78

Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...