3 de out. de 2012

Assim o amor de Sophia de Mello Breyner Andresen

Assim o amor 
Espantado meu olhar com teus cabelos 
Espantado meu olhar com teus cavalos 
E grandes praias fluidas avenidas 
Tardes que oscilam demoradas 
E um confuso rumor de obscuras vidas 
E o tempo sentado no limiar dos campos 
Com seu fuso sua faca e seus novelos 


Em vão busquei eterna luz precisa 



Sophia de Mello Breyner Andresen, in “Obra Poética”

Tempo de Livia Garcia Roza

andrez dragan
O tempo nos tempera.

2 de out. de 2012

O amor antigo de Carlos Drummond de Andrade

O amor antigo vive de si mesmo
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

1 de out. de 2012

Viver de Livia Garcia Roza

                                                                                                      Catrin Arno
Viver é se abrir para esse tempo sem tempo.


Ora-pro-nobis, do latim "rogai por nós"







Ora-pro-nobis (Pereskia aculeata), do latim "rogai por nós", é uma cactácea, um cacto trepadeira com folhas.Tem espinhos e pode ser usada em cercas-vivas, se desenvolvendo bem tanto na sombra como no sol.
Originária do continente americano, encontram-se variedades nativas dessa hortaliça perene, rústica e resistente à seca da Flórida, nos Estados Unidos, à região sudeste do Brasil.
Segundo tradições populares, o nome teria sido criado por pessoas que colhiam a planta no quintal de um padre, enquanto ele rezava em latim: Ora pro nobis.
O nome científico é uma homenagem ao cientista francês Nicolas-Claude Fabri de Peiresc, e o termo aculeata vem do latim e significa espinho, agulha.
Acredita-se que o cultivo em larga escala do ora-pro-nobis poderia representar uma revolução nos recursos alimentícios da humanidade, devido a seu fácil cultivo, grande produção e alto valor nutricional.
É um vegetal rico em ferro, ajuda a curar anemias das mais graves. Usa-se como o orégano, em forma de folha seca e moída. Também usada no preparo da farinha múltipla, complemento nutricional no combate à fome.
Suas folhas são ricas em mucilagem, que contribui para o bom funcionamento do intestino.
As folhas secas e moídas são usadas em diferentes receitas, especialmente em sopas, omeletes, tortas e refogados. Muita gente prefere consumir as folhas cruas em saladas, acompanhando o prato principal. Outros as usam como mistura para enriquecer farinha, massas e pães em geral. É servido cotidianamente nas cidades históricas do estado de Minas Gerais, onde a planta é mais popular.
Ainda há o emprego para a produção de mel e possui 25,4% de proteínas, sendo por isso conhecido como "carne dos pobres", vitaminas A, B e C bem como, além do ferro, minerais como cálcio e fósforo.
A variedade tem flores brancas, quando é mais adequada para consumo, e suas folhas podem ser ingeridas refogadas ou mesmo cruas, as flores também são comestíveis. A variedade comestível tem miolo alaranjado e folhas pequenas e suculentas.
A ora-pro-nóbis é propagada por meio de estacas plantadas em solo fértil enriquecido matéria orgânica e, depois de enraizadas, são transplantadas para o local definitivo.
Serve também para alimentação animal, in natura ou na ração, barateando os custos da produção.
O ora-pro-nois não pode ser confundido com a grandiflora ou a bleo que têm flores rosa (muito comuns no Brasil, e difíceis de serem diferenciadas sem a florada).

Encontrado em diversos estados do Brasil, em algumas localidades atingiu o status de ingrediente culinário, onde é refogado com vários tipos de carnes e é empregado em ensopados.
Na cidade de Sabará, existe o Festival do Ora-pro-nobis, onde é comum utilizar a cactácea para pratos culinários. Em Sabará também teria surgido a lenda de que o nome ora-pro-nobis é uma referência a uma lenda que em uma época em que pessoas colhiam a planta no quintal da casa de um pároco, ele sempre rezava uma ladainha.
Em Tiradentes, outra cidade brasileira de Minas Gerais, também há restaurantes que utilizam a ora-pro-nobis, sendo apreciado o frango com ora-pro-nobis.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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Recato de Clarice Lispector


Desabrocho em coragem, embora na vida diária continue tímida. Aliás sou tímida em determinados momentos, pois fora destes tenho apenas o recato que também faz parte de mim. Sou uma ousada-encabulada: depois da grande ousadia é que me encabulo.
- Você conhece os seus maiores defeitos?
Os maiores não conto porque eu mesma me ofendo. Mas posso falar naqueles que mais prejudicam a minha vida. Por exemplo, a grande fome de tudo, de onde decorre uma impaciência insuportável que também me prejudica.
In: A descoberta do mundo. Nova Fronteira, 1984.  p. 480. 

30 de set. de 2012

Begônia


















Nome Científico: Begonia elatior
Nomes Populares: Begônia, Begônia-elatior
Família: Begoniaceae
Categoria: Bulbosas, Flores Perenes
Clima: Equatorial, Subtropical, Tropical
Origem: América Central, América do Sul
Altura: 0.3 a 0.4 metros
Luminosidade: Luz Difusa
Ciclo de Vida: Perene
Delicadas e suculentas, estas begônias híbridas estão entre as flores envasadas mais comercializadas no país. Apresentam raízes tuberosas e folhagem suculenta, com bordas recortadas, e podem ser verdes ou avermelhadas. As flores são muito vistosas, parecendo rosas pois são dobradas e de cores variadas, entre o branco, o rosa, o amarelo, o salmão e o vermelho, além de tonalidades intermediárias e combinações de cores. As begônias parecem buquês de flores e sua delicadeza a torna própria para o cultivo em vaso, para a decoração de interiores, durante sua floração.
Devem ser cultivadas em ambientes protegidos, sob intensa luz difusa, em vasos com substrato apropriado, rico em matéria orgânica, com regas regulares. Não tolera o frio ou geadas. Multiplica-se pela divisão da planta.
O nome do gênero, inventado por Charles Plummer, um marco botânica francesa, homenageia Michel Begon, ex-governador da colônia francesa do Haiti, e foi adotado por Lineu.

Ter ou não ter namorado de Artur da Távola



(...) ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim.

fonte: Ter ou não ter namorado In: Amor a sim mesmo. Coletânea de Artur da Távola*. Editora Nova Fronteira , 1984

*Artur da Távola, pseudônimo de Paulo Alberto Moretzsohn Monteiro de Barros

29 de set. de 2012

Luz de Erico Veríssimo

imagem: Érico Veríssimo

Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a idéia de que o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto.

Solo de clarineta: memórias.  Editora Globo, 1973. 

Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...