Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
8 de nov. de 2012
Canção da alma caiada de Antonio Cicero
Aprendi desde criança
Que é melhor me calar
E dançar conforme a dança
Do que jamais ousar
Mas às vezes pressinto
Que não me enquadro na lei:
Minto sobre o que sinto
E esqueço tudo o que sei.
Só comigo ouso lutar,
Sem me poder vencer:
Tento afogar no mar
O fogo em que quero arder.
De dia caio minh'alma
Só à noite caio em mim
por isso me falta calma
e vivo inquieto assim.
7 de nov. de 2012
Mulheres de Débora Siqueira Bueno
Burne Jones
Muitas mulheres juntas
fazem alarido,
segredos e risos
são compartilhados,
cochichando ao ouvido
todos os detalhes.
Juntas, mulheres contam
amores vividos,
feridas sofridas,
pequenos pecados,
casos engraçados.
Tanta autonomia
e tanto falar,
parecem bastar-se,
muito satisfeitas.
Quando silenciam
e vem a acalmia,
surge um vazio –
não é de tristeza,
nem do que é perdido
no ir e vir da vida.
Quando aquietam,
percebem a falta
de deitar no ombro
de um companheiro
que só com seus braços
lhes vista o corpo.
É então que surge
o recolhimento –
se voltam pra dentro,
buscam aquele homem
que deita ao seu lado,
ou vive encantado
em recanto oculto
de sua memória.
A chave
da porta secreta
que leva ao espelho
que as fez mulheres
(quem por uma vez
nele se enxergou,
muito bem sabe)
nunca é perdida.
6 de nov. de 2012
Amor feinho de Adélia Prado
Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado, é igual fé,
não teologa mais.
Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero amor feinho
5 de nov. de 2012
Em outro lugar de Orhan Pamuk
“Ao contrário de você, não tenho medo da vida nem de minhas paixões”, disse Necip. Temendo ter perturbado Ka, ele acrescentou: “A única coisa que me interessa são estas cartas: não consigo viver sem estar apaixonado por alguém ou por alguma coisa bela. Agora eu tenho de buscar o amor e a felicidade em outro lugar.” Orhan Pamuk in “Neve”
4 de nov. de 2012
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