Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
20 de jun. de 2013
Goeldi
“ O que me interessava eram os aspectos estranhos do Rio suburbano, com postes de luz enterrados até a metade na areia, urubu na rua, móveis na calçada, enfim, coisas que deixariam besta, qualquer europeu recém chegado. Depois descobri os pescadores, e toda madrugada ia para o mercado ver o desembarque do peixe e desenhava sem parar.” 1957, Goeldi
19 de jun. de 2013
Wislawa Szymborska
Alguns -
ou seja nem todos.
Nem mesmo a maioria de todos, mas a minoria.
Sem contar a escola, onde é obrigatório
e os próprios poetas,
seriam talvez uns dois em mil.
Gostam -
mas também se gosta de canja de galinha,
gosta-se da galanteios e da cor azul,
gosta-se de um xale velho,
gosta-se de fazer o que se tem vontade
gosta-se de afagar um cão.
De poesia -
mas o que é isso, poesia.
Muita resposta vaga
já foi dada a essa pergunta.
Pois eu não sei e não sei e me agarro a isto
como a uma tábua de salvação
18 de jun. de 2013
Avenca, Avenca-de-Montpellier e Cabelo-de-Vênus,
... assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira. Caio Fernando Abreu.
17 de jun. de 2013
O meu olhar é nítido como um girassol de Fernando Pessoa
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no Mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no Mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...
16 de jun. de 2013
15 de jun. de 2013
Sininho, Chapéu-de-cardeal, Lanterna-chinesa, Lanterninha-japonesa
Nome Científico: Abutilon megapotamicum
Família: Malvaceae
Categoria: Arbustos, Arbustos Tropicais, Cercas Vivas,Flores Perenes, Trepadeiras
Clima: Equatorial, Subtropical, Tropical
Origem: América do Sul, Brasil
Altura: 1.2 a 1.8 metros, 1.8 a 2.4 metros, 2.4 a 3.0 metros
Luminosidade: Meia Sombra, Sol Pleno
Ciclo de Vida: Perene
14 de jun. de 2013
Tarefa de Geir Campos
Morder o fruto amargo e não cuspir
mas avisar aos outros quanto é amargo,
cumprir o trato injusto e não falhar
mas avisar aos outros quanto é injusto,
sofrer o esquema falso e não ceder
mas avisar aos outros quanto é falso;
dizer também que são coisas mutáveis...
E quando em muitos a noção pulsar
— do amargo e injusto e falso por mudar —
então confiar à gente exausta o plano
de um mundo novo e muito mais humano
Uma palavra morre de Emily Dickinson
A palavra morre
Quando é dita,
Alguém diz.
Eu digo que ela começa
A viver
Naquele dia.
..........................................
A palavra morre
no momento em que é proferida
- dizem alguns.
Eu digo que ela começa
a viver
naquele momento.
.......................
Uma palavra morre
Quando é dita -
Dir-se-ia -
Pois eu digo
Que ela nasce
Nesse dia.
tradução: Aíla de Oliveira
.............................................
Palavra é morta
Quando está dita,
Dizem uns.
Digo: inicia
A só viver
Em tal dia.
tradução:José Lino Grunewald
.....................................
Uma palavra morre
Quando falada
Alguém dizia.
Eu digo que ela nasce
Exatamente
Nesse dia.
tradução: Idelma Ribeiro de Faria
.....................
.....................
A word is dead
When it is said,
Some say.
I say it just
Begins to live
That day.
13 de jun. de 2013
Harry Potter de Adélia Prado
Quando era criança
escondia-me no galinheiro
hipnotizando galinhas.
Alguma força se esvaía de mim,
pois ficávamos tontas, eu e elas.
Ninguém percebia minha ausência,
o esforço de levantar-me pelas orelhas,
tentando o maravilhoso.
Até hoje fico de tocaia
para óvnis, luzes misteriosas,
orar em línguas, ter o dom da cura.
Meu treinamento é ordenar palavras:
Sejam um poema, digo-lhes,
não se comportem como, no galinheiro,
eu com as galinhas tontas.
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