24 de nov. de 2013

Pinturas e Platibandas de Anna Mariani



O que dizem essas casas? Para mim, são coisas íntimas. Casas que conheço por dentro. Em Santo Amaro, onde nasci, no Recôncavo baiano, as pessoas pintam suas casas a cada fevereiro para as festas da padroeira: é como comprar um vestido novo. A cidade fica endomingada, como se fosse um cenário de teatro ingênuo, com todas as casas recém-pintadas". Caetano Veloso

23 de nov. de 2013

Os três estados da escritura de Blaise Cendrars


Primeiro, um estado de pensamento. Viso o horizonte, agarro os pensamentos a voar, engaiolo-os inteiramente vivos, a esmo, rapidamente e aos montes, estenografia. Segundo, um estado de estilo. Separo meus pensamentos, escolho-os, endireito-os, eles correm empenachados nas frases, caligrafia. Terceiro, um estado de palavra. Correção, preocupação com o detalhe novo, o termo justo, exato, a estalar como uma chicotada e que faz que o pensamento empine, tipografia.

CENDRARS, Blaise. "Les trois états de l'écriture". In: CENDRARS, Miriam. Blaise Cendrars: L'or d'un poète. Paris: Gallimard, 1996.

Se não fosse o Van Gogh, o que seria do amarelo? Mario Quintana



Van Gogh 













22 de nov. de 2013

Sobre o tempo de Vladimir Jankélévitch

Utrillo
O tempo revela o charme das coisas sem charme. É por isso que o tempo é poeta. Só os poetas e pintores são capazes de conhecer de imediato o charme do presente. [...] Utrillo [1883-1955] pintava um poste ou um muro num subúrbio sórdido... e isso fazia sonhar. O que os poetas e pintores sabem traduzir no presente, o tempo o traduz para nós que não somos nem pintores nem poetas. É o tempo que é poeta para nós.

JANKÉLÉVITCH, Vladimir. Citado por: VIANNA, Hermano. "O mercado da desconfiança". Folha de São Paulo, Mais" São Paulo, 6 de setembro de 2009.

21 de nov. de 2013

Elena Poniatowska, Prêmio Cervantes 2013

Eugene de Blaas

Você sabe, desde a minha infância estive sentada assim a esperar, sempre fui dócil, porque esperava você.
Sei que todas as mulheres aguardam.
Aguardam a vida futura, todas essas imagens forjadas na solidão, todo esse bosque que caminha na direção delas;
toda essa imensa promessa que é o homem; uma romã que de repente se abre e mostra seus grãos vermelhos, brilhantes;
uma romã como uma boca generosa de mil gomos.
Mais tarde, essas horas vividas na imaginação, feito horas reais, terão que receber peso e tamanho e aspereza.
Estamos todos - oh meu amor - tão cheios de retratos interiores, tão cheio de paisagens não vividas.




Sabes, desde mi infancia me he sentado así a esperar, siempre fui dócil, porque te esperaba. Sé que todas las mujeres aguardan. Aguardan la vida futura, todas esas imágenes forjadas en la soledad, todo ese bosque que camina hacia ellas; toda esa inmensa promesa que es el hombre; una granada que de pronto se abre y muestra sus granos rojos, lustrosos; una granada como una boca pulposa de mil gajos. Más tarde esas horas vividas en la imaginación, hechas horas reales, tendrán que cobrar peso y tamaño y crudeza. Todos estamos - oh mi amor- tan llenos de retratos interiores, tan llenos de paisajes no vividos.
 In: PoniatowskaElena. De noche vienes. Biblioteca Era. México, 1996.

Mandalas da natureza :: Mandalma


















Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...