30 de nov. de 2013

Meu amor de Paul Eluard

Matisse

Meu amor por ter figurado meus desejos
Posto teus lábios no céu de tuas palavras como um astro
Teus beijos na noite viva
E o rastro de teus braços em torno de mim
Como uma chama em sinal de conquista
Meus sonhos estão no mundo
Claros e perpétuos

E quando tu não estás
Sonho que durmo sonho que sonho

Brinco-de-princesa, Agrado, Fúcsia, Lágrima – Fuchsia hybrida




Nome Científico: Fuchsia hybrida
Nomes Populares: Brinco-de-princesa, Agrado, Fúcsia, Lágrima
Família: Onagraceae
Categoria: Arbustos, Arbustos Tropicais, Flores Perenes
Clima: Mediterrâneo, Subtropical, Tropical
Origem: América do Sul
Altura: 0.4 a 0.6 metros, 0.6 a 0.9 metros, 0.9 a 1.2 metros
Luminosidade: Luz Difusa, Meia Sombra, Sol Pleno
Ciclo de Vida: Perene
Flor símbolo do Rio Grande do Sul, o brinco-de-princesa ou fúcsia é uma planta que faz um enorme sucesso internacional. Possui muitas variedades, sendo que tanto pétalas, quanto sépalas podem ser de cores e de formas diferentes. As cores mais comuns são vermelho, rosa, azul, violeta e branco, com diversas combinações, sem mesclas. A ramagem é pendente, mas pode haver variações, com plantas mais eretas e outras mais pendentes. O porte também varia entre as cultivares, de forma que há formas arbustivas e outras de porte herbáceo.
Para ficar sempre bonito, o brinco de princesa requer boa iluminação, de preferência sob luz difusa ou meia-sombra, no entanto muitas variedades vão bem sob sol pleno. Mas um detalhe é unânime, as fúcsias apreciam o frio e portanto deve-se dar preferência para o cultivo no sul do país e nas regiões serranas. No paisagismo pode ser plantado isolado ou em grupos, atraindo muitos beija-flores. Algumas cultivares são próprios para cestas pendentes e ficam ótimas em varandas. O substrato deve ser bem fértil, enriquecido com húmus e composto orgânico. A propagação pode ser por sementes ou por estacas.

29 de nov. de 2013

A nuvem prateada das pessoas graves de Rui Costa

Magritte

Nem sempre se deve desconfiar das pessoas graves, aquelas que caminham com o pescoço inclinado para baixo, os olhos delas a tocar pela primeira vez o caminho que os pés confirmarão depois. Às vezes elas vêem o céu do outro lado do caminho que é o que lhes fica por baixo dos pés e por isso do outro lado do mundo. O outro lado do mundo das pessoas graves parece portanto um sítio longe dos pés e mais longe ainda das mãos que também caem nos dias em que o ar pode ser mais pesado e os ossos se enchem de uma substância morna que não se sabe bem o que é.
Na gravidade dos pés e da cabeça, e também dos olhos, com que nos são alheias quando as olhamos de frente rumo ao lado útil do caminho que escolhemos, essas pessoas arrastam uma nuvem prateada que a cada passo larga uma imagem daquilo que foram ou das pessoas que amaram.

Essas imagens podem desaparecer para sempre se forem pisadas quando caem no chão. A gravidade dos pés e da cabeça, e também dos olhos, dessas pessoas, é, por isso, uma subtil forma de cuidado.

a nuvem prateada das pessoas graves
quasi
2005

28 de nov. de 2013

A falta de Érico Veríssimo :: Carlos Drummond de Andrade

Falta alguma coisa no Brasil
depois da noite de sexta-feira.
Falta aquele homem no escritório
a tirar da máquina elétrica
o destino dos seres,
a explicação antiga da terra.

Falta uma tristeza de menino bom
caminhando entre adultos
na esperança da justiça
que tarda - como tarda!
a clarear o mundo.

Falta um boné, aquele jeito manso,
aquela ternura contida, óleo
a derramar-se lentamente.
Falta o casal passeando no trigal.
Falta um solo de clarineta.

Erico Lopes Verissimo, filho de Sebastião Verissimo da Fonseca e Abegahy Lopes Verissimo. Nasceu em Cruz Alta, RS, 17 dez.1905  e faleceu em Porto Alegre, RS, 28 nov. 1975.

http://www.youtube.com/watch?v=OQSH5KNAbUA#t=38

27 de nov. de 2013

Michael Grab: viagem através da arte do equilíbrio







Aléns :: Mia Couto

 M.C. Escher
(...) Olhei  o poente e vi as aves carregando o sol, empurrando o dia para outros aléns.
 Aquela era a minha última noite desse retiro nos matos.  Manhã seguinte eu já entrava na vila, como quem regressa a seu próprio corpo depois do sono. Olhei o poente e vi as aves carregando o sol, empurrando o dia para outros aléns.

fonte: O último voo do flamingo. Companhia das Letras, 2005.

A poesia, senhor fidalgo de Cervantes

A poesia, senhor fidalgo, a meu parecer, é como uma donzela terna e de pouca idade e extremamente formosa, a quem cuidam de enriquecer, polir e adornar outras muitas donzelas, que são todas as outras ciências, e ela há de se servir de todas, e todas hão de se autorizar com ela; porém tal donzela não quer ser manuseada, nem trazida pelas ruas, nem publicada pelas esquinas das praças nem pelos rincões dos palácios. Ela é feita de uma alquimia de tal virtude que quem a souber tratar transforma-la-á em ouro puríssimo de inestimável preço.
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La poesía, señor hidalgo, a mi parecer, es como una doncella tierna y de poca edad, y en todo estremo hermosa, a quien tienen cuidado de enriquecer, pulir y adornar otras muchas doncellas, que son todas las otras ciencias, y ella se ha de servir de todas, y todas se han de autorizar con ella; pero esta tal doncella no quiere ser manoseada, ni traída por las calles, ni publicada por las esquinas de las plazas ni por los rincones de los palacios. Ella es hecha de una alquimia de tal virtud, que quien la sabe tratar la volverá en oro purísimo de inestimable precio.

De: CERVANTES, Miguel de. Don Quijote de la Mancha. Madrid: Real Academia Española, 2004, p.666.

Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...