Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
26 de abr. de 2014
MAR :: SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua,
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua
OBRA POÉTICA (Caminho, 2010)
25 de abr. de 2014
Flor-borboleta, Paina-de-santa-bárbara, Paina-de-seda, Paineirinha (Asclepias physocarpa )
Nomes Populares: Flor-borboleta, Paina-de-santa-bárbara, Paina-de-seda, Paineirinha
Família: Asclepiadaceae
Categoria: Flores Perenes
Clima: Equatorial, Subtropical, Temperado, Tropical
Origem: África, África do Sul
Altura: 0.9 a 1.2 metros, 1.2 a 1.8 metros, 1.8 a 2.4 metros
Este arbusto tem um aspecto muito curioso, proporcionado pela sua frutificação. A folhagem é bastante ramificada e macia, seus ramos liberam seiva leitosa quando cortados, as folhas são lisas e afiladas. As flores surgem na primavera e verão e são pequenas e brancas, de importância ornamental secundária.Os frutos inflados são muito interessantes, parecem balões, com cerdas na superfície, inicialmente são de coloração verde, que gradualmente torna-se amarelada e avermelhada. Quando maduros, apresentam paina sedosa e sementes em seu interior. Sua utilização paisagística é ampla, podendo ser plantada isolada ou em grupos, sendo uma planta que estimula os sentidos e a curiosidade dos observadores, principalmente as crianças.Devem ser cultivadas a pleno sol em solo fértil enriquecido com matéria orgânica, com regas regulares. Pode ser cultivada em todo o país, tolerando o frio. Multiplica-se por sementes.
fonte: http://www.jardineiro.net
Nunca se morre completamente de José Eduardo Agualusa
Lillian Teeter
“Nunca se morre completamente. Daquele que parte fica sempre alguma coisa a lembrar a sua passagem pelos descaminhos da vida. Seja um fato velho no fundo de um armário; seja a amarelada fotogravura que alguém se esqueceu de deitar fora; seja o gesto que permanece além daquilo que o justifica: a mulher que de manhã continua a procurar na cama o corpo do marido que há tanto tempo já partiu; a mãe que na rua continua a dar a mão ao filhinho que há tantos anos já morreu. Seja ainda uns olhos que repetem o verde de outros olhos; o formato de um rosto que ressurge gerações após. Nada é imortal mas tudo permanece, diria Severino, sua sofismada maneira de desconsiderar a morte.”fonte: A Conjura. Leya.
24 de abr. de 2014
A Mentira Está em Ti :: Fernando Pessoa
Julien Dupré
Olá, guardador de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?"
"Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz?"
"Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.
De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram."
"Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti."
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema X"
23 de abr. de 2014
Si me quieres, quiéreme enterera de Dulce María Loynaz (La Habana, Cuba,1902 - 1997)
Si me quieres, quiéreme entera,
no por zonas de luz o sombra...
Si me quieres, quiéreme negra
y blanca. Y gris, y verde, y rubia,
y morena...
Quiéreme día,
quiéreme noche...
¡Y madrugada en la ventana abierta!
Si me quieres, no me recortes:
¡Quiéreme toda... O no me quieras!
22 de abr. de 2014
Ternura de Jorge Luis Borges
nomeei os lugares
onde se estende a ternura
e estou só e comigo.
Fervor de Buenos Aires – Borges, J. L.
21 de abr. de 2014
A presença das coisas de Rosa Maria Martelo
fonte: em A Porta de Duchamp
20 de abr. de 2014
Alborada :: Rosalía de Castro
Vaite, noi-
te, -vai fuxin-
do. -Vente, auro-
ra, -vente abrin-
do, -co teu ros-
tro-que, sorrin-
do, -¡¡¡a sombra espanta!!!
¡Canta
paxariño, can-
ta -de ponliña en pon-
la, -que o sol se levan-
ta-polo monte ver-
de, -polo verde mon-
te, -alegrando as her-
bas, -alegrando as fon-
tes...!
¡Canta, paxariño alegre,
canta!
¡Canta porque o millo medre,
canta!
¡Canta porque a luz de te escoite,
canta!
Canta que fuxéu a noite.
Noite escura
logo ven
e moito dura
co seu manto
de tristura,
con meigallos
e temores,
agoreira
de dolores,
agarimo
de pesares,
cubridora
en todo mal.
¡Sal...!
Que a auroriña
co ceu colora
cuns arbores
que namora,
cun sembrante
de ouro e prata
teñidiño
de escalarta.
Cuns vestidos
de diamante
que lle borda
o sol amante
antre as ondas
de cristal.
¡Sal...!,
señora en todo mal,
que o sol
xa brila
nas cunchiñas do areal;
que a luz
do día
viste a terra de alegría;
que o sol
derrete con amor a escarcha fría.
II
Braca auro-
ra-ven chegan-
do, -i ás porti-
ñas-vai chaman-
do-dos que dor-
men-esperan-
do-¡o teu folgor...!
Cor...
de alba hermosa
lles estende
nos vidriños
cariñosa,
donde o sol
tamén suspende,
cando aló
no mar se tende,
de fogax
larada viva,
dempóis leve,
fuxitiva,
triste, vago
resprandor.
Cantor
dos aires,
paxariño alegre,
canta,
canta porque o millo medre;
cantor
da aurora,
alegre namorado,
ás meniñas dille
que xa sal o sol dourado;
que o gaiteiro,
ben lavado,
ben vestido,
ben peitado,
da gaitiña
acompañado
¡á porta está...!
¡Xa...!
Se espricando
que te esprica,
repinica,
repinica
na alborada
ben amada
das meniñas
cantadeiras,
bailadoras,
rebuldeiras;
das velliñas
alegriñas;
das que saben
ben ruar.
¡Arriba
todas, rapaciñas do lugar,
que o sol
i a aurora xa vos vén a dispertar!
¡Arriba!
¡Arriba, toleirona mocidad,
que atru-
xaremos-cantaremos o ala...lá...!!!
Nota da autora:
A máis grande dificultade que achéi pra escribir esta alborada, foi o meu deseio de que saíse nun todo arregrada á música. Conseguín esto, pro foi a custa da poesía; non podía ser de outro modo, cando se dá cun aire tan estraño e tan difícile de acomodarlle letra algunha.
TERNURA de David Mourão Ferreira
Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do Sol,
quando depois do Sol não vem mais nada…
Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio…
Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo…
Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despedimos assim que estamos sós!
19 de abr. de 2014
Um Índio :: Composição: Caetano Veloso
Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claroinstante
Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias
Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá
Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro
Em sombra, em luz, em som magnífico
Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito
Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claroinstante
Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias
Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá
Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro
Em sombra, em luz, em som magnífico
Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito
Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio
Outono de Russell Edson (n.1935)
Ao que eles disseram então vai para o pátio e não cresças na sala pois as tuas raízes podem estragar a carpete.
Ele disse eu estava a brincar não sou uma árvore e deixou cair as folhas.
Mas os pais disseram olha é outono.
18 de abr. de 2014
17 de abr. de 2014
E. E. Cummings (1894-1962)
Johannes_Vermeer_(1632-1675)
a lua esconde-se no
cabelo dela.
O
lírio
do céu
cheio de todos os sonhos,
desce
encobre a sua brevidade em canto
cerca-a de intricados débeis pássaros
com margaridas e crepúsculos
Aprofunda-a,
Recita
sobre a sua
carne
as pérolas
da chuva uma a uma murmurando.
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