Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
7 de jun. de 2014
6 de jun. de 2014
Callicarpa - Callicarpa reevesi
Quando em fruta esta árvore apresenta um belíssimo espetáculo da natureza reunindo os mais diversos tipos de pássaros frugívoros.
Época de frutificação e florada: A florada ocorre em abril, maio, junho e julho vem os frutos esféricos de coloração rosa claro em cachos e em grande quantidade.
Cultivo: Deve ser cultivada em pleno sol e meia-sombra, em vários tipos de solos, preferencialmente os ricos em matéria orgânica e descompactados.
Aves mais atraídas pela planta: sabiás, saíras, sanhaços e bem-te-vis.
Natural da China
Referências: www.fazendacitra.com.br
Faça de Conta :: Isabel Machado
Oswaldo Guayasamin
Faça de conta
que a vida é curta
e o tempo não nos pertença
para assim sorver cada minuto
como último
e cada sonho
como eterno...
Faça de conta
que não há limites
entre espaços
quando abraços - em costas
são sentidos à léguas...
Faça de conta
que o desejo nunca morre
não dá trégua
não pede água
e só não é eterno
para viver mais
em clima de paixão..
5 de jun. de 2014
Espelho :: Sylvia Plath
Sylvia Plath
Sou prata e exato. Eu não prejulgo.
O que vejo engulo de imediato
Tal qual é, sem me embaçar de amor ou desgosto.
Não sou cruel, tão somente veraz —
O olho de um deusinho, de quatro cantos.
O tempo todo reflito sobre a parede em frente.
É rosa, com manchas. Fitei-a tanto
Que a sinto parte de meu coração. Mas vacila.
Faces e escuridão insistem em nos separar.
Agora sou um lago. Uma mulher se inclina para mim,
Buscando em domínios meus o que realmente é.
Mas logo se volta para aqueles farsantes, o lustre e a lua.
Vejo suas costas e as reflito fielmente.
Ela me paga em choro e agitação de mãos.
Sou importante para ela. Ela vai e vem.
A cada manhã sua face reveza com a escuridão.
Em mim afogou uma menina, e em mim uma velha
Salta sobre ela dia após dia como um peixe horrendo.
Tradução de Vinicius Dantas
4 de jun. de 2014
No silêncio dos olhos :: José Saramago
Em que outra humanidade se aprendeu
A palavra que ordene a confusão
Que neste remoinho se teceu?
Que murmúrio de vento, que dourados
Cantos de ave pousada em altos ramos
Dirão, em som, as coisas que, calados,
No silêncio dos olhos confessamos?
3 de jun. de 2014
Labor feminino :: Maya Angelou
Roupas para remendar
Chão para esfregar
Comida para comprar
Frango para fritar
Bebê para limpar
Tenho companhia para me alimentar
Jardim para ervas daninhas arrancar
Neném para trajar
Lata para cortar
Esta cabana limpar
O doentes para cuidar
E o algodão para pegar
Brilhem sobre mim, raios de sol
Chova sobre mim, chuva
Caiam, lentamente, gotas d’orvalho
e refresquem minha pele, novamente.
Tempestade, sopre-me daqui
Com seu mais poderoso vento
Deixe-me nos céus flutuar
Até que eu possa descansar.
Caiam, gentilmente, flocos de neve
Cubram-me com seu glacial
palor e seu beijo congelante
Deixe-me descansar nesta noite errante.
Sol, céu, chuva
Montanha, oceanos, folha e pedra
Estrela brilhante, lua incandescente
Vocês são as únicas coisas que me pertencem.
Tradução Alice Dias
2 de jun. de 2014
Velhinhos de Carlos Seabra
Yeats, A summer evening
Sentados, na calçada em frente de casa, o casal de velhinhos cumprimenta todos na rua, como se passassem dentro de sua sala.
Sentados, na calçada em frente de casa, o casal de velhinhos cumprimenta todos na rua, como se passassem dentro de sua sala.
1 de jun. de 2014
Profissão de febre :: Paulo Leminski
Vincent van Gogh, 1890
Quando chove,
Eu chovo,
Faz sol,
Eu faço,
De noite,
Anoiteço,
Tem Deus,
Eu rezo,
Não tem,
Esqueço,
Chove de novo,
De novo, chovo,
Assobio no vento,
Daqui me vejo,
Lá vou eu,
Gesto no movimento.
31 de mai. de 2014
Elegia 1938 de Carlos Drummond de Andrade
Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
onde as formas e as ações no encerram nenhum exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.
Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze
ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.
Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
e sabes que, dormindo, os problemas de dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.
Caminhas entre mortos e com eles conversas
sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.
Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
e adiar para outro século a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.
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