Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
18 de nov. de 2014
A NATUREZA REVOLUCIONÁRIA DA FELICIDADE :: VALTER HUGO MÃE
um feixe de luz
não cega nunca
Contabilidade. Poesia 1996-2010. Alfaguara, 2010.
17 de nov. de 2014
NÃO MAIS PASSEAREMOS :: Lord Byron (1788 - 1824)
Tracy Levesque
Então, não mais passearemos
Assim tão tarde, pela noite afora,
Embora o coração ainda esteja apaixonado
E a lua continue a brilhar.
Pois a espada dura mais que a bainha,
A alma consome o peito,
O coração precisa tomar fôlego
E o amor, descansar.
A noite foi feita para amar
E o dia volta cedo demais,
Contudo, não mais passearemos
À luz do luar.
16 de nov. de 2014
Não sei se sabes de Rui Costa
Não sei se sabes
que a meio da manhã
o verde dos teus lábios
passou para as encostas
e um gomo transparente
adormeceu nos juncos e abriu.
Abriu um brilho qualquer
na gruta fria e pôs uma fogueira
pequenina numa taça
e elevou as mãos quentes
pelo dia.
talvez tu saibas que o principal
do amor
é uma montanha de efeitos secundários.
In: A Nuvem Prateada das Pessoas Graves. Edições Quasi
15 de nov. de 2014
Que valem triunfos que não têm data :: Eça de Queirós
Konstantin Somov
«Que valem triunfos que não têm data?» Que valem, na verdade? É a certeza da data que imprime realidade às coisas que, sem essa certeza encarnadora, apenas passadas, se desfariam na diafaneidade e impalpabilidade do Tempo. Todo o nosso viver consiste num rolo de sonhos que se vão desprendendo de nós, fugindo para trás como o fumo de uma tocha que corre, depressa adelgaçados, logo esvaídos. São as datas que prendem, retêm esses sonhos: nelas ficam imóveis, em torno delas se condensam, por elas ganham forma e duração.
Foi entrevendo esta verdade que Bossuet, numa grande imagem, comparou os dias felizes de uma existência a pregos de ouro cravados numa parede escura. Esses pregos eram as datas, onde as venturas dessa existência, que já voavam, se iam dissipar na eternidade, ficaram presas, imóveis, resplandecendo como pontos de ouro.
in 'Notas Contemporâneas'
14 de nov. de 2014
Um dia virá :: ROSA LOBATO FARIA
em que a minha porta
permanecerá fechada
em que não atenderei o telefone
em que não perguntarei
se querem comer alguma coisa
em que não recomendarei
que levem os casacos
porque a noite se adivinha fresca.
Só nos meus versos poderão encontrar
a minha promessa de amor eterno.
Não chorem; eu não morri
apenas me embriaguei
de luz e de silêncio.
in: A NOITE INTEIRA JÁ NÃO CHEGA . Poesia - 1983-2010. Guimarães Editora, 2012
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