Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
21 de out. de 2015
OFÍCIO :: Maria Esther Maciel
Escrever
a água
da palavra mar
o vôo
da palavra ave
o rio
da palavra margem
o olho
da palavra imagem
o oco
da palavra nada.
20 de out. de 2015
palmeira-imperial (Roystonea oleraceae)
Família: Arecaceae
Nomes populares: palmeira-imperial
Origem: Caribe, norte da Venezuela e nordeste da Colômbia
Altura média: 30m
Características morfológicas: Tronco liso, de cor esbranquiçada, mais largo em sua base. Entre o termino do tronco e a parte onde nascem as folhas, há uma seção verde, mais grossa. Dentro desta seção encontra-se um palmito de mais de 2m de comprimento. Folhas de 4,6-5,6 m de comprimento, distribuem-se acima do palmito em número de 16 a 22 por coroa, e voltam-se para o ápice da palmeira, ou pendem horizontalmente. Cada folha é composta por numerosos e estreitos folíolos, que chegam a medir 65-94 cm de comprimento por 3-5 cm de largura cada. Flores brancas e pequenas, reunidas em cachos distribuídos abaixo do palmito, e cuja haste central mede cerca de 1,5m de comprimento e a haste de sustentação 46-53 cm de comprimento. Fruto elíptico, de 1-2 cm de comprimento, arroxeado, dotado de fina casca, polpa carnuda e uma única semente. Semente elíptica, de cor verde-amarelada.
Cultivo: Multiplica-se por sementes que germinam em cerca de 70 dias.
Período de florescimento e frutificação: Florescimento no período primavera e frutifica no verão.
Utilidades econômicas: Árvore de grande efeito paisagístico; é símbolo aristocrático na literatura nacional.
Histórico: No Brasil, primeiro indivíduo foi plantado pelo Príncipe Regente Dom João VI, depois Rei, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
fonte: http://www.museunacional.ufrj.br/hortobotanico/paginas/palmeiras/roystoneaoleraceae.htm
A VERDADEIRA HISTÓRIA DO SÉCULO XX :: Claudio Willer
você: véu de gaze azulada roçando, suave apelo
furacão: róseo
perfeição: parábola de perfumes
lâmina: mente na alucinada
gruta: você e os arcanos da natureza
gelo: explosão de relâmpagos
essa solidez, essa presença: capim ao vento
rápidos, passando à frente – lavanda
e também sombra de árvore
montanha inteiramente nossa
intimidade sorridente no calor da tarde
Iris, o nome da flor, o seio ao sol
– quanta coisa que você fez que eu visse
gnose do redemoinho, foi o que soubemos
o acaso nos transportava e podíamos ir a qualquer lugar
(que vontade de grafitar as paredes do quarto)
19 de out. de 2015
BUENOS AIRES, 2015 :: Fabrício Corsaletti
estou ficando cada vez mais
parecido com os vira-latas
da América do Sul
eles também devem
sentir dores insuportáveis
eles também devem
amar uma condessa indiferente
e duvido que tenham dinheiro
sobrando ou que lhes
passe pela cabeça qualquer
ideia de nacionalidade
18 de out. de 2015
Passagem das Horas. Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)
Eu quero ser sempre aquilo com quem simpatizo,
Eu torno-me sempre, mais tarde ou mais cedo,
Aquilo com quem simpatizo, seja uma pedra ou uma ânsia,
Seja uma flor ou uma idéia abstrata,
Seja uma multidão ou um modo de compreender Deus.
E eu simpatizo com tudo, vivo de tudo em tudo.
São-me simpáticos os homens superiores porque são superiores,
E são-me simpáticos os homens inferiores porque são superiores também, Porque ser inferior é diferente de ser superior,
E por isso é uma superioridade a certos momentos de visão.
Simpatizo com alguns homens pelas suas qualidades de caráter,
E simpatizo com outros pela sua falta dessas qualidades,
E com outros ainda simpatizo por simpatizar com eles,
E há momentos absolutamente orgânicos em que esses são todos os homens. Sim, como sou rei absoluto na minha simpatia,
Basta que ela exista para que tenha razão de ser.
Fragmento de Passagem das Horas. Álvaro de Campos, 22-5-1916
17 de out. de 2015
Sobre a exaustão das retinas :: GREGORIO DUVIVIER ( 1986)
Georges Seurat
já não me diz nada um por do sol em cancun
e um coqueiro em alto-mar já vagou por protetores
de tela demais para me causar qualquer sensação
de bem-estar; os casais parisienses que habitam
calendários já não me dão sequer vontade
de ir a paris assim como não me comovem
mais as crianças de sebastião salgado nem
a menina que foge do ataque do napalm
e que em breve estampará cangas e biquínis;
as imagens estão gastas e não há nenhuma
que erga pontes como a palavra que.
16 de out. de 2015
Encontro :: Silvana Conterno
Do alto de minha janela distante, mas com visão suficiente eu os vi. Era noite e estava chovendo.
As luzes amareladas refletiam nas poças dando um ar de momento antigo, que só não se confirmava pelos trajes da moça.
Ele chegou primeiro, olhou o relógio e encostou perto do muro. Ela chegou alguns segundos depois, embaixo de guarda chuvas, olhando para todos lados como quem aguardasse alguém.
Um muro os separava, deixando-os distantes por poucos metros, mas o suficiente para o encontro não acontecer.
Teriam confundido o local do encontro?
As luzes amareladas refletiam nas poças dando um ar de momento antigo, que só não se confirmava pelos trajes da moça.
Ele chegou primeiro, olhou o relógio e encostou perto do muro. Ela chegou alguns segundos depois, embaixo de guarda chuvas, olhando para todos lados como quem aguardasse alguém.
Um muro os separava, deixando-os distantes por poucos metros, mas o suficiente para o encontro não acontecer.
Teriam confundido o local do encontro?
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Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector
Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...
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Tem de haver mais Agora o verão se foi E poderia nunca ter vindo. No sol está quente. Mas tem de haver mais. Tudo aconteceu, Tu...
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