Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
23 de abr. de 2018
19 de abr. de 2018
ONTIVO :: Luci Collin (Curitiba, 1964)
Nos encontraremos e eu estarei atarefada
e você estará imerecível
e eu estarei cansada para o cafezinho
e você estará exausto para um cinema
e eu estarei amorfa
e você palimpsesto
e eu estarei rendida às evidências mais ocultas
e você descompassado às vivências absolutas
e eu estarei com pressa
e você naquela hora imprevisível
e eu estarei naquela hora portentosa
e você estará naquele momento incrível
e eu estarei naquela manhã chuvosa
e você estará naquela noite audível
e eu retrocederei até auroras
e você avançará aos ocidentes
e eu compreenderei infinitudes
e você desvestirá os contratempos
e eu deslizo pela superfície e vou embora
e você mergulha mar adentro e refloresce.
e você estará imerecível
e eu estarei cansada para o cafezinho
e você estará exausto para um cinema
e eu estarei amorfa
e você palimpsesto
e eu estarei rendida às evidências mais ocultas
e você descompassado às vivências absolutas
e eu estarei com pressa
e você naquela hora imprevisível
e eu estarei naquela hora portentosa
e você estará naquele momento incrível
e eu estarei naquela manhã chuvosa
e você estará naquela noite audível
e eu retrocederei até auroras
e você avançará aos ocidentes
e eu compreenderei infinitudes
e você desvestirá os contratempos
e eu deslizo pela superfície e vou embora
e você mergulha mar adentro e refloresce.
16 de abr. de 2018
Dona Custódia :: Fernando Sabino
Ar de empregada ela não tinha: era uma velha mirrada, muito bem arranjadinha, mangas compridas, cabelos em bandó num vago ar de camafeu – e usava mesmo um, fechando-lhe o vestido ao pescoço. Mas via-se que era humilde – atendera ao anúncio publicado no jornal porque satisfazia às especificações, conforme ela própria fez questão de dizer: sabia cozinhar, arrumar a casa e servir com eficiência a senhor só.
O “senhor só” fê-la entrar, meio ressabiado. Não era propriamente o que esperava, mas tanto melhor: a velhinha podia muito bem dar conta do recado, por que não? e além do mais impunha dentro de casa certo ar de discrição e respeito, propício ao seu trabalho de escritor. Chamava-se Custódia.
Dona Custódia foi logo botando ordem na casa: varreu a sala, arrumou o quarto, limpou a cozinha, preparou o jantar. Deslizava como uma sombra para lá, para cá – em pouco sobejavam provas de sua eficiência doméstica. Ao fim de alguns ele se acostumou à sua silenciosa iniciativa (fazia de vez em quando uns quitutes) e se deu por satisfeito: chegou mesmo a pensar em aumentar-lhe o ordenado, sob a feliz impressão de que se tratava de uma empregada de categoria.
De tanta categoria que no dia do aniversário do pai, em que almoçaria fora, ele aproveitou-se para dispensar também o jantar, só para lhe proporcionar o dia inteiro de folga. Dona Custódia ficou muito satisfeitinha, disse que assim sendo iria também passar o dia com uns parentes lá no Rio Comprido.
Mas às quatro horas da tarde ele precisou de dar um pulo ao apartamento para apanhar qualquer coisa que não vem à história. A história se restringe à impressão estranha que teve, então, ao abrir a porta e entrar na sala: julgou mesmo ter errado de andar e invadido a casa alheia. Porque aconteceu que deu os móveis da sala dispostos de maneira diferente, tudo muito arranjadinho e limpo, mas cheio de enfeites mimosos: paninho de renda no consolo, toalha bordada na mesa, dois bibelôs sobre a cristaleira – e em lugar da gravura impressionista na parede, que se via? Um velho de bigodes o espiava para além do tempo, dentro da moldura oval. Nem pôde examinar direito tudo isso, porque, espalhadas pela sala, muito formalizadas e de chapéu, oito ou dez senhoras tomavam chá! Só então reconheceu entre elas D. Custódia que antes proseava muito à vontade mas ao vê-lo se calou, estatelada. Estupefato, ele ficou parado sem saber o que fazer e já ia dando o fora quando sua empregada se recompôs do susto e acorreu, pressurosa:
– Entre, não faça cerimônia! – puxou-o pelo braço, voltando-se para as demais velhinhas: – Este é o moço que eu falava, a quem alugo um quarto.
Foi apresentado a uma por uma: viúva do Desembargador Fulano de Tal; senhora Assim-Assim; senhora Assim-Assado; viúva de Beltrano, aquele escritor da Academia! Depois de estender a mão a todas elas, sentou-se na ponta de uma cadeira, sem saber o que dizer. Dona custódia veio em sua salvação:
– Aceita um chazinho?
– Não, muito obrigado. Eu...
– Deixa de cerimônia. Olha aqui, experimenta uma brevidade, que o senhor gosta tanto. Eu mesma fiz.
Que ela mesma fizera ele sabia – não haveria também de pretender que ele é que cozinhava. Que diabo ela fizera de seu quadro? E os livros, seus cachimbos, o nu de Modigliani junto à porta substituído por uma aquarelinha...
– A senhora vai me dar licença, Dona Custódia.
Foi ao quarto – tudo sobre a cama, nas cadeiras, na cômoda. Apanhou o tal objeto que buscava e voltou à sala:
– Muito prazer, muito prazer – despediu-se, balançando a cabeça e caminhando de costas como um chinês. Ganhou a porta e saiu.
Quando regressou, tarde da noite, encontrou como por encanto o apartamento restituído à arrumação original, que o fazia seu. O velho bigodudo desaparecera, o paninho de renda, tudo – e os objetos familiares haviam retornado ao seu lugar.
– A senhora...
Dona Custódia o aguardava, ereta como uma estátua, plantada no meio da sala. Ao vê-lo, abriu os braços dramaticamente, falou apenas:
–Eu sou a pobreza envergonhada!
Não precisou dizer mais nada: ao olhá-la, ele reconheceu logo que era ela: a própria Pobreza Envergonhada. E a tal certeza nem seria preciso acrescentar-se as explicações, a aflição, as lágrimas com que a pobre se desculpava, envergonhadíssima: perdera o marido, passava necessidade, não tinha outro remédio – escondida das amigas se fizera empregada doméstica! E aquela tinha sido a oportunidade de reaparecer para elas, justificar o sumiço... Ele balançava a cabeça, concordando: não se afligisse, estava tudo bem. Concordava mesmo que de vez em quando, ele não estando em casa, evidentemente, voltasse a recebê-las como na véspera para um chazinho.
O que passou a acontecer dali por diante, sem mais incidentes. E às vezes se acaso regressava mais cedo, detinha-se na sala para bater um papo com as velhinhas, a quem já se ia afeiçoando.
Não tão velhinhas que um dia não surgisse uma viúva bem mais conservada, a quem acabou também se afeiçoando, mas de maneira especial. Até que Dona Custódia soube, descobriu tudo, ficou escandalizada! Não admitia que uma amiga fizesse aquilo com seu hóspede. E despediu-se, foi-se embora para nunca mais.
O “senhor só” fê-la entrar, meio ressabiado. Não era propriamente o que esperava, mas tanto melhor: a velhinha podia muito bem dar conta do recado, por que não? e além do mais impunha dentro de casa certo ar de discrição e respeito, propício ao seu trabalho de escritor. Chamava-se Custódia.
Dona Custódia foi logo botando ordem na casa: varreu a sala, arrumou o quarto, limpou a cozinha, preparou o jantar. Deslizava como uma sombra para lá, para cá – em pouco sobejavam provas de sua eficiência doméstica. Ao fim de alguns ele se acostumou à sua silenciosa iniciativa (fazia de vez em quando uns quitutes) e se deu por satisfeito: chegou mesmo a pensar em aumentar-lhe o ordenado, sob a feliz impressão de que se tratava de uma empregada de categoria.
De tanta categoria que no dia do aniversário do pai, em que almoçaria fora, ele aproveitou-se para dispensar também o jantar, só para lhe proporcionar o dia inteiro de folga. Dona Custódia ficou muito satisfeitinha, disse que assim sendo iria também passar o dia com uns parentes lá no Rio Comprido.
Mas às quatro horas da tarde ele precisou de dar um pulo ao apartamento para apanhar qualquer coisa que não vem à história. A história se restringe à impressão estranha que teve, então, ao abrir a porta e entrar na sala: julgou mesmo ter errado de andar e invadido a casa alheia. Porque aconteceu que deu os móveis da sala dispostos de maneira diferente, tudo muito arranjadinho e limpo, mas cheio de enfeites mimosos: paninho de renda no consolo, toalha bordada na mesa, dois bibelôs sobre a cristaleira – e em lugar da gravura impressionista na parede, que se via? Um velho de bigodes o espiava para além do tempo, dentro da moldura oval. Nem pôde examinar direito tudo isso, porque, espalhadas pela sala, muito formalizadas e de chapéu, oito ou dez senhoras tomavam chá! Só então reconheceu entre elas D. Custódia que antes proseava muito à vontade mas ao vê-lo se calou, estatelada. Estupefato, ele ficou parado sem saber o que fazer e já ia dando o fora quando sua empregada se recompôs do susto e acorreu, pressurosa:
– Entre, não faça cerimônia! – puxou-o pelo braço, voltando-se para as demais velhinhas: – Este é o moço que eu falava, a quem alugo um quarto.
Foi apresentado a uma por uma: viúva do Desembargador Fulano de Tal; senhora Assim-Assim; senhora Assim-Assado; viúva de Beltrano, aquele escritor da Academia! Depois de estender a mão a todas elas, sentou-se na ponta de uma cadeira, sem saber o que dizer. Dona custódia veio em sua salvação:
– Aceita um chazinho?
– Não, muito obrigado. Eu...
– Deixa de cerimônia. Olha aqui, experimenta uma brevidade, que o senhor gosta tanto. Eu mesma fiz.
Que ela mesma fizera ele sabia – não haveria também de pretender que ele é que cozinhava. Que diabo ela fizera de seu quadro? E os livros, seus cachimbos, o nu de Modigliani junto à porta substituído por uma aquarelinha...
– A senhora vai me dar licença, Dona Custódia.
Foi ao quarto – tudo sobre a cama, nas cadeiras, na cômoda. Apanhou o tal objeto que buscava e voltou à sala:
– Muito prazer, muito prazer – despediu-se, balançando a cabeça e caminhando de costas como um chinês. Ganhou a porta e saiu.
Quando regressou, tarde da noite, encontrou como por encanto o apartamento restituído à arrumação original, que o fazia seu. O velho bigodudo desaparecera, o paninho de renda, tudo – e os objetos familiares haviam retornado ao seu lugar.
– A senhora...
Dona Custódia o aguardava, ereta como uma estátua, plantada no meio da sala. Ao vê-lo, abriu os braços dramaticamente, falou apenas:
–Eu sou a pobreza envergonhada!
Não precisou dizer mais nada: ao olhá-la, ele reconheceu logo que era ela: a própria Pobreza Envergonhada. E a tal certeza nem seria preciso acrescentar-se as explicações, a aflição, as lágrimas com que a pobre se desculpava, envergonhadíssima: perdera o marido, passava necessidade, não tinha outro remédio – escondida das amigas se fizera empregada doméstica! E aquela tinha sido a oportunidade de reaparecer para elas, justificar o sumiço... Ele balançava a cabeça, concordando: não se afligisse, estava tudo bem. Concordava mesmo que de vez em quando, ele não estando em casa, evidentemente, voltasse a recebê-las como na véspera para um chazinho.
O que passou a acontecer dali por diante, sem mais incidentes. E às vezes se acaso regressava mais cedo, detinha-se na sala para bater um papo com as velhinhas, a quem já se ia afeiçoando.
Não tão velhinhas que um dia não surgisse uma viúva bem mais conservada, a quem acabou também se afeiçoando, mas de maneira especial. Até que Dona Custódia soube, descobriu tudo, ficou escandalizada! Não admitia que uma amiga fizesse aquilo com seu hóspede. E despediu-se, foi-se embora para nunca mais.
O homem nu. Editora do Autor, 1965 .
13 de abr. de 2018
Tomada a morte, sem exagero Wislawa Szymborska
Ela não pode fazer uma piada
encontrar uma estrela, construir uma ponte.
Ela nada sabe sobre tecelagem, mineração, agricultura,
construir navios, ou assar bolos.
No nosso plano para o amanhã,
ela tem a última palavra,
que está sempre ao lado do ponto.
Nem mesmo pode tomar parte
nas tarefas que fazem parte do seu comércio:
cavar uma sepultura,
fazer um caixão,
limpar tudo depois de si.
Preocupada com o matar,
ela faz o trabalho desajeitada,
sem sistematização ou habilidade.
Como se cada um de nós fosse a sua primeira morte.
Ah, ela tem seus triunfos,
mas olhe para os seus incontáveis fracassos,
sopros perdidos,
e tentativas de repetição!
As vezes, ela não é forte o suficiente
para golpear uma mosca no ar.
Muitas são as lagartas
que a superam.
Todas esses bulbos, vagens,
tentáculos, barbatanas, traqueias,
pluma nupcial e peles de inverno
mostram que ela tem ficado para trás
com o seu trabalho meia-boca.
A vontade da doença não basta
e até nossa mãozinha com guerras e golpes de estado
não é suficiente.
Corações batem dentro de ovos.
Esqueletos de bebês crescem.
Sementes, em trabalho duro, brotam o seu primeiro pequenino par de folhas
e, às vezes, até mesmo árvores altas seguem seu curso.
Quem afirma que ela é onipotente
está ele mesmo provando
que ela não é.
Não há vida
que não possa ser imortal
pelo menos por um momento.
Morte
sempre chega ao momento atrasada.
Em vão ela puxa a maçaneta
da porta invisível.
Tão logo você veio
não pode ser desfeito.
encontrar uma estrela, construir uma ponte.
Ela nada sabe sobre tecelagem, mineração, agricultura,
construir navios, ou assar bolos.
No nosso plano para o amanhã,
ela tem a última palavra,
que está sempre ao lado do ponto.
Nem mesmo pode tomar parte
nas tarefas que fazem parte do seu comércio:
cavar uma sepultura,
fazer um caixão,
limpar tudo depois de si.
Preocupada com o matar,
ela faz o trabalho desajeitada,
sem sistematização ou habilidade.
Como se cada um de nós fosse a sua primeira morte.
Ah, ela tem seus triunfos,
mas olhe para os seus incontáveis fracassos,
sopros perdidos,
e tentativas de repetição!
As vezes, ela não é forte o suficiente
para golpear uma mosca no ar.
Muitas são as lagartas
que a superam.
Todas esses bulbos, vagens,
tentáculos, barbatanas, traqueias,
pluma nupcial e peles de inverno
mostram que ela tem ficado para trás
com o seu trabalho meia-boca.
A vontade da doença não basta
e até nossa mãozinha com guerras e golpes de estado
não é suficiente.
Corações batem dentro de ovos.
Esqueletos de bebês crescem.
Sementes, em trabalho duro, brotam o seu primeiro pequenino par de folhas
e, às vezes, até mesmo árvores altas seguem seu curso.
Quem afirma que ela é onipotente
está ele mesmo provando
que ela não é.
Não há vida
que não possa ser imortal
pelo menos por um momento.
Morte
sempre chega ao momento atrasada.
Em vão ela puxa a maçaneta
da porta invisível.
Tão logo você veio
não pode ser desfeito.
11 de abr. de 2018
9 de abr. de 2018
A voz :: Líria Porto
Aleksey Savrasov
ouvir a canção das águas
seu murmúrio seu chiado
mirar as nuvens que caem
gota a gota num sussurro
conduzirmo-nos à outra margem
desse rio caudaloso
(escandaloso)
que é a vida
com seus urros e silêncios
2 de abr. de 2018
O nome dos Gatos :: T.S.Eliot
Dar nome aos gatos é um assunto traiçoeiro,
E não um jogo que entretenha os indolentes;
Pode julgar-me louco como o chapeleiro,
Mas a um gato se dá TRÊS NOMES DIFERENTES.
Primeiro, o nome por que o chamam diariamente,
Como Pedro, Augusto, Belarmino ou Tomás
Como Victor ou Jonas, Jorge ou Clemente
- Enfim nomes discretos e bastante usuais.
Há mesmo os que supomos soar com som mais brando,
Uns para damas, outro para cavalheiros,
Como Platão, Admetus, Electra, Demétrio
Mas são todos discretos e assaz corriqueiros
Mas a um gato cabe dar um nome especial
Um que lhe seja próprio e menos correntio:
Se não como manter a cauda em vertical,
Distender os bigodes e afagar o brio?
Dos nomes desta espécie é bem restrito o quorum,
Como Quaxo, Munkunstrap ou Coricopato,
Como Bombalurina, ou mesmo Jellylorum...
Nomes que nunca pertencem a mais de um gato.
Mas, acima e além, há um nome que ainda resta,
Este de que jamais ninguém cogitaria,
O nome que nenhuma ciência exata atesta
SOMENTE O GATO SABE, mas nunca o pronuncia.
Se um gato surpreenderes com ar meditabundo,
Saibas a origem do deleite que o consome:
Sua mente se entrega ao êxtase profundo
De pensar, de pensar, de pensar em seu nome:
Seu inefável afável
Inefanefável
Abismal, inviolável e singelo Nome.
fonte: Livro do velho Gambá sobre gatos travessos.
T.S.Eliot, Obra Completa, vol 1, Poesia.
Tradução de Ivan Junqueira
Tradução de Ivan Junqueira
.......
The Naming of Cats, da autoria de T.S.Eliot.
The Naming of Cats is a difficult matter,
It isn’t just one of your holiday games;
You may think at first I’m as mad as a hatter
When I tell you, a cat must have THREE DIFFERENT NAMES.
First of all, there’s the name that the family use daily,
Such as Peter, Augustus, Alonzo or James,
Such as Victor or Jonathan, or George or Bill Bailey –
All of them sensible everyday names.
There are fancier names if you think they sound sweeter,
Some for the gentlemen, some for the dames:
Such as Plato, Admetus, Electra, Demeter –
But all of them sensible everyday names.
But I tell you, a cat needs a name that’s particular,
A name that’s peculiar, and more dignified,
Else how can he keep up his tail perpendicular,
Or spread out his whiskers, or cherish his pride?
Of names of this kind, I can give you a quorum,
Such as Munkustrap, Quaxo, or Coricopat,
Such as Bombalurina, or else Jellylorum –
Names that never belong to more than one cat.
But above and beyond there’s still one name left over,
And that is the name that you never will guess;
The name that no human research can discover –
But THE CAT HIMSELF KNOWS, and will never confess.
When you notice a cat in profound meditation,
The reason, I tell you, is always the same:
His mind is engaged in a rapt contemplation
Of the thought, of the thought, of the thought of his name:
His ineffable effable
Effanineffable
Deep and inscrutable singular Name.
The Naming of Cats is a difficult matter,
It isn’t just one of your holiday games;
You may think at first I’m as mad as a hatter
When I tell you, a cat must have THREE DIFFERENT NAMES.
First of all, there’s the name that the family use daily,
Such as Peter, Augustus, Alonzo or James,
Such as Victor or Jonathan, or George or Bill Bailey –
All of them sensible everyday names.
There are fancier names if you think they sound sweeter,
Some for the gentlemen, some for the dames:
Such as Plato, Admetus, Electra, Demeter –
But all of them sensible everyday names.
But I tell you, a cat needs a name that’s particular,
A name that’s peculiar, and more dignified,
Else how can he keep up his tail perpendicular,
Or spread out his whiskers, or cherish his pride?
Of names of this kind, I can give you a quorum,
Such as Munkustrap, Quaxo, or Coricopat,
Such as Bombalurina, or else Jellylorum –
Names that never belong to more than one cat.
But above and beyond there’s still one name left over,
And that is the name that you never will guess;
The name that no human research can discover –
But THE CAT HIMSELF KNOWS, and will never confess.
When you notice a cat in profound meditation,
The reason, I tell you, is always the same:
His mind is engaged in a rapt contemplation
Of the thought, of the thought, of the thought of his name:
His ineffable effable
Effanineffable
Deep and inscrutable singular Name.
30 de mar. de 2018
Senecio rowleyanus :Colar-de-pérolas, Pérola-verde, rosário
Clado: angiospérmicas
Subclasse: Asteridae
Ordem: Asterales
Família: Asteraceae
Género: Senecio
Espécie: S. rowleyanus
Nome binomial
Senecio rowleyanus conhecida popularmente como "rosário", é uma espécie de planta suculenta, perene da família Asteraceae.
É uma planta nativa do Sudoeste Africano, que desenvolve numerosos caules longos e rasteiros. As suas folhas são esféricas para minimizar a área de superfície e assim conservar água. É bastante cultivada como planta ornamental.
Toxicidade
E comumente dito que todas as partes da planta são tóxicas, embora Gordon Rowley, um estudioso de plantas, afirma que é inofensiva.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
29 de mar. de 2018
Retrato :: , Maria Lúcia DAL FARRA
De que me vale a herança do saber
se atrelá-la devo a meu viver
e se o que escrevo é pó, ungüento e em nada
mudo aquela que em si já era farta?
Ó dicionário exato em mim minguante,
lua cujo reverso acresce em vão!
Buraco, estátua de musa, chão
estirado entre a fala e diante
de que motivo? Eu? mito perdido
nos elos, eras, fui (e tenho sido)
prodigioso equívoco, penso istmo
a ligar som ao vivo coração
das comovidas coisas sem estilo
de que me ocupo (e às vezes me dão dom).
28 de mar. de 2018
Pergunta :: May Swenson (Longa, Utah, EUA 28 de maio de 1913- 1989)
De Chirico
Corpo minha casa
meu cavalo meu cão de caça
o que farei
quando você cair
Onde irei dormir
Como irei cavalgar
Como irei caçar
Onde irei
sem minha montaria
ávida e ágil
Como irei saber
se o bosque à frente
é perigo ou tesouro
quando Corpo meu bom
cão atento morrer
Como será
deitar no céu
sem teto ou porta
e vento em vez de olhar
Com nuvens se movendo
como irei me esconder?
tradução: Mariana Basílio
.................
Question
Body my house
my horse my hound
what will I do
when you are fallen
Where will I sleep
How will I ride
What will I hunt
Where can I go
without my mount
all eager and quick
How will I know
in thicket ahead
is danger or treasure
when Body my good
bright dog is dead
How will it be
to lie in the sky
without roof or door
and wind for an eye
With cloud for shift
how will I hide?
Em New & Selected Things Taking Place, 1978.
Cinzas de Adélia Prado
YOUQING (EUGENE) WANG
No dia do meu casamento eu fiquei muito aflita.
Tomamos cerveja quente com empadas de capa grossa.
Tive filhos com dores.
Ontem, imprecisamente às nove e meia da noite,
eu tirava da bolsa um quilo de feijão.
Não luto mais daquele modo histérico,
entendi que tudo é pó que sobre tudo pousa e recobre
e a seu modo pacifica.
As laranjas freudianamente me remetem a uma fatia de sonho.
Meu apetite se aguça, estralo as juntas de boa impaciência.
Quem somos nós entre o laxante e o sonífero?
Haverá sempre uma nesga de poeira sob as camas,
um copo mal lavado. Mas que importa?
Que importam as cinzas,
se há convertidos em sua matéria ingrata,
até olhos que sobre mim estremeceram de amor?
Este vale é de lágrimas.
Se disser de outra forma, mentirei.
Hoje parece maio, um dia esplêndido,
os que vamos morrer iremos aos mercados.
O que há neste exílio que nos move?
Digam-no os legumes sobraçados
e esta elegia.
O que escrevi, escrevi
porque estava alegre.
Adélia Prado
(do livro "O coração disparado")
Tomamos cerveja quente com empadas de capa grossa.
Tive filhos com dores.
Ontem, imprecisamente às nove e meia da noite,
eu tirava da bolsa um quilo de feijão.
Não luto mais daquele modo histérico,
entendi que tudo é pó que sobre tudo pousa e recobre
e a seu modo pacifica.
As laranjas freudianamente me remetem a uma fatia de sonho.
Meu apetite se aguça, estralo as juntas de boa impaciência.
Quem somos nós entre o laxante e o sonífero?
Haverá sempre uma nesga de poeira sob as camas,
um copo mal lavado. Mas que importa?
Que importam as cinzas,
se há convertidos em sua matéria ingrata,
até olhos que sobre mim estremeceram de amor?
Este vale é de lágrimas.
Se disser de outra forma, mentirei.
Hoje parece maio, um dia esplêndido,
os que vamos morrer iremos aos mercados.
O que há neste exílio que nos move?
Digam-no os legumes sobraçados
e esta elegia.
O que escrevi, escrevi
porque estava alegre.
Adélia Prado
(do livro "O coração disparado")
27 de mar. de 2018
21 de mar. de 2018
Quero surpresas !
“ - Não quero amigos novos. A mim me bastam os velhos, cujas
qualidades e defeitos já conheço. Amigo novo dá muito trabalho. Sabe por quê ?
Pra começo de conversa porque a gente tem que descobrir as suas manias e
implicâncias, tatear os assuntos que lhe agradam ou aborrecem, precisa
afeiçoá-lo às nossas próprias
implicâncias, amolda-los aos hábitos que cultivamos, impor-lhe que respeite
nossas opiniões e, em contrapartida, acatar as suas, detectar-lhe a
inteligência e a burrice. Todos nós somos, a um tempo – você já reparou ? –
perspicazes e obtusos. Em suma, a gente tem que se acostumar a ele, o que leva
anos. Amigo velho não: é um sossego, uma tranqüilidade ! Não dá surpresas
desagradáveis, já se sabe como se comporta, que reações vai ter. Em suma, é previsível.
Olhe, amizade é como picles: tem que ser
curtida pelo tempo para bem se impregnar dos temperos que lhe dão sabor.”
Mário da Silva Brito in: Conversa vai, conversa vem. Rio de
Janeiro, Civilização Brasileira, 1974
Bauínia-blaqueana ou unha-de-vaca ou pata de vaca, árvore orquídea
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma caixa taxonómicaBauínia-blaqueana
Flor de Bauhinia blakeana
Flor de Bauhinia blakeana
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Fabales
Família: Leguminosae
Subfamília: Caesalpinioideae
Género: Bauhinia
Espécie: B. blakeana
Nome binomial
Bauhinia blakeana
Bauínia blaqueana ou unha-de-vaca (Bauhinia blakeana; Fabaceae - Caesalpinioideae)
Características das folhas (tamanho; persistência): média
Copa (formato; diâmetro): arredondada; 4 a 6
Clima:tropical
Crescimento: rápido
Floração (coloração; época): rosa; maio a julho
Frutificação (tipo do fruto; época da frutificação): vagem
Origem: Hong Kong
Porte (altura da planta): 6 m
Propagação: estaquia, alporquia e enxertia
Floresce durante quase todo o ano porém não dá sementes porque é um híbrido entre a Bauhinia purpurea e a Bauhinia variegata.
Les missionnaires français de la maison de Béthanie à Hong Kong ont été les premiers à avoir observé et cultivé cette plante dans les années 1880. La première description de l'arbre fut publiée en 1908 par Stephen Troyte Dunn (1868-1938), qui l'assigna au genre Bauhinia et le nomma d'après Sir Henry Blake1, gouverneur de Hong Kong de 1889 à 1903. Sir Henry Blake avait découvert le Bauhinia blakeane près des ruines d'une maison sur le rivage de l'île de Hong Kong, près de Pok Fu Lam et en avait fait part aux missionnaires français qui l'avait déjà observé près du Mount Davis.
Le Bauhinia blakeana fut adopté comme l'emblème de Hong Kong en 1965. Depuis 1997, la fleur apparaît sur le drapeau de Hong Kong et sur sa monnaie (depuis 1993). Il est également l'arbre emblématique de Zhuhai.
fonte: wikipedia20 de mar. de 2018
Sextilha Camoniana :: Olga Savary (Belém do Pará 1933)
Munch
Daqui dou o viver já por vivido.
Quero estar quieta, sozinha agora,
igual a uma cobra de cabeça chata,
ficar sentada sobre os meus joelhos
como alguém coagulado em outra margem.
Daqui dou o viver já por vivido.ido.
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Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector
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