Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
20 de abr. de 2020
17 de abr. de 2020
CARNAVAL CARIOCA DE MARIO DE ANDRADE : carta para Manuel Bandeira
16 de abr. de 2020
13 de abr. de 2020
A beleza que se diz :: Valter Hugo Mãe
10 de abr. de 2020
Um homem em sua vida :: Yehuda Amichai
Um homem não tem tempo em sua vida
para ter tempo para cada coisa.
Ele não possui momentos suficientes para ter
um momento para cada coisa. O Eclesiastes
Estava errado a esse respeito.
Um homem precisa amar e odiar no mesmo instante,
rir e chorar com os mesmos olhos,
com as mesmas mãos atirar e ajuntar as pedras,
fazer amor na guerra e guerra no amor.
E odiar e perdoar e lembrar e esquecer,
arranjar e confundir, comer e digerir
o que a história
leva anos para fazer.
Um homem não tem tempo.
Quando ele perde ele busca, quando ele encontra
esquece, quando esquece ele ama, quando ama
começa a esquecer.
E sua alma amadurece, sua alma
é muito profissional.
Apenas seu corpo permanece para sempre
um amador. Comete erros e acerta,
perturba-se, não aprende nada,
bêbado e cegado por seus prazeres
e suas dores.
Ele morrerá como os figos morrem no outono,
Enrugado e cheio de si mesmo e doçura,
as folhas ressecando no solo,
os galhos nus apontando para o lugar
onde há tempo para todas as coisas.
Tradução .: Pedro Gonzaga
Um homem e a Sua Vida ( poema para tempos escassos):: Yehuda Amichai
Um homem não tem tempo na sua vida
para ter tempo para tudo.
Não tem momentos que cheguem para ter
momentos para todos os propósitos. Eclesiastes
está enganado acerca disto.
Um homem precisa de amar e odiar no mesmo instante,
de rir e chorar com os mesmos olhos,
com as mesmas mãos atirar e juntar pedras,
de fazer amor durante a guerra e guerra durante o amor.
E de odiar e perdoar e lembrar e esquecer,
de planear e confundir, de comer e digerir
que história
leva anos e anos a fazer.
Um homem não tem tempo.
Quando perde procura, quando encontra
esquece, quando esquece ama, quando ama
começa a esquecer.
E a sua alma é erudita, a sua alma
é profissional.
Só o seu corpo permanece sempre
um amador. Tenta e falha,
fica confuso, não aprende nada,
embriagado e cego nos seus prazeres
e nas suas mágoas.
Morrerá como um figo morre no Outono,
Enrugado e cheio de si e doce,
as folhas secando no chão,
os ramos nus apontando para o lugar
onde há tempo para tudo.
9 de abr. de 2020
Rita Lee e a quarentena
6 de abr. de 2020
30 de mar. de 2020
Do que não se diz :: Noemi Jaffe
(...) aprendi a conhecer as pessoas pelo que elas não dizem. Ouço e vejo nos gestos dela o que ela cala e que para mim é algo assim: não sou esse ácido nem essa pedra; minha dureza comunica sinais vagos, em volume muito baixo e, se alguém quiser escutar, terá que apurar os ouvidos, encostar a cabeça no chão, nas paredes, porque eu não vou fazer o menor esforço para gritar ou ser ouvida; mas estou falando, aqui, sob os escombros do silêncio, baixinho, uma palavra; um tipo de ai. Eu ouço esse ai e é nele que reconheço que a separação entre vocês, a insistência obstinada no vazio que ela criou ao redor, escondem um tipo de arrependimento. Como se ela soubesse que você não foi o único culpado e essa fosse a maior dor: saber que ela poderia ter feito algo para você ficar.
28 de mar. de 2020
Adeline Virginia Woolf (Adeline Virginia Stephen - Kensington, Middlesex, 25 de janeiro de 1882 — Lewes, Sussex, 28 de março de 1941)
No ano de 1941, com o estopim da Segunda Guerra Mundial, a destruição da sua casa em Londres durante o Blitz e a fria recepção da crítica à sua biografia Virginia Woolf caiu em uma depressão semelhante à que sofreu durante a juventude.
Último bilhete para o marido, Leonard Woolf, Virginia escreveu:
Querido,
Tenho certeza de que enlouquecerei novamente. Sinto que não podemos passar por outro daqueles tempos terríveis. E, desta vez, não vou me recuperar. Começo a escutar vozes e não consigo me concentrar. Por isso estou fazendo o que me parece ser a melhor coisa a fazer. Você tem me dado a maior felicidade possível. Você tem sido, em todos os aspectos, tudo o que alguém poderia ser. Não acho que duas pessoas poderiam ter sido mais felizes, até a chegada dessa terrível doença. Não consigo mais lutar. Sei que estou estragando a sua vida, que sem mim você poderia trabalhar. E você vai, eu sei. Veja que nem sequer consigo escrever isso apropriadamente. Não consigo ler. O que quero dizer é que devo toda a felicidade da minha vida a você. Você tem sido inteiramente paciente comigo e incrivelmente bom. Quero dizer que – todo mundo sabe disso. Se alguém pudesse me salvar teria sido você. Tudo se foi para mim, menos a certeza da sua bondade. Não posso continuar a estragar a sua vida. Não creio que duas pessoas poderiam ter sido mais felizes do que nós.
V.
Em 28 de março de 1941, Woolf colocou seu casaco, encheu os seus bolsos com pedras, caminhou em direção ao Rio Ouse, perto de sua casa, e se afogou. Seu corpo foi encontrado somente três semanas mais tarde, em 18 de abril de 1941, por um grupo de crianças perto da ponte de Southease.
27 de mar. de 2020
Do Livro Vermelho de C.G. Jung
26 de mar. de 2020
25 de mar. de 2020
Os filhos da época :: Wisława Szymborska
Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector
Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...
-
Tem de haver mais Agora o verão se foi E poderia nunca ter vindo. No sol está quente. Mas tem de haver mais. Tudo aconteceu, Tu...
-
A ilha da Madeira foi descoberta no séc. XV e julga-se que os bordados começaram desde logo a ser produzidos pel...