Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
4 de jan. de 2021
Sempre :: Noemi Jaffe
31 de dez. de 2020
28 de dez. de 2020
Para comer depois :: Adélia Prado
25 de dez. de 2020
Outro natal :: Adriano Nunes
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24 de dez. de 2020
Glauco Mattoso, "Revisitado"
15 de dez. de 2020
Hélio Pellegrino, Carta a Fernando Sabino
10 de dez. de 2020
Precisa-se :: Clarice Lispector
fonte: A descoberta do mundo. Rocco, 1999.
Clarice Lispector:: pinturas
9 de dez. de 2020
Será que morrer é o último prazer terreno ?
Fonte: A descoberta do mundo. Rocco
8 de dez. de 2020
Lenilde Freitas :: Narciso
A flor narciso
tem seu mistério.
Depois que brota no topo da haste,
vive alguns dias e fenece.
Suas folhas curvas em dor
morrem também.
Como o bulbo vivo permanece,
levá-la ao escuro é o que convém,
deixar que o tempo passe.
Ao voltar à luz a flor renasce.
FREITAS, Lenilde. Esboço de Eva. São Paulo: Roswitha Kempf / Editores, 1987.
7 de dez. de 2020
Nonada de Guimarães Rosa
Rosa, João Guimarães: Grande Sertão: Veredas. 19ª edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p. 366
30 de nov. de 2020
27 de nov. de 2020
CÉU DE CONFEITEIRO:: Cida Pedrosa (1963 em Bodocó- PE)
uma fatia de céu
é dadanesta noite de maio
quinhão que cabe ao homem
que da janela espera
a urbe apita
e o calor
se faz bruma e precipício
uma fatia de céu
é dada
aos amantes da varanda
quinhão que cabe ao amor
em tempos de luas magras
26 de nov. de 2020
O TEMPO PASSOU E ME FORMEI EM SOLIDÃO :: José Antônio Oliveira de Resende
Sou do tempo em que ainda se faziam visitas. Lembro-me de minha mãe mandando a gente caprichar no banho, porque a família toda iria visitar algum conhecido.
Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé. Geralmente, à noite.
Ninguém avisava nada, o costume era chegar de paraquedas mesmo. E os donos da casa recebiam alegres a visita.
Aos poucos, os moradores iam se apresentando, um por um.
– Olha o compadre aqui, garoto! Cumprimenta a comadre.
E o garoto apertava a mão do meu pai, da minha mãe, a minha mão e a mão dos meus irmãos. Aí chegava outro menino. Repetia-se toda a diplomacia.
– Mas vamos nos assentar, gente. Que surpresa agradável!
A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre e minha mãe de papo com a comadre. Eu e meus irmãos ficávamos assentados todos num mesmo sofá, entreolhando-nos e olhando a casa do tal compadre. Retratos na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro... casa singela e acolhedora.
A nossa também era assim.
Também eram assim as visitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras que era também costume servir um bom café aos visitantes. Como um anjo benfazejo, surgia alguém lá da cozinha – geralmente uma das filhas – e dizia:
– Gente, vem aqui pra dentro que o café está na mesa.
Tratava-se de uma metonímia gastronômica. O café era apenas uma parte: pães, bolo, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite... tudo sobre a mesa.
Juntava todo mundo e as piadas pipocavam. As gargalhadas também.
Pra que televisão? Pra que rua? Pra que droga? A vida estava ali, no riso, no café, na conversa, no abraço, na esperança... Era a vida respingando eternidade nos momentos que acabam.... era a vida transbordando simplicidade, alegria e amizade...
Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esquina. Ainda nos acenávamos. E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela acolhida.
Era assim também lá em casa. Recebíamos as visitas com o coração em festa... A mesma alegria se repetia. Quando iam embora, também ficávamos, a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos... até que sumissem no horizonte da noite.
O tempo passou e me formei em solidão.
Tive bons professores: televisão, vídeo, DVD, internet, e-mail, Whatsapp ... Cada um na sua e ninguém na de ninguém. Não se recebe mais em casa. Agora a gente combina encontros com os amigos fora de casa:
– Vamos marcar uma saída!... – ninguém quer entrar mais.
Assim, as casas vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem mortos anônimos e possibilidades enterradas. Cemitério urbano, onde perambulam zumbis e fantasmas mais assustados que assustadores.
Casas trancadas.. Pra que abrir? O ladrão pode entrar e roubar a lembrança do café, dos pães, do bolo, das broas, do queijo fresco, da manteiga, dos biscoitos do leite...
Que saudade do compadre e da comadre!...
José Antônio Oliveira de Resende
Professor de Prática de Ensino de Língua Portuguesa, do Departamento de Letras, Artes e Cultura, da Universidade Federal de São João del-Rei.
Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector
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