8 de jan. de 2024

Matrioskas :: Rubermária Sperandio

Pra não romper nas nervuras,

facilitar o entalhe,

secar sem se entortar,

é preciso escolher a madeira certa.

Depois, faz-se um buraco nela.

“Vai doer!”

Ainda dói

o miolo estripado.

No seu oco,

coloca-se a outra

feita à sua semelhança;

cópia da cópia.

Para animar mais o artesão,

cores alegres e divertidas.

Verniz contra o gelo

pra ela não desmaiar.

Assim são espalhadas pelo mundo,

em diferentes cores e fantasias.

Mães e filhas, bonecas

fazendo a festa do artífice.

E lá dentro da Matrioska,

mulheres diminuídas.

Mas tudo tem um fim.

A última será a inteira.

Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...