Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
13 de set. de 2009
Sonhos
Há sonhos que devem ser ressonhados, projetos que não podem ser esquecidos..."
"Estar sendo. Ter sido" de Hilda Hilst
7 de set. de 2009
16 de ago. de 2009
Paisley
Gombad Mosque (ano 800–900; Balkh, Afeganistão)
Boteh é a palavra persa usada para descrever a flor em
botão ou folha de palmeira sendo que na tapeçaria persa este motivo
é freqüentemente encontrado em grupo ou isoladamente em intrincados desenhos. O motivo é interpretado de várias formas: chamas, gotas
de lágrima, o fruto da pinha, a pera e também o cipreste. Muito comum na região de Caxemira
(Índia) em lenços e xales foi copiado pelos ingleses e reproduzido em tecelagens
da cidade de Paisley (Escócia) ficando conhecido então por este nome.
O paisley foi símbolo do movimento hippie, especialmente da
contracultura, apropriado talvez pela
conotação sofisticada dada pelos aristocratas britânicos onde era usado
em gravatas, camisas e vestidos de seda, além dos xales de caxemira.
9 de ago. de 2009
2 de ago. de 2009
Condição humana
A solidão é o fato mais profundo da condição humana.
O homem é o único ser que sabe que esta sozinho.
Octavio Paz in: O labirinto da solidão
28 de jul. de 2009
26 de jul. de 2009
Domingo
o diamante dos sábados, a rosa
de terça, a luz de quinta, a mágica
de horas matinais, que nós mesmos elegemos
para nossa pessoal despesa, essa parte secreta
de cada um de nós, no tempo.
Os últimos dias. Drummond
5 de jul. de 2009
Paisagem N.º 1
Minha Londres das neblinas finas!
Pleno verão. Os dez mil milhões de rosas paulistanas.
Há neve de perfumes no ar.
Faz frio, muito frio...
E a ironia das pernas das costureirinhas
parecidas com bailarinas...
O vento é como uma navalha
nas mãos dum espanhol. Arlequinal!...
Há duas horas queimou Sol.
Daqui a duas horas queima Sol.
Passa um São Bobo, cantando, sob os plátanos,
um tralálá... A guarda-cívica! Prisão!
Necessidade a prisão
para que haja civilização?
Meu coração sente-se muito triste...
Enquanto o cinzento das ruas arrepiadas
dialoga um lamento com o vento...
Meu coração sente-se muito alegre!
Este friozinho arrebitado
dá uma vontade de sorrir!
E sigo. E vou sentindo,
à inquieta alacridade da invernia,
como um gosto de lágrimas na boca...
Pleno verão. Os dez mil milhões de rosas paulistanas.
Há neve de perfumes no ar.
Faz frio, muito frio...
E a ironia das pernas das costureirinhas
parecidas com bailarinas...
O vento é como uma navalha
nas mãos dum espanhol. Arlequinal!...
Há duas horas queimou Sol.
Daqui a duas horas queima Sol.
Passa um São Bobo, cantando, sob os plátanos,
um tralálá... A guarda-cívica! Prisão!
Necessidade a prisão
para que haja civilização?
Meu coração sente-se muito triste...
Enquanto o cinzento das ruas arrepiadas
dialoga um lamento com o vento...
Meu coração sente-se muito alegre!
Este friozinho arrebitado
dá uma vontade de sorrir!
E sigo. E vou sentindo,
à inquieta alacridade da invernia,
como um gosto de lágrimas na boca...
Mário de Andrade
28 de jun. de 2009
Da Mafalda
"¿Qué importan los años?
Lo que realmente importa es comprobar que al fin de cuentas
la mejor edad de la vida es estar vivo"
Lo que realmente importa es comprobar que al fin de cuentas
la mejor edad de la vida es estar vivo"
21 de jun. de 2009
Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento
Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós. Assim um passarinho nas mãos de uma criança é mais importante para ela do que a Cordilheira dos Andes. Que um osso é mais importante para o cachorro do que uma pedra de diamante. E um dente de macaco da era terciária é mais importante para arqueólogos do que a Torre Eifel. (Veja que só um dente de macaco!) Que uma boneca de trapos que abre e fecha os olhinhos azuis nas mãos de uma criança é mais importante que o Empire State Building. Que o cu de uma formiga é mais importante para o poeta do que uma Usina Nuclear. Sem precisar medir o ânus da formiga. Que o canto das águas e das rãs nas pedras é mais importante para os músicos que os ruídos dos motores da Fórmula 1. Há um desagero em mim de aceitar essas medidas. Porém não sei se isso é um defeito do olho ou da razão. Se é defeito da alma ou do corpo. Se fizeram algum exame mental em mim por tais julgamentos, vão encontrar que eu gosto mais de conversar sobre restos de comida com as moscas do que com homens doutos.
Manoel de Barros
20 de jun. de 2009
14 de jun. de 2009
7 de jun. de 2009
O espelho
Quando menino, eu temia que o espelho
Me mostrasse outro rosto ou uma cega
Máscara impessoal que ocultaria
Algo na certa atroz. Temi também
Que o silencioso tempo do espelho
Se desviasse do curso cotidiano
Dos horários do homem e hospedasse
Em seu vago extremo imaginário
Seres e formas e matizes novos.
(Não disse isso a ninguém, menino tímido.)
Agora temo que o espelho encerre
O verdadeiro rosto de minha alma,
Lastimada de sombras e de culpas,
O que Deus vê e talvez vejam os homens.
Jorge Luis Borges
21 de mai. de 2009
Milagre
Tudo, aliás, é a ponta de um mistério, inclusive os fatos.
Ou a ausência deles.
Duvida?
Quando nada acontece há um milagre que não estamos vendo.
Guimarães Rosa
12 de mai. de 2009
Como tratar o que se tem de Clarice Lispector
Existe um ser que mora em mim como se fosse casa sua, e é. Trata-se de um cavalo preto e lustroso que apesar de inteiramente selvagem - pois nunca morou em ninguém nem jamais lhe puseram rédeas nem sela - apesar de inteiramente selvagem tem por isso mesmo uma doçura primeira de quem não tem medo: come às vezes na minha mão. Seu focinho é úmido e fresco. Eu beijo o seu focinho. Quando eu morrer, o cavalo preto ficará sem casa e vai sofrer muito. A menos que ele escolha outra casa que não tenha medo do que é ao mesmo tempo selvagem e suave. Aviso que ele não tem nome: basta chamá-lo e se acerta com seu nome. Ou não se acerta, mas uma vez chamado com doçura e autoridade ele vai. Se ele fareja e sente que um corpo é livre, ele trota sem ruídos e vai. Aviso também que não se deve temer o seu relinchar: a gente se engana e pensa que é a gente mesmo que está relinchando de prazer ou de cólera.
10 de mai. de 2009
Eu toparei comigo
Mas um dia afinal eu toparei comigo...
Tenhamos paciência, andorinhas curtas,
Só o esquecimento é que condensa,
E então minha alma servirá de abrigo.
Eu Sou Trezentos.. Mário de Andrade
5 de mai. de 2009
Andar
Estou, quanto a companhia espiritual e imediata, quase só, se não só em absoluto... Não sou das pessoas menos acompanháveis por si próprias, mas ainda assim — e de vez em quando aborreço-me de não andar senão comigo. Fernando Pessoa
3 de mai. de 2009
Contínua e infinita fragmentação
"A vida não para pra gente descansar! Se fosse só ruim ninguém aguentava e morria logo, fosse só bom ninguém reclamava, mas é bom e ruim, é despedaçado, contínua e infinita fragmentação."
Adélia Prado
27 de abr. de 2009
20 de abr. de 2009
12 de abr. de 2009
5 de abr. de 2009
Mudança
Somos lo que hacemos, y sobre todo lo que hacemos para cambiar lo que somos.
Eduardo Galeano In: Voces de nuestro tiempo
Eduardo Galeano In: Voces de nuestro tiempo
31 de mar. de 2009
Ensaios fotográficos
Quero inventar comportamento para as coisas.
Li uma vez que a tarefa mais lídima da poesia é a
de equivocar o sentido das palavras
Não havendo nenhum descomportamento nisso
senão que alguma experiência lingüística.
Noto que às vezes sou desvirtuado a pássaros, que
sou desvirtuado em árvores, que sou desvirtuado
para pedras.
Mas que essa mudança de comportamento gental
para animal vegetal ou pedral
É apenas um descomportamento semântico.
Se eu digo que grota é uma palavra apropriada para
ventar nas pedras,
Apenas faço o desvio da finalidade da grota que
não é a de ventar nas pedras.
Se digo que os passarinhos faziam paisagens na
minha infância,
É apenas um desvio das tarefas dos passarinhos que
não é a de fazer paisagens.
Mas isso é apenas um descomportamento lingüístico que
não ofende a natureza dos passarinhos nem das grotas.
Mudo apenas os verbos e às vezes nem mudo.
Mudo os substantivos e às vezes nem mudo.
Se digo ainda que é mais feliz quem descobre o que não
presta do que quem descobre ouro -
Penso que ainda assim não serei atingido pela bobagem.
Apenas eu não tenho polimentos de ancião.
Manoel de Barros
28 de mar. de 2009
Instante de Sophia de Mello Breyner Andresen
imagem: Hammershoi
Deixai-me limpo
O ar dos quartos
E liso
O branco das paredes
Deixai-me com as coisas
Fundadas no silêncio
12 de mar. de 2009
Uma experiência
foto: Clarice Lispector
"Talvez seja uma das experiências humanas e animais mais importantes. A de pedir socorro e, por pura bondade e compreensão do outro, o socorro é dado. Talvez valha a pena ter nascido para que um dia mudamente se implore e mudamente se receba. Eu já pedi socorro. E não me foi negado.
Senti-me então como se eu fosse um tigre perigoso com uma flecha cravada na carne, e que estivesse rondando devagar as pessoas medrosas para descobrir quem lhe tiraria a dor. E então uma pessoa tivesse sentido que um tigre ferido é apenas tão perigoso como uma criança. E aproximando-se da fera, sem medo de tocá-la, tivesse arrancado com cuidado a flecha fincada." Clarice Lispector In: A descoberta do mundo
13 de fev. de 2009
Seus olhos
Eu amo seus olhos tão negros, tão puros,
De vivo fulgor;
Seus olhos que exprimem tão doce harmonia,
Que falam de amores com tanta poesia,
Com tanto pudor.
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Assim é que são;
Eu amo esses olhos que falam de amores
Com tanta paixão.
Gonçalves Dias
De vivo fulgor;
Seus olhos que exprimem tão doce harmonia,
Que falam de amores com tanta poesia,
Com tanto pudor.
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Assim é que são;
Eu amo esses olhos que falam de amores
Com tanta paixão.
Gonçalves Dias
7 de fev. de 2009
Vida
Vida é o que acontece com você enquanto você está ocupado fazendo planos.
John Lennon in "Beautiful Boy (Darling Boy)"
30 de jan. de 2009
23 de nov. de 2008
11 de nov. de 2008
20 de out. de 2008
23 de set. de 2008
21 de set. de 2008
Irmãos
Meu Irmão é Filho Único (Mio fratello è figlio unico)
O filme mostra as mudanças de postura, discussões e a inevitável separação dos irmãos por causa de seus rumos até, claro, o reencontro promovido pela sabedoria da idade. Com o tempo, eles percebem a verdadeira essência não apenas de suas diferenças, mas de suas semelhanças.
7 de set. de 2008
24 de ago. de 2008
31 de jul. de 2008
30 de jul. de 2008
26 de jul. de 2008
23 de jul. de 2008
Inteiramente
Canova Antonio Amore e Psiche, 1788-1793
Tenho desejo, tenho saudade de você - mas tamanha - que não encontro paz (hoje particularmente!) e penso somente em você. Não vou à parte alguma, caminho de um canto a outro, olho no seu armário vazio, nada pode ser mais triste do que a vida sem você. Não me esqueça, por Deus, amo-a um milhão de vezes mais que todos os outros postos juntos. Não me interessa ver ninguém, não tenho vontade de falar com ninguém a não ser com você. O dia mais lindo da minha vida será o da sua chegada. Ame-me, menina. Não se descuide, descanse, escreva se necessita de alguma coisa. Beijo-a, beijo-a, beijo-a, beijo-a, beijo-a beijo-a, beijo-a, beijo-a, beijo-a, beijo-a, beijo-a, beijo-a, beijo-a, beijo-a, beijo-a, beijo-a beijo-a, beijo-a. Não me esqueça, querida, inteiramente seu.
Maiakovski
17 de jul. de 2008
Anjo - Madri
“ Os anjos não dão os ombros, não;
quando querem mostrar indiferença
os anjos dão as asas.”
Mário Quintana, in Caderno H
15 de jun. de 2008
12 de jun. de 2008
A cançãozinha do primeiro desejo
Na manhã verde,
queria ser coração.
Coração.
E na tarde madura
queria ser rouxinol.
Rouxinol.
(Alma,
põe-te cor de laranja.
Alma,
põe-te da cor do amor.)
Na manhã viva,
eu queria ser eu.
Coração.
E na tarde caída
queria ser minha voz.
Rouxinol.
Alma,
põe-te cor de laranja!
Alma,
põe-te da cor do amor!
Garcia Lorca
11 de mai. de 2008
Palavra
Brilham como pedras coloridas, saltam como peixes de prata, são espuma, fio, metal, orvalho...São tão belas que quero colocá-las todas em meu poema... Agarro-as no vôo, quando vão zumbindo, e capturo-as, limpo-as, aparo-as, preparo-me diante do prato, sinto-as cristalinas, vibrantes, ebúrneas, vegetais, oleosas, como frutas, como algas, como ágatas, como azeitonas... E então as revolvo, agito-as, trituro-as, adorno-as, liberto-as... Deixo-as como estalactites em meu poema como pedacinhos de madeira polida, como carvão, como restos de naufrágio, presentes da onda... Tudo está na palavra... Uma idéia inteira muda porque uma palavra mudou de lugar ou porque se sentou como uma rainha dentro de uma frase que não a esperava e que lhe obedeceu... Têm sombra, transparência, peso, plumas, pêlos, têm tudo o que se lhes foi agregado de tanto vagar pelo rio, de tanto transmigrar de pátria, de tanto ser raízes... São antiqüíssimas e recentíssimas.
Pablo Neruda in Confesso que vivi
Assinar:
Postagens (Atom)
Os dias felizes :: Cecília Meireles
Fernando Igor Os dias felizes estão entre as árvores, como os pássaros: viajam nas nuvens, correm nas águas, desmancham-se na areia. Todas...

-
Tem de haver mais Agora o verão se foi E poderia nunca ter vindo. No sol está quente. Mas tem de haver mais. Tudo aconteceu, Tu...
-
A ilha da Madeira foi descoberta no séc. XV e julga-se que os bordados começaram desde logo a ser produzidos pel...