Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
10 de nov. de 2011
Quanto maior for a sua própria beleza.
Talvez o meu destino seja eternamente ser guarda-livros, e a poesia ou a literatura uma borboleta que, pousando-me na cabeça, me torne tanto mais ridículo quanto maior for a sua própria beleza.
Fernando Pessoa in Livro do desassossego
O vídeo da vovó Magnólia de Jairo Marques
Minha mulher, que lá em casa é minha deusa, compartilhou com os amigos de uma dessas redes que pescam gente, as tais redes sociais, um vídeo que mostrava sua avó, uma típica mineira de palavras curtinhas e de sorriso "facim, facim", contando histórias de vaidades, de saudades, de futebol e de família.
Embora eu não tenha conhecido dona Magnólia, a avó em questão, adorei e me emocionei ao ver aquela senhora sentada em um sofá bem confortável dando uma "entrevista" informal a uma das filhas para ser apreciada a qualquer tempo, inclusive na posteridade, por toda a parentada.
Vó Magnólia usava um roupão cor-de-rosa -quase na mesma tonalidade da flor homônima de seu registro-, óculos grandes e redondos, mas que já pouco serviam, e cabelos irretocáveis, tingidos de castanho. Articulava as ideias com a memória meio barro meio tijolo devido à fúria do Alzheimer, mas nada que comprometesse o conteúdo geral.
Mesmo que por estes dias as câmeras de filmar estejam sempre ao alcance das mãos -há até caneta, botão e broches que gravam tudo em Brasília-, são pouquíssimas as vezes em que os velhos viram "atores" para contar sobre as coisas do mundo, seja de seus mundos, seja de suas coisas.
É bem diferente dos bebês, dos bichinhos e dos engraçados. Esses estão gravados e espalhados por todos os lados, ainda mais no tal universo digital. Não faltam "facebooqueiros" que os postam rotineiramente na internet fazendo fofices, dando cambalhotas desajeitadas, correndo atrás do próprio rabo, tendo atitudes de adultos ou soltando falas anedóticas.
Vovós Magnólias, não as vi muitas. E digo isso para não comprometer a sagacidade de minha memória escrevendo que ela foi a única. Ser velho não tem graça? Ser velho não é bonito? Ser velho não tem alegria? Ser velho não dá o que falar?
Defendo que a mira das lentes seja mais voltada àqueles que a gente ama, àqueles de quem o tempo já não conta a favor, àqueles que justificam de maneira completa a palavra saudade. Mesmo que, rotineiramente, eles digam que "detestam essas coisas modernas", insista, grave escondidinho, brinque de fazer novela, de imitar o Jô Soares entrevistando.
Imagine tirar das gavetas tecnológicas essas lembranças sempre que o coração tiver vontade, que a alma gritar por um banho de recordação. Que delícia seria morrer de rir relembrando o jeito como o vozinho penteava o que chamava de cabelo para, depois, esconder tudo na boina xadrez.
E o que dizer da cena da mãe nervosa balangando as pernas e reclamando do caçula ingrato que não liga há dois dias? Não gravei nem gravaram minha avó na máquina de costura fazendo bainha ou no fogão frigindo seus famosos bolinhos de polvilho. Seria delicioso poder revê-la de formas simples assim, escutar sua voz e encantar-me, mais uma vez, com seus causos já quase esquecidos.
Embora eu não tenha conhecido dona Magnólia, a avó em questão, adorei e me emocionei ao ver aquela senhora sentada em um sofá bem confortável dando uma "entrevista" informal a uma das filhas para ser apreciada a qualquer tempo, inclusive na posteridade, por toda a parentada.
Vó Magnólia usava um roupão cor-de-rosa -quase na mesma tonalidade da flor homônima de seu registro-, óculos grandes e redondos, mas que já pouco serviam, e cabelos irretocáveis, tingidos de castanho. Articulava as ideias com a memória meio barro meio tijolo devido à fúria do Alzheimer, mas nada que comprometesse o conteúdo geral.
Mesmo que por estes dias as câmeras de filmar estejam sempre ao alcance das mãos -há até caneta, botão e broches que gravam tudo em Brasília-, são pouquíssimas as vezes em que os velhos viram "atores" para contar sobre as coisas do mundo, seja de seus mundos, seja de suas coisas.
É bem diferente dos bebês, dos bichinhos e dos engraçados. Esses estão gravados e espalhados por todos os lados, ainda mais no tal universo digital. Não faltam "facebooqueiros" que os postam rotineiramente na internet fazendo fofices, dando cambalhotas desajeitadas, correndo atrás do próprio rabo, tendo atitudes de adultos ou soltando falas anedóticas.
Vovós Magnólias, não as vi muitas. E digo isso para não comprometer a sagacidade de minha memória escrevendo que ela foi a única. Ser velho não tem graça? Ser velho não é bonito? Ser velho não tem alegria? Ser velho não dá o que falar?
Defendo que a mira das lentes seja mais voltada àqueles que a gente ama, àqueles de quem o tempo já não conta a favor, àqueles que justificam de maneira completa a palavra saudade. Mesmo que, rotineiramente, eles digam que "detestam essas coisas modernas", insista, grave escondidinho, brinque de fazer novela, de imitar o Jô Soares entrevistando.
Imagine tirar das gavetas tecnológicas essas lembranças sempre que o coração tiver vontade, que a alma gritar por um banho de recordação. Que delícia seria morrer de rir relembrando o jeito como o vozinho penteava o que chamava de cabelo para, depois, esconder tudo na boina xadrez.
E o que dizer da cena da mãe nervosa balangando as pernas e reclamando do caçula ingrato que não liga há dois dias? Não gravei nem gravaram minha avó na máquina de costura fazendo bainha ou no fogão frigindo seus famosos bolinhos de polvilho. Seria delicioso poder revê-la de formas simples assim, escutar sua voz e encantar-me, mais uma vez, com seus causos já quase esquecidos.
9 de nov. de 2011
Saber de si
Henri Rousseau - La Bohémienne endormie
A noite chegou bruscamente. Meu coração bateu alheio. Sem saber de si.
Livia Garcia Roza
Guardo junto
"Escolho, desdobro, renovo, substituo e traduzo: guardo junto com as minhas coisas e digo que é meu."
Olívia Niemeyer
Olívia Niemeyer nasceu no Rio de Janeiro e atualmente mora em Campinas. Mestra e doutora em linguística aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), recebeu orientação de Nair Kremer, Vera Ferro e Carlos Fajardo nas artes visuais. Participa de salões desde 1997. Seu trabalho artístico privilegia formas interrompidas e fragmentadas, focos de dispersão e multiplicidade.
Olívia Niemeyer nasceu no Rio de Janeiro e atualmente mora em Campinas. Mestra e doutora em linguística aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), recebeu orientação de Nair Kremer, Vera Ferro e Carlos Fajardo nas artes visuais. Participa de salões desde 1997. Seu trabalho artístico privilegia formas interrompidas e fragmentadas, focos de dispersão e multiplicidade.
8 de nov. de 2011
A verdadeira crise por Vladimir Saflate
Nós: autobiografismos de Olívia Niemeyer
Imagem: Olívia Niemeyer - Nós: autobiografismos
Harold Pinter
7 de nov. de 2011
Papel de arroz
Mira:
as coisas construídas oscilam
numa frágil arquitetura
(os papéis cultivados
em campos
guardarão sempre a memória seca
dos dias alagados).
Também as palavras revelam somente o que escondem:
eis a solução de uma questão
delicada.
Ana Martins Marques
6 de nov. de 2011
Uma aprendizagem ou o Livro dos prazeres de Clarice Lispector
brincos de www.envedette.com.br
Usaria brincos?
Hesitou, pois queria orelhas apenas delicadas e simples,
alguma coisa modestamente nua...
Clarice Lispector In: Uma aprendizagem ou o Livro dos prazeres
Arco-íris duplo
O Departamento de Meteorologia da Austrália e a Associação Meteorológica e Oceanográfica Australiana divulgaram as fotos que farão parte do seu calendário de 2012. Acima, um arco-íris duplo na praia de Wombarra, em New South Wales.
Com um pouquinho de medo
Descobrir, em qualquer parte do Brasil, uma reserva de escuro e silêncio absolutos.
Caminhar no escuro no meio das estrelas uma noite inteira.
Com um pouquinho de medo: o medo é uma espécie de embriaguez.
Maria Rita Kehl
Caminhar no escuro no meio das estrelas uma noite inteira.
Com um pouquinho de medo: o medo é uma espécie de embriaguez.
Maria Rita Kehl
5 de nov. de 2011
Antes de morrer :: Maria Rita Kelh
Muitos anos antes de morrer já estou convencida de que finjo que a vida é literatura. Não vou mudar isso justo antes de morrer. Quem sabe, no máximo, melhorar o enredo. E transitar melhor entre os gêneros.
1) Viver a vida de uma outra mulher, muito diferente de mim. Uma mulher da roça, como eu gostava de brincar na infância. Das que acorda antes do sol, trabalha na horta, dorme ao escurecer, sem luz e sem televisão. Fogão de lenha, bichos no quintal, solidão sem abandono. A mulher que nunca fui na roça que não há.
2) Descobrir, em qualquer parte do Brasil, uma reserva de escuro e silêncio absolutos. Caminhar no escuro no meio das estrelas uma noite inteira. Com um pouquinho de medo: o medo é uma espécie de embriaguez.
3) Gravar um CD cantando, sozinha, músicas das que mais gosto de cantar. Ou, radicalizando, mudar de profissão. Virar cantora. De boate, se é que ainda existem.
4) Ficar amiga do Chico Buarque. Só amiga. Andar a pé pelo Rio conversando com ele, horas a fio. Recordar letras de música, sambas antigos. Contar e ouvir coisas da vida.
5) Conhecer um compositor (não precisa ser o Chico Buarque) que me peça letras para as músicas dele. Virar parceira, ouvir nossos sambas no rádio.
6) Virar artista plástica. Trocar a noite pelo dia em um atelier enorme, brincando com os materiais, com as tintas, com o peso e a densidade da matéria. Encontrar o estranho silêncio da matéria. Desintoxicar a mente do excesso de palavras.
7) Virar escritora de ficção. Acordar todos os dias com saudades de meus personagens, ansiosa para entrar mais uma vez na vida deles.
8) Queimar – isso é urgente – todos os meus diários, dos quinze aos quarenta e cinco anos. Uma fogueira e tanto.
9) Ir a um pai ou mãe de santo para iniciar-me no Candomblé; virar mãe de santo também, receber entidades, aprender a jogar búzios. Gostaria de ter acesso à experiência do inconsciente pré freudiano – o inconsciente revelado a contrapelo da psicanálise.
10) Saber como é a morte. Ficar acordada até o fim. Despedir-me de tudo. Dizer a meus filhos, como o Coelho, do John Updike: “não é tão mau assim”.
4 de nov. de 2011
Pensamento musical
Belle, bonne, sage, plaisante et gente,
A ce jour cy que l'an se renouvelle,
Vous fais le don d'une chanson nouvelle
Dedans mon cuer qui a vous se presente.
De recevoir ce don ne soyés lente,
Je vous suppli, ma doulce damoyselle;
(Belle, bonne, sage...)
Car tant vous aim qu'aillours n'ay mon entente,
Et sy scay que vous estes seulle celle
Qui fame avés que chascun vous appelle:
Flour de beauté sur toutes excellente.
(Belle, bonne, sage...)
3 de nov. de 2011
O bom marido
Nunca vou esquecer a palavra ingrediente
no plural.
À tarde, Arabela conversava
com Tereza na sala de visitas.
Passei perto, ouvi:
- Custódio tem todos os ingredientes
para ser um bom marido.
- Quais são os ingredientes ?
a outra lhe pergunta.
Arabela sorri, sem responder.
Guardo a palavra com cuidado,
corro ao dicionário:
continua o mistério.
Carlos Drummond de Andrade
2 de nov. de 2011
Tenhamos paciência, andorinhas curtas
Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
As sensações renascem de si mesmas sem repouso,
Ôh espelhos, ôh! Pirineus! ôh caiçaras!
Si um deus morrer, irei no Piauí buscar outro!
Abraço no meu leito as milhores palavras,
E os suspiros que dou são violinos alheios;
Eu piso a terra como quem descobre a furto
Nas esquinas, nos táxis, nas camarinhas seus próprios beijos!
Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
Mas um dia afinal eu toparei comigo...
Tenhamos paciência, andorinhas curtas,
Só o esquecimento é que condensa,
E então minha alma servirá de abrigo.
Mário de Andrade
1 de nov. de 2011
31 de out. de 2011
Do intraduzível
.... Numa das matérias, sobre flores (estava a primavera por perto), apareceu-me um “pensée sauvage” pela frente, que eu demorei um tempo a desenvolver dentro de mim. Digo desenvolver, porque algumas palavras desenvolvem-se, desenovelam-se, criam algo parecido com uma raiz dentro de nós antes de se lançarem na língua para a qual se pretendem traduzidas. Essa foi uma delas – gostei da sonoridade, da ideia de “pensamento selvagem” que com certeza não seria a tradução correta para os futuros leitores jardineiros... Fui à procura de quem entendia. Cheguei ao nosso “amor perfeito”, que é a tal flor, nomeada na nossa língua. Essa descoberta tomou-me é claro ainda mais tempo - fiquei encantada com a possibilidade de que o que para nós é um amor perfeito para um francês seja um pensamento selvagem. Pensem um segundo – é de ficar muito tempo pensando!
Ana Vieira Pereira
Amor - O Interminável Aprendizado
...
Então, pensou: há o amor, há o desejo e há a paixão.
O desejo é assim: quer imediata e pronta realização. É indistinto. Por alguém que, de repente, se ilumina nas taças de uma festa, por alguém que de repente dobra a perna de uma maneira irresistivelmente feminina.
Já a paixão é outra coisa. O desejo não é nada pessoal. A paixão é um vendaval. Funde um no outro, é egoísta e, em muitos casos, fatal.
O amor soma desejo e paixão, é a arte das artes, é arte final.
Mas reparou: amor às vezes coincide com a paixão, às vezes não.
Amor às vezes coincide com o desejo, às vezes não.
Amor às vezes coincide com o casamento, às vezes não.
E mais complicado ainda: amor às vezes coincide com o amor, às vezes não.
Absurdo.
Como pode o amor não coincidir consigo mesmo?
Adolescente amava de um jeito. Adulto amava melhormente de outro. Quando viesse a velhice, como amaria finalmente? Há um amor dos vinte, um amor dos cinqüenta e outro dos oitenta? Coisa de demente.
Não era só a estória e as estórias do seu amor. Na história universal do amor, amou-se sempre diferentemente, embora parecesse ser sempre o mesmo amor de antigamente.
Estava sempre perplexo. Olhava para os outros, olhava para si mesmo ensimesmado.
Não havia jeito. O amor era o mesmo e sempre diferenciado.
O amor se aprendia sempre, mas do amor não terminava nunca o aprendizado.
Optou por aceitar a sua ignorância.
Em matéria de amor, escolar, era um repetente conformado.
E na escola do amor declarou-se eternamente matriculado.
Affonso Romano de Sant'Anna, In "21 Histórias de amor", Francisco Alves Editora – Rio de Janeiro, 2002, pág.11.
Então, pensou: há o amor, há o desejo e há a paixão.
O desejo é assim: quer imediata e pronta realização. É indistinto. Por alguém que, de repente, se ilumina nas taças de uma festa, por alguém que de repente dobra a perna de uma maneira irresistivelmente feminina.
Já a paixão é outra coisa. O desejo não é nada pessoal. A paixão é um vendaval. Funde um no outro, é egoísta e, em muitos casos, fatal.
O amor soma desejo e paixão, é a arte das artes, é arte final.
Mas reparou: amor às vezes coincide com a paixão, às vezes não.
Amor às vezes coincide com o desejo, às vezes não.
Amor às vezes coincide com o casamento, às vezes não.
E mais complicado ainda: amor às vezes coincide com o amor, às vezes não.
Absurdo.
Como pode o amor não coincidir consigo mesmo?
Adolescente amava de um jeito. Adulto amava melhormente de outro. Quando viesse a velhice, como amaria finalmente? Há um amor dos vinte, um amor dos cinqüenta e outro dos oitenta? Coisa de demente.
Não era só a estória e as estórias do seu amor. Na história universal do amor, amou-se sempre diferentemente, embora parecesse ser sempre o mesmo amor de antigamente.
Estava sempre perplexo. Olhava para os outros, olhava para si mesmo ensimesmado.
Não havia jeito. O amor era o mesmo e sempre diferenciado.
O amor se aprendia sempre, mas do amor não terminava nunca o aprendizado.
Optou por aceitar a sua ignorância.
Em matéria de amor, escolar, era um repetente conformado.
E na escola do amor declarou-se eternamente matriculado.
Affonso Romano de Sant'Anna, In "21 Histórias de amor", Francisco Alves Editora – Rio de Janeiro, 2002, pág.11.
30 de out. de 2011
28 de out. de 2011
Orquídeas
Desenho com lápis patel seco, usando o lápis Conté.
Senta que lá vem explicação:
En 1795 Nicholas Jacques Conté inventó un método para endurecer el grafito pulverizado mezclándolo con arcilla y horneándolas convenientemente. Variando la proporción de grafito/arcilla se obtenían diferentes durezas de la mina. Este método de fabricación, que había sido descubierto anteriormente por el austriaco Josef Hardtmuth de Koh-I-Noor en 1790, sigue funcionando hoy.
27 de out. de 2011
Olhar de Livia Garcia Roza
foto: Clarinda
Foi preciso passar muito tempo
para que despertasse no meu olho
para que despertasse no meu olho
o olhar que me é próprio.
26 de out. de 2011
Efêmera
" A vida sempre me pareceu uma planta, que vive de sua raiz.
Sua verdadeira vida é invisível, escondida na raiz.
A parte que desponta acima do solo dura somente um único verão.
Depois fenece .... uma efêmera aparição.....”
Carl Gustav Jung
25 de out. de 2011
Todos os sonhos
Imagem: Stina Persson
O poeta não será mais que memória fundida nas memórias, para
que um adolescente possa
dizer-nos que tem em si todos os sonhos do mundo, como
se ter sonhos e declará-lo fosse primeira invenção sua. Há razões para pensar
que a língua é, toda ela, obra de poesia.
José Saramago Diário
de Notícias (2009)
24 de out. de 2011
Loucura razoável
imagem: Clara na praia do Lido
“Solução melhor é não enlouquecer mais do que já enlouquecemos, não tanto por virtude, mas por cálculo. Controlar essa loucura razoável: se formos razoavelmente loucos não precisaremos desses sanatórios porque é sabido que os saudáveis não entendem muito de loucura. O jeito é se virar em casa mesmo, sem testemunhas estranhas. Sem despesas.” Lygia Fagundes Telles
23 de out. de 2011
Caminhar de Chico Buarque
Imagem: Sebastião Salgado
Mas à terra dada, não se abre a boca
É a conta menor que tiraste em vida
Funeral de um Lavrador, Chico Buarque
22 de out. de 2011
Distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...
Titãs
21 de out. de 2011
Mas não sou onisciente
Amo as pessoas. Todas elas. Amo-as, creio, como um colecionador de selos ama sua coleção. Cada história, cada incidente, cada fragmento de conversa é matéria-prima para mim. Meu amor não é impessoal, nem tampouco inteiramente subjetivo. Gostaria de ser qualquer um, aleijado, moribundo, puta, e depois retornar para escrever sobre os meus pensamentos, minhas emoções enquanto fui aquela pessoa. Mas não sou onisciente. Tenho de viver a minha vida, ela é a única que terei. E você não pode considerar a própria vida com curiosidade objetiva o tempo todo..." Sylvia Plath
20 de out. de 2011
Correção
Como dizia aquele bem-te-vi que ficou míope: bem te via... bem te via...
José Paulo Paes De É Isso Ali (1984)
Dia perfeito
Dia perfeito em que tudo amadurece. Um raio. Eu, como você, morri. Eu, como você, estou viva. E envelheço nas minhas decisões. Envelheço tentando domar cada elemento vital do meu corpo. Renasço. Danço. Trago o encantamento e a felicidade, que deixaram o berço dilacerado pela dor. Tu te tornas obra de arte. Tu dizes sim ao mundo. E a cidade se alegra por estarmos aqui. E a cidade se alegra por suportarmos tanta verdade sem sucumbir. Daniela Lima
fonte: www.cronopios.com.br
fonte: www.cronopios.com.br
19 de out. de 2011
18 de out. de 2011
Conheço por Escova de Girafa
Nome Científico: Callistemon sp
- Nome Popular: Escova-de-garrafa, lava-garrafas, calistemo
- Família: Myrtaceae
- Divisão: Angiospermae
- Origem: Austrália
- Ciclo de Vida: Perene
Namaste
Namastê, é o cumprimento nascido na Índia e significa "Curvo-me perante ti."
É uma forma digna de cumprimento de um ser humano para outro, expressa um grande sentimento de respeito. Invoca a percepção de que todos nós compartilhamos da mesma essência, da mesma energia, do mesmo Universo. Namastê, possui uma força pacificadora muito intensa.
Em síntese é: Saúdo-o do Coração e deve ser retribuído com o mesmo cumprimento.
etimologia
Namas é um termo sânscrito para "arco, obediência, saudação reverencial, adoração";
te é o pronome de segunda pessoa singular do dativo.
17 de out. de 2011
Para o mar pensar
– Feliz, filho? – Sim.– Desculpa, não percebi o cansaço.– Sabe por que chove, pai?– Para diminuir o calor?– Não, é para o mar pensar. Ele não consegue pensar com tanta gente dentro dele.
Fabrício Carpinejar
foto: Santos SP
foto: Santos SP
16 de out. de 2011
Poeminha de Homenagem à Preguiça Universal
que nada é impossível não é verdade;
todo o mundo faz nada com facilidade.
Millôr Fernandes, in "Pif-Paf"
15 de out. de 2011
14 de out. de 2011
Cartografias do desejo
“Considero a poesia como um dos componentes mais importantes da existência humana, não tanto como valor, mas como elemento funcional. Deveríamos receitar poesia como se receitam vitaminas”. Guattari In: Micropolítica. Cartografias do Desejo
12 de out. de 2011
519 anos se passaram ...
Na noite de 3 de agosto de 1492, Colombo partiu de Palos de la Frontera, com três navios: uma nau maior, Santa María, apelidada Gallega, e duas caravelas menores, Pinta e Santa Clara, apelidada de Niña. Colombo navegou inicialmente para as ilhas Canárias, que eram propriedade da Castela, onde reabasteceu as provisões e fez reparos. Em 6 de setembro, partiu de San Sebastián de la Gomera para o que acabou por ser uma viagem de cinco semanas através do oceano.
A terra foi avistada às duas horas da manhã de 12 de outubro de 1492, por um marinheiro chamado Rodrigo de Triana (também conhecido como Juan Rodríguez Bermejo) a bordo de Pinta.Colombo chamou a ilha (no que é agora Bahamas) San Salvador, enquanto os nativos a chamavam Guanahani.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Crist%C3%B3v%C3%A3o_Colombo
Concierto de la mano izquierda
![]() |
El
trabajo de la mano izquierda llega en fragmentos
O brilla como un arco iris
¿Qué hace mi mano izquierda, la del
corazón?
Mi mano toca alto
Tomas Transtörmer
Nota: a los 59 años, Tomas Tranströmer sufre un ataque cerebral que le inhibe para siempre el habla -afasia-, y paraliza parte de su lado derecho. Al comienzo, Tranströmer no se preocupa mucho. Sus recuerdos y su capacidad intelectual no habían sido afectados. El habla y la capacidad de movimientos en la mano derecha volverían, pensó. Pero después de un largo tiempo de rehabilitación llegó la convicción de que sería difícil –sino imposible- tener de vuelta la capacidad de hablar. El movimiento de su mano derecha estaba definitivamente perdido y quedó inmóvil pegada en su pecho como un ala.
11 de out. de 2011
10 de out. de 2011
Definição de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira
"Uma definição é muitas vezes sorte.
É pegar borboleta no ar, é capturar.
É ter um lado poético e um lado prosaico, duro.
E a satisfação quando se vê aquilo cristalizado".
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Jornal do Brasil, maio de 1980
Assinar:
Postagens (Atom)
ESTATUTO DO PASSARINHO : Marcílio Godoi
"Dos bichos pegamos amor." DIA NACIONAL DOS (DIREITOS) ANIMAIS: 14 DE MARÇO ESTATUTO DO PASSARINHO Artigo 1 Fica decretado ...

-
Tem de haver mais Agora o verão se foi E poderia nunca ter vindo. No sol está quente. Mas tem de haver mais. Tudo aconteceu, Tu...
-
A ilha da Madeira foi descoberta no séc. XV e julga-se que os bordados começaram desde logo a ser produzidos pel...