31 de jul. de 2013

Tê Cavalcanti (Teresinha Cavalcanti da Silva Costa) Artista















A Mulher e o Reino de Ariano Suassuna



Oh! Romã do pomar, relva esmeralda
Olhos de ouro e azul, minha alazã
Ária em forma de sol, fruto de prata
Meu chão, meu anel, cor do amanhã

Oh! Meu sangue, meu sono e dor, coragem
Meu candeeiro aceso da miragem
Meu mito e meu poder, minha mulher

Dizem que tudo passa e o tempo duro
tudo esfarela
O sangue há de morrer

Mas quando a luz me diz que esse ouro puro se acaba por finar e corromper
Meu sangue ferve contra a vã razão
E há de pulsar o amor na escuridão


Ariano Vilar Suassuna (nasceu na cidade da Paraíba, atual João Pessoa, Paraíba em 1927).

30 de jul. de 2013

Poemas da amiga de Mário de Andrade

Nan Rae
Gosto de estar a teu lado, 
Sem brilho. 
Tua presença é uma carne de peixe, 
De resistência mansa e de um branco 
Ecoando azuis profundos. 

Eu tenho liberdade em ti. 
Anoiteço feito um bairro, 
Sem brilho algum. 

Estamos no interior duma asa 
Que fechou.  

Fonte: Remate de males. São Paulo : Eugenio Cupolo, 1930.

28 de jul. de 2013

Vem o mar e junta as nossas vidas de Pablo Neruda

John Seba



Vem o mar e junta as nossas vidas
e sozinho investe e reparte-se e canta
na noite no dia no homem na criatura.
A essência; fogo e frio; movimento.



26 de jul. de 2013

Garoto de Vladimir Maiakovski


Fui agraciado com o amor sem limites.
Mas, quando garoto,
a gente preocupada trabalhava
eu escapava
para as margens do rio Rion
e vagava sem fazer nada.
Aborrecia-se minha mãe:
"Garoto danado!"
Meu pai me ameaçava com o cinturão.
Mas eu,
com três rublos falsos,
jogava com os soldados sob os muros.
Sem o peso da camisa,
sem o peso das botas,
de costas ou de barriga no chão,
torrava-me ao sol de Kutaís
até sentir pontadas no coração.
O sol se assombrava:
"Daquele tamaninho
com um tal coração!
Vai partir-lhe a espinha!
Como, será que cabem
nesse tico de gente
rio,
o coração,
eu
e cem quilômetros de montanhas?"

25 de jul. de 2013

Na luz a prumo de Eugenio de Andrade

Joan Miró 

Se as mãos pudessem (as tuas,
as minhas) rasgar o nevoeiro,
entrar na luz a prumo.
Se a voz viesse. Não uma qualquer:
a tua, e na manhã voasse.
E de júbilo cantasse.
Com as tuas mãos, e as minhas,
pudesse entrar no azul,qualquer
azul: o do mar,
o do céu, o da rasteirinha canção
de água corrente. E com elas subisse.
(A ave, as mãos, a voz.)
E fossem chama. Quase.

24 de jul. de 2013

Artesanato : Fuxico



artdemedeiros/Colares de Fuxico






O fuxico é o nome dado a um tipo de artesanato feito com tecido, agulha, linha e muita, muita paciência.
De origem incerta, não existem registros de onde e nem de quando esta invenção começou. Sabe-se apenas que hoje em dia ele é feito em várias partes do mundo e a atividade consiste num reaproveitamento de tecidos.
Segundo algumas fontes pesquisadas recebeu este nome no Brasil. Outros documentos remetem-nos para o período colonial. Esta pratica artesanal era concebida por grupos de mulheres, que se reuniam nas horas vagas, para confeccionar com as sobras de tecidos, flores, toalhas, tapetes, colchas...
O reaproveitamento das sobras de tecidos que na época eram artigos de luxo aconteciam enquanto as senhoras e as escravas se deleitavam com as suas peculiares conversas,  eram criadas verdadeiras obras de arte em peças do vestuário e enxoval.

Vicky Cristina Barcelona de Contardo Calligaris

O parque Tibidabo, em Barcelona, é um dos cenários do filme Vicky Cristina Barcelona

O amor e a paixão não nos fazem necessariamente felizes, mas são uma festa e uma alegria porque deles podemos esperar ao menos isto: que eles nos tornem um pouco outros, que eles nos mudem. 
Contardo Calligaris, 20.11.2008 sobre o filme Vicky Cristina Barcelona

23 de jul. de 2013

E eu, quero te servir a poesia numa concha azul do mar ou numa cesta de flores do campo. Cora Coralina












John William Waterhouse (1849 — 1917)

Physalis, erva-noiva, cerejas-de-judeu, balão, tomate-lagartixa, tomate-barrela.









A Physalis tem muitos nomes comuns por toda a lusofonia, sendo os mais conhecidos Frutinha do Barkemeyer, físalis, fisalis, fisales, camapu, camaru, bucho-de-rã, joá-de-capote, juá-de-capote, juá-roca, juá-poca, mata-fome, canapum, camapum, bate-testa, alquenquenje, erva-noiva, cerejas-de-judeu, balão, tomate-lagartixa, tomate-barrela, tomate-capucho e capucho.
Em Portugal também é conhecido por alquequenge 2 e nos Açores também é conhecido por capucha 3 . Na Colômbia é conhecida como uchuva, no Equador como uvilla e no Japão como hosuki.
Physalis L. é um género botânico, nome comum físalis ou camapu, pertencente à família Solanaceae. A Physalis angulata, é uma planta herbácea de hábitos perenes e reproduzida porsementes. O género Physalis destaca-se, na família Solanaceae, por apresentar cálice frutífero acrescente, vesiculoso e intumescido, envolvendo completamente o fruto. Pode chegar aos dois metros de altura.
UtilizaçãoParte da planta e/ou constituinte activoReferência
Calmante e depurativoSeivaPio Corrêa, 1962
Comestível, desobstruente, resolvente e diuréticoFruto / Cozimento e infusão de toda a plantaPio Corrêa, 1962
Anti-oxidanteFruto / CarotenóideRaghava e Nisha-Raghava, 1990
Diminuição da pressão arterialFruto / AcetilcolinaMelo & Afiatpour, 1985
Anti-bacterianaExtracto de raiz, caule e folhaSanchez et al, 1997
Actividade imunosupressoraVitaesteróidesSakhibov e al, 1990
Anti-tumoralFisalina FChiang et al, 1992
Hemorróidas (karioka hemorróida)Fisalina FChiang al et, 1987
Tira pintas da testaRitalinaDiscovery, 2012

21 de jul. de 2013

LYGIA PAPE (1929 – 2004)













Lygia Pape em 1956

Amor violeta de Adélia Prado


O amor me fere é debaixo do braço,
de um vão entre as costelas.
Atinge meu coração é por esta via inclinada.
Eu ponho o amor no pilão com cinza
e grão de roxo e soco. Macero ele,
faço dele cataplasma
e ponho sobre a ferida.

20 de jul. de 2013

A casa onde nasci de Paulo Freire


"Há algum tempo, com profunda emoção, visitei a casa onde nasci. Pisei o mesmo chão em que me pus de pé, andei, corri, falei e aprendi a ler. O mesmo mundo que foi o primeiro mundo que se deu à minha compreensão pela leitura que fui fazendo dele. Lá, reencontrei algumas das árvores da minha infância. Reconheci-as sem dificuldade. Quase abracei os grossos troncos, que eram os mesmos jovens troncos da minha infância. Então, uma saudade que eu costumo chamar de mansa ou de bem comportada, saindo do chão, das árvores, da casa, me envolveu cuidadosamente. Deixei a casa contente, com a alegria de quem reencontra gente querida."
Paulo Freire in Revista do Brasil, ano 2, nº 4, 1985. p.18.

19 de jul. de 2013

O próprio desejo é movimento de T.S. Elliot



O próprio desejo é movimento
Não desejável em si;
O próprio amor é inamovível,
Apenas a causa e o fim do movimento,
Intemporal, e sem desejo
Excepto no aspecto do tempo
Capturado sob a forma de limitação
Entre o não ser e o ser.
De repente num raio de sol
Mesmo enquanto se move a poeira
Eleva-se o riso escondido
De crianças na folhagem
Depressa, aqui, agora, sempre-
Ridículo o triste tempo inútil
Que se estende antes e depois.

In: T.S. Elliot. Quatro Quartetos. Tradução de Maria Amélia Neto. 3ª edição. ÁTICA, 1983

Aos Namorados do Brasil :: Carlos Drummond de Andrade

Dai-me, Senhor, assistência técnica para eu falar aos namorados do Brasil. Será que namorado algum escuta alguém? Adianta falar a namorados?...