22 de out. de 2013

Rosas bem rosa escuro







A quem se fala quando se escreve ::Edmond Jabès

- A quem se fala quando se escreve?
- A um ser acerca de quem nunca se venha a saber se é si mesmo ou um outro.
- Fala-se a um desconhecido?
- Seria absurdo dizer dessa maneira, porém, é a única coisa que podíamos dizer: não se dirigir a ninguém, quando se fala, talvez seja falar apenas consigo mesmo; mas como falar consigo sem imediatamente fazer de si um outro?
- Sobretudo porque nós somos, nós, esse outro.
- Não estou dizendo isso . Você não me compreendeu, ou, fui eu que não me fiz compreender. Esse outro não é eu mesmo, nem minha invenção. Ele é minha descoberta do outro em mim.
Esboçar o perfil de uma palavra numa folha já é estabelecer uma conversa com a página branca.
Tudo o que vemos, escutamos, tudo do que nos aproximamos, uma vez reconhecido, entra em diálogo conosco.
O livro seria, assim, apenas o espaço circunscrito pela palavra aberta à palavra. Não somos escritos onde ela se escreve, mas inscritos onde ela se apaga.
Há uma linguagem própria que a inscrição tumular nos impõe e nos força ao silêncio. Pesado silêncio em busca de um signo.
Ah! outro - homem, mundo, Deus - mais nós mesmos do que poderíamos sê-lo no segredo de nossas confissões; palavra de uma palavra à qual não ousamos ligar nosso nome; pois se somos tributários dela, ela, contrariamente, mais nos escapa do que nos pertence.
Brancura, brancura de sangue. Séculos de orgulho e de derrotas jazem no vocábulo. Você os desperta ao revelá-lo.
Um livro se entreabre quando nos abandonamos.

tradução: Caio Meira

21 de out. de 2013

Sol :: Livia Garcia Roza

Raphael Kirchner
Sou sol contigo.

Pudesse eu ser tu de Mia Couto



(...) Pudesse eu ser tu
E em tua saudade ser a minha própria espera. 
Mas eu deito-me em teu leito 
Quando apenas queria dormir em ti. 
E sonho-te 
Quando ansiava ser um sonho teu. (...)

in Idades Cidades Divindades. Editorial Caminho, 2007


20 de out. de 2013

Enquanto eu fiquei alegre de Adélia Prado

Georges Braque, Lithograph, Les Étoiles (Stars)
 Enquanto eu fiquei alegre, permaneceram
um bule azul com um descascado no bico,
uma garrafa de pimenta pelo meio,
um latido e um céu limpidíssimo
com recém-feitas estrelas.
Resistiram nos seu lugares, em seus ofícios,
constituindo o mundo pra mim, anteparo
para o que foi um acometimento:
súbito é bom ter um corpo pra rir
e sacudir a cabeça. A vida é mais tempo
alegre do que triste. Melhor é ser.


fonte: Bagagem

19 de out. de 2013

Valsinha de Chico Buarque e Vinicius de Moraes (Vinícius de Moraes, nascido Marcus Vinicius de Moraes (Rio de Janeiro, 19 de outubro de 1913 — Rio de Janeiro, 9 de julho de 1980)


Equestrienne - Chagall

Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar

E então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça, foram para a praça e começaram a se abraçar

E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu, e o dia amanheceu em paz

Eu não existo sem você de Vinícius de Moraes e Antônio Carlos Jobim

Munch 

Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim 
Que nada nesse mundo levará você de mim 
Eu sei e você sabe que a distância não existe 
Que todo grande amor 
Só é bem grande se for triste 
Por isso, meu amor 
Não tenha medo de sofrer 
Que todos os caminhos me encaminham pra você 

Assim como o oceano 
Só é belo com luar 
Assim como a canção 
Só tem razão se se cantar 
Assim como uma nuvem 
Só acontece se chover 
Assim como o poeta 
Só é grande se sofrer 
Assim como viver 
Sem ter amor não é viver 

Não há você sem mim
E eu não existo sem você

18 de out. de 2013

Não são apenas os relógios de Albano Martins


Também se pode

regressar sem partir. Não são apenas

os relógios que se atrasam, às vezes

é o próprio tempo. E todos

os cuidados são

então necessários. Há sempre

um comboio que rola

a nosso lado sem luzes

e sem freios. E pode

faltar-nos o estribo ou já

não haver lugar

na carruagem da frente.


escrito a vermelho. campo das letras, 1999


17 de out. de 2013

O Amor no Éter Adélia Prado


Há dentro de mim uma paisagem
entre meio-dia e duas horas da tarde.
Aves pernaltas, os bicos mergulhados na água,
entram e não neste lugar de memória,
uma lagoa rasa com caniço na margem.
Habito nele, quando os desejos do corpo,
a metafísica, exclamam: como és bonito!
Quero escrever-te até encontrar
onde segregas tanto sentimento.
Pensas em mim, teu meio-riso secreto
atravessa mar e montanha,
me sobressalta em arrepios,
o amor sobre o natural.
O corpo é leve como a alma,
os minerais voam como borboletas.
Tudo deste lugar
entre meio-dia e duas horas da tarde.

16 de out. de 2013

Flor e cronópio de Julio Cortázar


Um cronópio encontra uma flor solitária no meio dos campos. Primeiro pensa em arrancá-la, mas percebe que é uma crueldade inútil, e se coloca de joelhos junto dela e brinca alegremente com a flor, isto é: acaricia-lhe as pétalas, sopra para que ela dance, zumbe feio uma abelha, cheira seu perfume, e deita finalmente debaixo da flor envolvido em uma enorme paz.
A flor pensa: "É como uma flor."

Do livro: Histórias de cronópios e de famas. Editora Civilização Brasileira, 10ª edição, 2007.

15 de out. de 2013

Casa Arrumada :: Lena Gino

Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante,
passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia. Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.

Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.


A sensação da beleza de Cecília Meireles



( ... )
A sensação da beleza ,
o sentimento de perfeição 
que residem na harmoniosa
arquitetura das flores são lições para a vida humana.
Pudéssemos ser também assim,
tão exatos como as flores em suas pétalas,
tão silenciosos
 na realização de um destino impecável,
e tão prontos para morrer no momento justo !
( ... )

Crônicas de viagem, v.3. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999. p. 284

Um homem precisa viajar :: Amyr Klink

"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para conhecer o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver."
Amyr Klink, Mar sem fim. Companhia das Letras, 2000.

14 de out. de 2013

MÁ CONSCIÊNCIA :: Alexandre O’Neill

O adjectivo
dá-me de comer.
Se não fora ele
o que houvera de ser?

Vivo de acrescentar às coisas
o que elas não são.
Mas é por cálculo
não por ilusão.


Tanto paraíso de Mia Couto

William Adolphe Bouguereau

Diante do amor, ela arrepiou o coração: não tenho asas para tanto paraíso


13 de out. de 2013

Beija-Flores de Carlos Drummond de Andrade


O beijo é flor no canteiro ou desejo na boca?
Tanto beijo nascendo e colhido na calma do jardim
nenhum beijo beijado (como beijar o beijo?) na boca das meninas 
e é lá que eles estão suspensos invisíveis. 



11 de out. de 2013

Eu durmo à beira do céu de Pedro Silva Sena

Alma Woodsey Thomas, 1973
Eu durmo à beira do céu

Sobre as pedras

Há muito tempo que nada me pertence

— Talvez a água

Quando corre por mim abaixo

Quando me brilha nos olhos

Talvez as folhas das árvores

Quando as aliso nas mãos

Quando tu chegas

Talvez a carne pendurada nos ossos

Quando brinco com ela

Talvez o chão

a pequena porção dele sob os meus passos

Talvez a sombra

antes de voar

10 de out. de 2013

Sandália nova :: Alice Sant'Anna


a sandália nova branca com dedos
que se refestelam do lado de fora
como crianças que sabem o verão que vem
de repente a chuva mingua os planos
da calça jeans com sandália de dedos
uma combinação entre-estações
para não se sentir nem tão lá nem tão 
cá os dedos curvados corcundas
como crianças tristes que sabem
o toró que se aproxima as unhas recém-cortadas
que planejaram se mostrar sobre a cadeira de rodinhas
que nada a água inundou a sexta
da janela os bambus se movem muito
chegam a parecer desesperados
as folhas penduradas são cabelos colados
que gritam novas rugas onde nada havia


Nômade :: Livia Garcia Roza

foto; Mitchell Kanashkevich 

Sou aquela que te espera. Nômade, no teu carinho.

Equilíbrio de Clarice Lispector

foto: Maciek Lesniak

Eu sou feita de tão pouca coisa e meu equilíbrio é tão frágil, que eu preciso de um excesso de segurança para me sentir mais ou menos segura. Belém, 8 - julho -1944

fonte: Minhas queridas. Rocco, 2007.

9 de out. de 2013

A idade me cai bem :: Andréa Beheregaray

 Berthe Morisot1889
Uma amiga ao ver essa foto* escreveu que, a idade me cai bem.
Lhe respondi que isso é bom, já que com a idade muita coisa cai também!
E pensativa fiquei, aos 33, ainda não me apavorei.
Se existe a mulher moranguinho, e também a melância.
E eu o que seria?
Talvez a mulher bergamota, com a pele cheia de relevos.
Não olho no espelho, e com isso pouca coisa percebo.
Mas sei que também poderia
ser chamada de a mulher braile.
1000 furinhos a compor curvas,
Celulite também é cultura,
basta que entendas a escrita dos cegos.
O que será que contam os textos da minha pele?
Mas bom mesmo é não saber.
Evitar biquinis, se esconder.
Porque se a idade me cai bem,
o resto tem caido também!

* não se trata da imagem de Berthe Morison

"Coroa-de-cristo", "Colchão de Noiva", "Dois Irmãos", "Bem-Casados", Coroa-de-Espinhos", "Martírios", "Duas Amigas", "Coroa-de-Nossa-Senhora





Coroa-de-cristo (Euphorbia milii) é um arbusto espinhoso originário de Madagascar, muito difundido no Brasil, onde é utilizado como planta ornamental e como proteção em cercas vivas. Conhecida popularmente no Brasil como "Coroa-de-cristo", "Colchão de Noiva", "Dois Irmãos", "Bem-Casados", Coroa-de-Espinhos", "Martírios", "Duas Amigas", "Coroa-de-Nossa-Senhora" entre outras denominações.
Seu nome científico, Euphorbia millii, foi proposto por Des Moulins em homenagem ao Barão Pierre-Bernard Milius, governador pela França da Ilha de Bourbon, atual Ilha Reunião, que levou algumas destas plantas para o Jardim Botânico de Bordeaux em 1821.

Essa planta pertencente ao gênero Euphorbia, consiste em um arbusto perene de até 2 metros de altura, bastante ramificado, com longos ramos contorcidos, providos de numerosos espinhos afiados em forma de agulhas, medindo cerca de 3 cm de comprimento. Seu nome é uma homenagem ao Barão Pierre-Bernard Milius, governador pela França da Ilha de Bourbon, atual Ilha Reunião, o qual doou algumas plantas desta espécie para o Jardim Botânico de Bordeaux em 1821. Des Moulins descreveu e publicou esta espécie que apresenta pequenos cachos de flores de coloração vermelha.

O látex dessa planta contém um fluido branco-leitoso, de baixa densidade, que apresenta várias enzimas e alcaloides. Esse líquido pode provocar irritação em contato com a pele e intoxicação se colocado em contato com mucosas ou ingerido. Se os olhos forem atingidos, esse látex pode provocar perfuração da córnea e, consequentemente, cegueira.
Nos casos de ingestão da planta, é necessária a realização de uma lavagem gástrica, com posterior administração de carvão ativado, laxantes e de analgésicos.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

8 de out. de 2013

Coração de António Lobo Antunes


Banksy
Dizem que o nosso coração é do tamanho do nosso punho fechado: se o abrisse tanta coisa fugia.
António Lobo Antunes 

7 de out. de 2013

Desafio de Orides Fontela


Contra as flores que vivo 
contra os limites 
contra a aparência a atenção pura 
constrói um campo sem mais jardim
que a essência.

6 de out. de 2013

Um ponto de vista de Bernardo Carvalho

magritte
"Nunca vi ninguém tão só. (...) Numa das vezes em que me falou das suas viagens pelo mundo, perguntei aonde queria chegar e ele me disse que estava em busca de um ponto de vista. Eu lhe perguntei: "Para olhar o quê?". Ele respondeu: "Um ponto de vista em que eu já não esteja no campo de visão". Eu poderia ter dito a ele, mas não tive coragem, que não precisava procurar, que se fosse por isso não precisava ter ido tão longe. Porque ele nunca estaria no seu próprio campo de visão, desde que evite os espelhos. Às vezes me dava a impressão de que, a despeito de ter visto muitas coisas, não via o óbvio, e por isso acreditava que os outros não o vissem, que pudessem se esconder. O que eu vi, nunca falei. Fiquei à sua espera".

in: Nove noites. Companhia das Letras, 2006. p. 100

5 de out. de 2013

Fábula de um arquiteto - João Cabral de Melo Neto


A arquitetura como construir portas,

de abrir; ou como construir o aberto;

construir, não como ilhar e prender,

nem construir como fechar secretos;

construir portas abertas, em portas;

casas exclusivamente portas e teto.

O arquiteto: o que abre para o homem

(tudo se sanearia desde casas abertas)

portas por-onde, jamais portas-contra;

por onde, livres: ar luz razão certa.

2.

Até que, tantos livres o amedrontando,

renegou dar a viver no claro e aberto.

Onde vãos de abrir, ele foi amurando

opacos de fechar; onde vidro, concreto;

até refechar o homem: na capela útero,

com confortos de matriz, outra vez feto.

Fonte: Melo Neto, J. C. 1994. Obra completa: volume único. RJ, Nova Aguilar.
Poema originalmente publicado em 1966.

4 de out. de 2013

Urucum







Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Malvales
Família: Bixaceae
Género: Bixa
Espécie: Bixa orellana
Nome binomial
Bixa orellana
Lineu
Urucu, ou urucum, é o fruto do urucuzeiro ou urucueiro (Bixa orellana), arvoreta da família das bixáceas, nativa na América tropical, que chega a atingir altura de até seis metros. Apresenta grandes folhas de cor verde-claro e flores rosadas com muitos estames. Seus frutos são cápsulas armadas por espinhos maleáveis, que se tornam vermelhas quando ficam maduras. Então se abrem e revelam pequenas sementes dispostas em série, de trinta a cinquenta por fruto, envoltas em arilo também vermelho.

Chama-se ainda açafroa e também colorau (forma imprópria, a designar especificamente o condimento, também o corante, preparados à base de sementes do urucu trituradas ao pó, puras e/ou misturadas a outras).
Noutras culturas, chama-se: orleansstrauch (alemão), achiote ou onoto (espanhol), rocou (francês) e achiote ou annatto (inglês).
Etimologia
"Urucu" e "urucum" originam-se do tupi transliterado uru'ku, que significa "vermelho", numa referência à cor de seus frutos e sementes.
Contexto Cultural e Histórico
O urucu é utilizado tradicionalmente pelos índios brasileiros (juntamente com o jenipapo, de coloração preta) e peruanos, como fonte de matéria prima para tinturas vermelhas, usadas para os mais diversos fins, entre eles, protetor da pele contra o sol e contra picadas de insetos; há também o simbolismo de agradecimento aos deuses pelas colheitas, pesca ou saúde do povo. No Brasil, a tintura de urucu em pó é conhecida como colorau e usada na culinária para realçar a cor dos alimentos. Esta espécie vegetal ainda é cultivada por suas belas flores e frutos atrativos. Ao passar urucu na pele, ele penetra nos poros e, ao longo do tempo, a pele passa a ter uma tonalidade avermelhada constante e definitiva. Isso acontece pois os poros se entopem de urucu e não conseguem mais eliminá-lo[carece de fontes].
Um produtivo nativo das América, que foi levado para Europa desde o século XVII, é mundialmente empregado como corante de diversos fins, principalmente na indústria alimentícia. Com o banimento do uso de corantes alimentícios artificiais na União Européia, por prováveis efeitos cancerígenos, por exemplo a anilina, é intensamente importado da América tropical e África, além de quase não ter sabor.

Na culinária: como condimento e também colorante, emprega-se sob a forma de pó obtido por trituração das sementes, usualmente misturadas a certo teor de outros grãos também triturados, devido ao arilo que envolve as sementes, que fornece matéria corante vermelha característica, como na casca dos queijos: leyden, queijo-do-reino e outros. É apreciado pela quase ausência de sabor e por não apresentar os efeitos prejudiciais dos corantes artificiais;
Na cosmética: empregam-no os ameríndios tropicais no preparo de tinturas para pintar o corpo, com a finalidade de proteção contra o rigor do sol (confere proteção contra radiação ultravioleta);
Na medicina: como medicamento fitoterápico, é dotado de inúmeras características e propriedades bioquímicas, que lhe dão aplicação em vasta gama de casos.
Composição Química
As sementes do urucu contêm celulose (40 a 45%), açúcares (3,5 a 5,2%), óleo essencial (0,3% a 0,9%), óleo fixo (3%), pigmentos (4,5 a 5,5%), proteínas (13 a 16%), alfa e beta-carotenos e outros constituintes.
Possuem, também, dois tipos de pigmentos:
A bixina, de cor vermelha e solúvel em óleo;
A orelhena, de cor amarela e solúvel em água.
Para informação nutricional, 100 g de semente de urucum contêm:
• Cálcio 7,00 mg
• Ferro 0,80 mg
• Fósforo 10,00 mg
• Vitamina A 15,00 µg
• Vitamina B1
• Vitamina B2 0,05 mg
• Vitamina B3 0,03 mg
• Vitamina C 2,00 mg
Uso Medicinal
Embora, sob o ponto de vista científico, ainda seja objeto de estudo com vista ao estabelecimento do rol de aplicações, consideram-se as folhas e as sementes do urucu como:
Dotadas de virtudes expectorantes em geral;
Úteis nas afecções diversas, principalmente do coração;
Eficazes na eliminação de manchas e verrugas (tintura das sementes aplicada sobre a pele elimina manchas brancas, verrugas, e rejuvenesce a pele);
Eficazes para alívio e redução da prisão de ventre, hemorróidas e hemorragias (chá das folhas).
A Medicina Fitoterápica dispõe das informações precisas sobre o uso médico.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

SONETO XVII Pablo Neruda (1904-73)

No te amo como si fueras rosa de sal, topacio
o flecha de claveles que propagan el fuego:
te amo como se aman ciertas cosas oscuras,
secretamente, entre la sombra y el alma.

Te amo como la planta que no florece
y lleva dentro de sí, escondida, la luz de aquellas flores,
y gracias a tu amor vive oscuro en mi cuerpo
el apretado aroma que ascendió de la tierra.

Te amo sin saber cómo, ni cuándo, ni de dónde,
te amo directamente sin problemas ni orgullo:
así te amo porque no sé amar de otra manera,

sino así de este modo en que no soy ni eres,
tan cerca que tu mano sobre mi pecho es mía,
tan cerca que se cierran tus ojos con mi sueño.

3 de out. de 2013

O Cão sem Plumas de João Cabral de Melo Neto



Aquele rio 
é espesso 
como o real mais espesso. 
Espesso 
por sua paisagem espessa, 
onde a fome 
estende seus batalhões de secretas 
e íntimas formigas. 

E espesso 

por sua fábula espessa; 

pelo fluir 

de suas geléias de terra; 

ao parir 

suas ilhas negras de terra. 


Porque é muito mais espessa 

a vida que se desdobra 

em mais vida, 

como uma fruta 

é mais espessa 

que sua flor; 

como a árvore 

é mais espessa 

que sua semente; 
como a flor 
é mais espessa 
que sua árvore, 
etc. etc. 


Espesso, 

porque é mais espessa 

a vida que se luta 

cada dia, 

o dia que se adquire 

cada dia 

(como uma ave 

que vai cada segundo 

conquistando seu vôo).

In Poesias Completas (1940-1965) José Olympio, 3a. ed., 1979

Flor-de-criança, cabeleira-de-velho, neve-da-montanha, leiteiro, cabeleireiro-de-velho, cabeça-branca




Nome Científico: Euphorbia leucocephala
Família: Euphorbiaceae
Divisão: Angiospermae
Origem: América Central
Ciclo de Vida: Perene

A cabeleira-de-velho é um arbusto semi-lenhoso e lactescente (de seiva leitosa) muito ornamental. Apresenta caule bastante ramificado e de casca marrom claro a acinzentado. Sua copa é arredondada e compacta e seu porte é pequeno, atingindo de 2 a 3 metros de altura. Suas folhas são elípticas, verdes e decíduas. As inflorescências do tipo umbela, surgem no outono e inverno. Elas são constituídas por pequenas flores brancas em forma de estrela circundadas por brácteas vistosas, de coloração branco-creme.
fonte ww.Jardineiro .net

2 de out. de 2013

Narrativa :: Livia Garcia Roza

Federico Zandomeneghi, 1879

A grande mudança se dá quando
 mudamos a narrativa de nossas vidas.

O seu santo nome de Carlos Drummond de Andrade



Não facilite com a palavra amor.
Não a jogue no espaço, bolha de sabão.
Não se inebrie com o seu engalanado som.
Não a empregue sem razão acima de toda a razão ( e é raro).
Não brinque, não experimente, não cometa a loucura sem remissão
de espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra
que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na Terra.
Não a pronuncie.

1 de out. de 2013

A literatura é uma viagem contínua de Cladio Magris



Gabriel Metsu


A literatura é uma viagem contínua entre a escrita diurna, em que o autor se bate pelos próprios valores e deuses, e a noturna, em que um escritor escuta e repete o que dizem os seus demônios, os duplos que habitam no fundo de seu coração, mesmo quando eles dizem coisas que desmentem os seus valores. 
A literatura é, também, uma descida aos Infernos. 

Claudio Magris. Alfabetos - Ensaios de Literatura. UFPR, 2008

Os dias felizes :: Cecília Meireles

Fernando Igor Os dias felizes estão entre as árvores, como os pássaros: viajam nas nuvens, correm nas águas, desmancham-se na areia.   Todas...