Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
2 de jun. de 2014
Velhinhos de Carlos Seabra
Yeats, A summer evening
Sentados, na calçada em frente de casa, o casal de velhinhos cumprimenta todos na rua, como se passassem dentro de sua sala.
Sentados, na calçada em frente de casa, o casal de velhinhos cumprimenta todos na rua, como se passassem dentro de sua sala.
1 de jun. de 2014
Profissão de febre :: Paulo Leminski
Vincent van Gogh, 1890
Quando chove,
Eu chovo,
Faz sol,
Eu faço,
De noite,
Anoiteço,
Tem Deus,
Eu rezo,
Não tem,
Esqueço,
Chove de novo,
De novo, chovo,
Assobio no vento,
Daqui me vejo,
Lá vou eu,
Gesto no movimento.
31 de mai. de 2014
Elegia 1938 de Carlos Drummond de Andrade
Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
onde as formas e as ações no encerram nenhum exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.
Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze
ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.
Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
e sabes que, dormindo, os problemas de dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.
Caminhas entre mortos e com eles conversas
sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.
Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
e adiar para outro século a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.
30 de mai. de 2014
Dueto de Chico Buarque
Consta nos astros, nos signos, nos búzios
Eu li num anúncio, eu vi no espelho, tá lá no evangelho, garantem os orixás
Serás o meu amor, serás a minha paz
Consta nos autos, nas bulas, nos dogmas
Eu fiz uma tese, eu li num tratado, está computado nos dados oficiais
Serás o meu amor, serás a minha paz
Mas se a ciência provar o contrário, e se o calendário nos contrariar
Mas se o destino insistir em nos separar
Danem-se os astros, os autos, os signos, os dogmas
Os búzios, as bulas, anúncios, tratados, ciganas, projetos
Profetas, sinopses, espelhos, conselhos
Se dane o evangelho e todos os orixás
Serás o meu amor, serás, amor, a minha paz
Consta na pauta, no Karma, na carne, passou na novela
Está no seguro, pixaram no muro, mandei fazer um cartaz
Serás o meu amor, serás a minha paz
Consta nos mapas, nos lábios, nos lápis
Consta nos Ovnis, no Pravda, na Vodca
AINDA ASSIM, EU ME LEVANTO :: Maya Angelou, pseudônimo de Marguerite Ann Johnson (4 de abril de 1928 — 28 de maio de 2014)
Você pode me riscar da História
com mentiras lançadas ao ar.
Pode me jogar contra o chão de terra,
mas ainda assim, como a poeira, eu vou me levantar.
Minha presença o incomoda?
Por que meu brilho o intimida?
Porque eu caminho como quem possui riquezas dignas do grego Midas.
Como a lua e como o sol no céu,
com a certeza da onda no mar,
como a esperança emergindo na desgraça,
assim eu vou me levantar.
Você não queria me ver quebrada?
Cabeça curvada e olhos para o chão?
Ombros caídos como as lágrimas,
minh'alma enfraquecida pela solidão?
Meu orgulho o ofende?
Tenho certeza que sim
porque eu rio como quem possui
ouros escondidos em mim.
Pode me atirar palavras afiadas,
dilacerar-me com seu olhar,
você pode me matar em nome do ódio,
mas ainda assim, como o ar, eu vou me levantar.
Minha sensualidade incomoda?
Será que você se pergunta
por que eu danço como se tivesse
um diamante onde as coxas se juntam?
Da favela, da humilhação imposta pela cor,
eu me levanto.
De um passado enraizado na dor,
eu me levanto.
Sou um oceano negro, profundo na fé
crescendo e expandindo-se como a maré.
Deixando para trás noites de terror e atrocidade,
eu me levanto.
Em direção a um novo dia de intensa claridade,
eu me levanto
trazendo comigo o dom de meus antepassados,
eu carrego o sonho e a esperança do homem escravizado.
E assim, eu me levanto
eu me levanto
eu me levanto.
com mentiras lançadas ao ar.
Pode me jogar contra o chão de terra,
mas ainda assim, como a poeira, eu vou me levantar.
Minha presença o incomoda?
Por que meu brilho o intimida?
Porque eu caminho como quem possui riquezas dignas do grego Midas.
Como a lua e como o sol no céu,
com a certeza da onda no mar,
como a esperança emergindo na desgraça,
assim eu vou me levantar.
Você não queria me ver quebrada?
Cabeça curvada e olhos para o chão?
Ombros caídos como as lágrimas,
minh'alma enfraquecida pela solidão?
Meu orgulho o ofende?
Tenho certeza que sim
porque eu rio como quem possui
ouros escondidos em mim.
Pode me atirar palavras afiadas,
dilacerar-me com seu olhar,
você pode me matar em nome do ódio,
mas ainda assim, como o ar, eu vou me levantar.
Minha sensualidade incomoda?
Será que você se pergunta
por que eu danço como se tivesse
um diamante onde as coxas se juntam?
Da favela, da humilhação imposta pela cor,
eu me levanto.
De um passado enraizado na dor,
eu me levanto.
Sou um oceano negro, profundo na fé
crescendo e expandindo-se como a maré.
Deixando para trás noites de terror e atrocidade,
eu me levanto.
Em direção a um novo dia de intensa claridade,
eu me levanto
trazendo comigo o dom de meus antepassados,
eu carrego o sonho e a esperança do homem escravizado.
E assim, eu me levanto
eu me levanto
eu me levanto.
29 de mai. de 2014
Destino de Mahatma Gandhi
Mantenha seus pensamentos positivos, porque seus pensamentos tornam-se suas palavras.
Mantenha suas palavras positivas, porque suas palavras tornam-se suas atitudes.
Mantenha suas atitudes positivas, porque suas atitudes tornam-se seus hábitos.
Mantenha seus hábitos positivos, porque seus hábitos tornam-se seus valores.
Mantenha seus valores positivos, porque seus valores ...
Tornam-se seu destino.
Mahatma Gandhi citado em "Middletown Roots: Featuring the Exciting" Melvia F. Miller
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