Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
13 de jun. de 2014
Lua e estrela :: Caetano Veloso
Menina do anel
De lua e estrela
Raios de sol
No céu da cidade
Brilho da lua
Noite é bem tarde
Penso em você
Fico com saudade
Manhã chegando
Luzes morrendo
Nesse espelho
Que é nossa cidade
Quem é você?
Qual o seu nome?
Conta pra mim
Diz como eu te encontro
Mas deixa o destino
Deixa o acaso
Quem sabe eu te encontro
De noite no baixo
Brilho da lua
Noite bem tarde
Penso em você
Fico com saudade
Mas deixa o destino
Deixa o seu castro
Quem sabe eu te encontro
De noite no baixo
Brilho da lua
Noite bem tarde
Penso em você
Fico com saudade
12 de jun. de 2014
O mais singular livro dos livros :: J. W. Goethe (1749-1832)
Edward Burne-Jones
O mais singular livro dos livros
É o Livro do Amor;
Li-o com toda a atenção:
Poucas folhas de alegrias,
De dores cadernos inteiros;
Apartamento faz uma secção,
Reencontro! um breve capítulo,
Fragmentário. Volumes de mágoas
Alongados de comentários,
Infinitos, sem medida.
Ó Nisami ! – mas no fim
Achaste o justo caminho;
O insolúvel, quem o resolve?
Os amantes que tornam a encontrar-se.
De Divan Ocidental-Oriental
11 de jun. de 2014
Estrangeiro de José Guilherme de Araujo Jorge
Estranho, como de repente
o que era a minha vida, ou o que eu julgava que era
não faz sentido mais ...
Tenho a alma daquele imigrante em terra estranha
a carregar sozinho seus pensamentos
em meio à algazarra do cais...Antes de ti
a vida era um velho roteiro, rotina
comum...
Agora, quando venho de teus braços
estou no Paraíso...
E estou sempre chegando a lugar nenhum...
10 de jun. de 2014
Questão de Pontuação :: João Cabral de Mello Neto
Todo mundo aceita que ao homem
cabe pontuar a própria vida:
que viva em ponto de exclamação
(dizem: tem alma dionisíaca);
viva em ponto de interrogação
(foi filosofia, ora é poesia);
viva equilibrando-se entre vírgulas
e sem pontuação (na política):
o homem só não aceita do homem
que use a só pontuação fatal:
que use, na frase que ele vive
o inevitável ponto final.
9 de jun. de 2014
Criança :: Sylvia Plath
O olho claro é a coisa mais bonita em você.
Quem dera enchê-lo de patos e cores,
Zôo do novo,
Nomes em que você pensa –
Campânula-de-abril, Cachimbo-de-índio,
Pequenino
Caule sem espinhos,
Lago em cujas margens, imagens
Pudessem ser clássicas e imensas
Não esse tenso
Torcer de mãos, esse teto
Escuro e sem estrela.
Tradução de Rodrigo G. Lopes e Maurício A. Mendonça
8 de jun. de 2014
7 de jun. de 2014
Nara Lofego Leão Diegues (Vitória, 19 de janeiro de 1942 - Rio de Janeiro, 7 de junho de 1989)
"Eu não tenho nenhuma intenção de mudar. Quando os outros dizem que eu mudei, eu não tive intenção de mudar, nem pretensão de mudar. Nem intenção de fazer nada novo. Corresponde a uma necessidade minha. Necessidade de ter um papo novo, porque aquele outro tá chato. Sabe? Eu me sinto recebendo coisas novas, impulsos novos e energias novas, juntando isso com a minha energia, recarregando a minha energia. É como se eu estivesse andando por uma estrada, pegando uma manga aqui, um caju ali, uma pera acolá. A vida vai indo, e eu vou caminhando."
fonte: Jornal da Tarde, 27/6/1981
6 de jun. de 2014
Callicarpa - Callicarpa reevesi
Quando em fruta esta árvore apresenta um belíssimo espetáculo da natureza reunindo os mais diversos tipos de pássaros frugívoros.
Época de frutificação e florada: A florada ocorre em abril, maio, junho e julho vem os frutos esféricos de coloração rosa claro em cachos e em grande quantidade.
Cultivo: Deve ser cultivada em pleno sol e meia-sombra, em vários tipos de solos, preferencialmente os ricos em matéria orgânica e descompactados.
Aves mais atraídas pela planta: sabiás, saíras, sanhaços e bem-te-vis.
Natural da China
Referências: www.fazendacitra.com.br
Faça de Conta :: Isabel Machado
Oswaldo Guayasamin
Faça de conta
que a vida é curta
e o tempo não nos pertença
para assim sorver cada minuto
como último
e cada sonho
como eterno...
Faça de conta
que não há limites
entre espaços
quando abraços - em costas
são sentidos à léguas...
Faça de conta
que o desejo nunca morre
não dá trégua
não pede água
e só não é eterno
para viver mais
em clima de paixão..
5 de jun. de 2014
Espelho :: Sylvia Plath
Sylvia Plath
Sou prata e exato. Eu não prejulgo.
O que vejo engulo de imediato
Tal qual é, sem me embaçar de amor ou desgosto.
Não sou cruel, tão somente veraz —
O olho de um deusinho, de quatro cantos.
O tempo todo reflito sobre a parede em frente.
É rosa, com manchas. Fitei-a tanto
Que a sinto parte de meu coração. Mas vacila.
Faces e escuridão insistem em nos separar.
Agora sou um lago. Uma mulher se inclina para mim,
Buscando em domínios meus o que realmente é.
Mas logo se volta para aqueles farsantes, o lustre e a lua.
Vejo suas costas e as reflito fielmente.
Ela me paga em choro e agitação de mãos.
Sou importante para ela. Ela vai e vem.
A cada manhã sua face reveza com a escuridão.
Em mim afogou uma menina, e em mim uma velha
Salta sobre ela dia após dia como um peixe horrendo.
Tradução de Vinicius Dantas
4 de jun. de 2014
No silêncio dos olhos :: José Saramago
Em que outra humanidade se aprendeu
A palavra que ordene a confusão
Que neste remoinho se teceu?
Que murmúrio de vento, que dourados
Cantos de ave pousada em altos ramos
Dirão, em som, as coisas que, calados,
No silêncio dos olhos confessamos?
3 de jun. de 2014
Labor feminino :: Maya Angelou
Roupas para remendar
Chão para esfregar
Comida para comprar
Frango para fritar
Bebê para limpar
Tenho companhia para me alimentar
Jardim para ervas daninhas arrancar
Neném para trajar
Lata para cortar
Esta cabana limpar
O doentes para cuidar
E o algodão para pegar
Brilhem sobre mim, raios de sol
Chova sobre mim, chuva
Caiam, lentamente, gotas d’orvalho
e refresquem minha pele, novamente.
Tempestade, sopre-me daqui
Com seu mais poderoso vento
Deixe-me nos céus flutuar
Até que eu possa descansar.
Caiam, gentilmente, flocos de neve
Cubram-me com seu glacial
palor e seu beijo congelante
Deixe-me descansar nesta noite errante.
Sol, céu, chuva
Montanha, oceanos, folha e pedra
Estrela brilhante, lua incandescente
Vocês são as únicas coisas que me pertencem.
Tradução Alice Dias
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