13 de jun. de 2014

Pablo Picasso













Lua e estrela :: Caetano Veloso



Menina do anel 
De lua e estrela 
Raios de sol 
No céu da cidade 
Brilho da lua 
Noite é bem tarde 
Penso em você 
Fico com saudade 
Manhã chegando 
Luzes morrendo 
Nesse espelho 
Que é nossa cidade 
Quem é você? 
Qual o seu nome? 
Conta pra mim 
Diz como eu te encontro 
Mas deixa o destino 
Deixa o acaso 
Quem sabe eu te encontro 
De noite no baixo 
Brilho da lua 
Noite bem tarde 
Penso em você 
Fico com saudade 

Mas deixa o destino 
Deixa o seu castro 
Quem sabe eu te encontro 
De noite no baixo 
Brilho da lua 
Noite bem tarde 
Penso em você 
Fico com saudade 



12 de jun. de 2014

O mais singular livro dos livros :: J. W. Goethe (1749-1832)

Edward Burne-Jones 


O mais singular livro dos livros
É o Livro do Amor;
Li-o com toda a atenção:
Poucas folhas de alegrias,
De dores cadernos inteiros;
Apartamento faz uma secção,
Reencontro! um breve capítulo,
Fragmentário. Volumes de mágoas
Alongados de comentários,
Infinitos, sem medida.
Ó Nisami ! – mas no fim 
Achaste o justo caminho;
O insolúvel, quem o resolve?
Os amantes que tornam a encontrar-se.

De Divan Ocidental-Oriental

11 de jun. de 2014

Estrangeiro de José Guilherme de Araujo Jorge


Paradise - Marc Chagall, 1961

Estranho, como de repente
o que era a minha vida, ou o que eu julgava que era
não faz sentido mais ...

Tenho a alma daquele imigrante em terra estranha
a carregar sozinho seus pensamentos
em meio à algazarra do cais...Antes de ti
a vida era um velho roteiro, rotina
comum...

Agora, quando venho de teus braços
estou no Paraíso...

E estou sempre chegando a lugar nenhum...




10 de jun. de 2014

Questão de Pontuação :: João Cabral de Mello Neto


Todo mundo aceita que ao homem
cabe pontuar a própria vida:
que viva em ponto de exclamação
(dizem: tem alma dionisíaca);

viva em ponto de interrogação
(foi filosofia, ora é poesia);
viva equilibrando-se entre vírgulas
e sem pontuação (na política):

o homem só não aceita do homem
que use a só pontuação fatal:
que use, na frase que ele vive
o inevitável ponto final.

9 de jun. de 2014

Criança :: Sylvia Plath



O olho claro é a coisa mais bonita em você. 
Quem dera enchê-lo de patos e cores, 
Zôo do novo,

Nomes em que você pensa – 
Campânula-de-abril, Cachimbo-de-índio, 
Pequenino

Caule sem espinhos, 
Lago em cujas margens, imagens 
Pudessem ser clássicas e imensas

Não esse tenso 
Torcer de mãos, esse teto 
Escuro e sem estrela.

Tradução de Rodrigo G. Lopes e Maurício A. Mendonça

8 de jun. de 2014

7 de jun. de 2014

Nara Lofego Leão Diegues (Vitória, 19 de janeiro de 1942 - Rio de Janeiro, 7 de junho de 1989)








"Eu não tenho nenhuma intenção de mudar. Quando os outros dizem que eu mudei, eu não tive intenção de mudar, nem pretensão de mudar. Nem intenção de fazer nada novo. Corresponde a uma necessidade minha. Necessidade de ter um papo novo, porque aquele outro tá chato. Sabe? Eu me sinto recebendo coisas novas, impulsos novos e energias novas, juntando isso com a minha energia, recarregando a minha energia. É como se eu estivesse andando por uma estrada, pegando uma manga aqui, um caju ali, uma pera acolá. A vida vai indo, e eu vou caminhando."
fonte: Jornal da Tarde, 27/6/1981

Irene Guerriero (São Paulo, 1964)





















6 de jun. de 2014

Callicarpa - Callicarpa reevesi






A Callicarpa (Callicarpa reevesi) é uma árvore da familia Verbenaceae. Calicarpa é uma arvore de médio porte, cresce de 7 a 10 metros, é muito versátil podendo ser cultivada como arbusto caso não receba podas, também pode ser usada em arborização aí então deve receber podas de formação para se obter um caule único sem ramos laterais. Suas flores são muito vistosas na coloração lilás e aparecem precocemente, mesmo ainda quando mudas.
Quando em fruta esta árvore apresenta um belíssimo espetáculo da natureza reunindo os mais diversos tipos de pássaros frugívoros.
Época de frutificação e florada: A florada ocorre em abril, maio, junho e julho vem os frutos esféricos de coloração rosa claro em cachos e em grande quantidade.
Cultivo: Deve ser cultivada em pleno sol e meia-sombra, em vários tipos de solos, preferencialmente os ricos em matéria orgânica e descompactados.
Aves mais atraídas pela planta: sabiás, saíras, sanhaços e bem-te-vis.
Natural da China

Referências: www.fazendacitra.com.br

Faça de Conta :: Isabel Machado

Oswaldo Guayasamin

Faça de conta 
que a vida é curta 
e o tempo não nos pertença 
para assim sorver cada minuto 
como último 
e cada sonho 
como eterno... 
Faça de conta 
que não há limites
entre espaços 
quando abraços - em costas 
são sentidos à léguas... 
Faça de conta 
que o desejo nunca morre 
não dá trégua 
não pede água 
e só não é eterno 
para viver mais 
em clima de paixão..

5 de jun. de 2014

Espelho :: Sylvia Plath

Sylvia Plath 

Sou prata e exato. Eu não prejulgo.
O que vejo engulo de imediato 
Tal qual é, sem me embaçar de amor ou desgosto.
Não sou cruel, tão somente veraz —
O olho de um deusinho, de quatro cantos.
O tempo todo reflito sobre a parede em frente.
É rosa, com manchas. Fitei-a tanto
Que a sinto parte de meu coração. Mas vacila.
Faces e escuridão insistem em nos separar.

Agora sou um lago. Uma mulher se inclina para mim,
Buscando em domínios meus o que realmente é.
Mas logo se volta para aqueles farsantes, o lustre e a lua.
Vejo suas costas e as reflito fielmente.
Ela me paga em choro e agitação de mãos.
Sou importante para ela. Ela vai e vem.
A cada manhã sua face reveza com a escuridão.
Em mim afogou uma menina, e em mim uma velha
Salta sobre ela dia após dia como um peixe horrendo.

Tradução de Vinicius Dantas

4 de jun. de 2014

No silêncio dos olhos :: José Saramago

FernandKhnopff

Em que língua se diz, em que nação,
Em que outra humanidade se aprendeu
A palavra que ordene a confusão
Que neste remoinho se teceu?
Que murmúrio de vento, que dourados
Cantos de ave pousada em altos ramos
Dirão, em som, as coisas que, calados,
No silêncio dos olhos confessamos? 

3 de jun. de 2014

Labor feminino :: Maya Angelou

Russ Harris
Possuo as crianças para cuidar
Roupas para remendar
Chão para esfregar
Comida para comprar
Frango para fritar
Bebê para limpar
Tenho companhia para me alimentar
Jardim para ervas daninhas arrancar
Neném para trajar
Lata para cortar
Esta cabana limpar
O doentes para cuidar
E o algodão para pegar
Brilhem sobre mim, raios de sol
Chova sobre mim, chuva
Caiam, lentamente, gotas d’orvalho
e refresquem minha pele, novamente.
Tempestade, sopre-me daqui
Com seu mais poderoso vento
Deixe-me nos céus flutuar
Até que eu possa descansar.
Caiam, gentilmente, flocos de neve
Cubram-me com seu glacial
palor e seu beijo congelante
Deixe-me descansar nesta noite errante.
Sol, céu, chuva
Montanha, oceanos, folha e pedra
Estrela brilhante, lua incandescente
Vocês são as únicas coisas que me pertencem.

Tradução  Alice Dias

Aos Namorados do Brasil :: Carlos Drummond de Andrade

Dai-me, Senhor, assistência técnica para eu falar aos namorados do Brasil. Será que namorado algum escuta alguém? Adianta falar a namorados?...