Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
2 de ago. de 2014
1 de ago. de 2014
Toda a vida acreditei :: Mia Couto
Toda a vida acreditei:
amor é os dois se duplicarem em um.
Mas hoje sinto: ser um é ainda muito.
De mais.
Ambiciono, sim, ser o múltiplo de nada,
Ninguém no plural. -
Ninguéns.
Glicínia (Wisteria)
Espécies:
Wisteria brachybotrys
Wisteria macrostachya - Wistéria-do-kentucky
Wisteria sinensis - Wistéria-chinesa
Wisteria venusta - Wistéria-de-seda
Wisteria villosa
Biópsia :: HELEN FARISH
Pablo Picasso, 1922
Vou fugir com os meus seios
para Barcelona, as Canárias.
Têm afeição por essa vida de esplanada,
pescadores, vinho local.
Não deixo nem mais um pedaço no hospital.
Compreendo agora a massa,
como as células se aglutinaram
em crescente, qual lua jovem,
um barco polido de mar, uma rede.
Todos esses símbolos de desejo:
tivesse eu tomado conta
não teriam tomado forma.
31 de jul. de 2014
Cranberry, arando-vermelho, mirtilo-vermelho, e airela.
Oxicoco (do grego: ὀξύς - "ácido" e κόκκος - "baga", pelo seu sabor ácido) é o nome dado aos arbustos perenes, naturais do Hemisfério Norte, do género Vaccinium, subgénero Oxycoccus e seus frutos. Estes são bagas vermelhas e bastante ácidas, sendo utilizadas na culinária e na produção de sumos. Outros nomes vulgares são arando-vermelho, mirtilo-vermelho, cranberry e airela.
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Oxicoco
Ouro e púrpura :: Mariana Ianelli
Outono de rosa mosqueta e de maçãs –
Não o paraíso que sonhamos uma vez
Apenas para inventar boas memórias –
Não é mais um êxtase de nossa lavra
Nem o disfarce de feridas bem guardadas
Por receio de munir com as nossas faltas
Um inimigo no sentimento do amante.
Não é mais deixar para amanhã
E amanhã sempre a mentira deslumbrante
De a um mínimo gesto de distância
Poder tocar o ideal de uma paisagem.
Já se foram todos os nossos truques,
Abandonados num tremendo acidente,
Numa tormenta, num incêndio, numa alma
Que foi picada em seu sono e despertou.
Agora um país de ouro e púrpura
E nós despojados, tontos de ar puro,
Recém-maduros para o amor sereno,
Nosso outono de rosa mosqueta e de maçãs.
29 de jul. de 2014
Papoulas de Julho de Sylvia Plath
Georgia O'Keeffe, 1927
Ó papoulinhas pequenas flamas do inferno,
Então não fazem mal?
Vocês vibram. É impossível tocá-las.
Eu ponho as mãos entre as flamas. Nada me queima.
E me fatiga ficar a olhá-las
Assim vibrantes, enrugadas e rubras,
como a pele de uma boca. Uma boca sangrando.
Pequenas franjas sangrentas!
Há vapores que não posso tocar.
Onde estão os narcóticos, as repugnantes cápsulas?
Se eu pudesse sangrar, ou dormir !
Se minha boca pudesse unir-se a tal ferida !
Ou que seus licores filtrem-se em mim, nessa cápsula de vidro,
Entorpecendo e apaziguando.
Mas sem cor. Sem cor alguma.
Tradução de Afonso Félix de Souza
28 de jul. de 2014
Poema da Lavadeira :: Fernando Pessoa
A lavadeira no tanque
Bate roupa em pedra bem.
Canta porque canta e é triste
Porque canta porque existe;
Por isso é alegre também.
Ora se eu alguma vez
Pudesse fazer nos versos
O que a essa roupa ela fez,
Eu perderia talvez
Os meus destinos diversos.
Há uma grande unidade
Em, sem pensar nem razão,
E até cantando a metade,
Bater roupa em realidade...
Quem me lava o coração?
27 de jul. de 2014
Quero me casar :: Carlos Drummond de Andrade
Rachael Pragnell
Quero me casar
na noite na rua
no mar ou no céu
quero me casar.
Procuro uma noiva
loura morena
preta ou azul
uma noiva verde
uma noiva no ar
como um passarinho
Depressa, que o amor
não pode esperar !
26 de jul. de 2014
Os primeiros momentos :: CORAL RUMBLE
Anastasija Kraineva
Amo os primeiros momentos da manhã
aqueles momentos que ainda ninguém usou
tão limpos
que deves lavar os pés antes de os habitares
aqueles momentos que cheiram como pétalas de rosa e erva cortada
e encharcam a tua roupa com orvalho
Irás chocar com segredos
descobrir milagres cobertos habitualmente pelo fumo dos autocarros
escutarás puros ecos sussurros e corridas precipitadas
Amo os primeiros momentos da manhã
quando o sol tem um só olho aberto
e o dia é como uma camisa lavada
sem vincos e pronta a usar
aqueles momentos que prendem a tua atenção
por serem tão sossegados
25 de jul. de 2014
Despedida de Cecilia Meireles
que está onde as outras coisas nunca estão
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces ? - me perguntarão. -
Por não Ter palavras, por não ter imagem.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras ?
Tudo.
Que desejas ?
Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação ...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão !
Estandarte triste de uma estranha guerra ... )
Quero solidão.
24 de jul. de 2014
ENVELOPE COM FOTOGRAFIAS :: TJISKE JANSEN nasceu em Barneveld, Holanda, em 1971.
Helen von Borstel.
Tal como o mar me consola com a sua profundeza
porque não consigo contar a água,
pois é maior que toda a terra
por onde as pessoas andam,
porque há peixes a quem esse espaço pertence,
pois ele não é das pessoas,
consola-me não me recordar de lá ter estado,
ter feito isto ou aquilo,
daquele bibe, ou daquele vestido,
daquelas meias até ao joelho, ao lado daquela miúda,
ao colo do senhor com a guitarra,
ao colo da avó quando tinha sete meses.
E nos momentos dos quais não há fotografias,
também lá ter estado.
Espírito de colecionador :: Adélia Prado
Quero pôr o bonito numa caixa com chave
para abrir de vez em quando e olhar."
Adélia Prado
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