4 de jul. de 2015

Quase de nada místico :: Ana Luísa Amaral

Joan Miro, 1925

Não, não deve ser nada este pulsar
de dentro: só um lento desejo
de dançar. E nem deve ter grande
significado este vapor dourado,

e invisível a olhares alheios:
só um pólen a meio, como de abelha
à espera de voar. E não é com certeza
relevante este brilhante aqui:

poeira de diamante que encontrei
pelo verso e por acaso, poema
muito breve e muito raso,
que (aproveitando) trago para ti.


                 de Às Vezes o Paraíso


Anos 90 e agora
Uma Antologia da Nova Poesia Portuguesa
edições quasi

Arte Madhubani ou pintura Mithila















Pintura Madhubani ou pintura Mithila é um estilo de pintura indiana praticada na região de Mithila, localizada no estado de Bihar, na Índia.
As origens do Madhubani pintura remonta à antiguidade, e a tradição diz que este estilo de pintura nasceu na época do Ramayana, quando o rei Janaka encomendou pinturas de artistas para o casamento de sua filha, Sita com o deus hindu Rama.
Era tradicionalmente feita por mulheres nas aldeias ao redor da atual cidade de Madhubani e outras áreas da região de Mithila. As pinturas foram feitas geralmente em paredes recém rebocadas, cabanas de barro; atualmente também são feitas sobre tela ou papel.
Esta técnica esteve restrita  a uma área geográfica limitada e tal habilidade foi passada através dos séculos com  conteúdo e estilo  semelhantes. As pinturas de Madhubani representam a natureza e eventos tradicionais especialmente hindus, e os temas geralmente giram em torno de divindades hindus, como Krishna, Rama, Shiva, Durga, Lakshmi e Saraswati. Os objetos naturais como o sol, lua, plantas ou ssimbolos religiosos também estão amplamente presentes, juntamente com cenas da corte real e eventos sociais, como casamentos.

3 de jul. de 2015

Paige Jiyoung Moon




















No meu tempo :: Helder Moura Pereira

Patrick Caulfield, 1969

No meu tempo, ah, dizer no meu
tempo é engraçado, havia pais
que levavam os filhos às putas. 
Sei que houve gente que adorou
e outra que ficou traumatizada
para o resto da vida.
O meu pai não
me levou a coisa nenhuma dessas, 
mas deu-me o primeiro vinho a provar
e ensinou-me a escrever. Eu 
depois inventei o resto. 

Eu depois inventei o resto. Companhia das Ilhas, 2013clique aqui

2 de jul. de 2015

Jean-Theodore Descourtilz (1796 –1855 Riacho das Almas) : desenhos



















fonte: http://plantillustrations.org/

A Nossa Casa :: Arnaldo Antunes / Alice Ruiz / Paulo Tatit / João Bandeira / Celeste Moreau Antunes / Edith Derdik / Sueli Galdino

Stefan Caltia

Na nossa casa amor-perfeito é mato
E o teto estrelado também tem luar
A nossa casa até parece um ninho
Vem um passarinho pra nos acordar
Na nossa casa passa um rio no meio
E o nosso leito pode ser o mar

A nossa casa é onde a gente está
A nossa casa é em todo lugar
A nossa casa é onde a gente está
A nossa casa é em todo lugar

A nossa casa é de carne e osso
Não precisa esforço para namorar
A nossa casa não é sua nem minha
Não tem campainha pra nos visitar
A nossa casa tem varanda dentro
Tem um pé de vento para respirar

A nossa casa é onde a gente está
A nossa casa é em todo lugar
A nossa casa é onde a gente está
A nossa casa é em todo lugar

1 de jul. de 2015

Mia Couto ( pseudônimo de António Emílio Leite Couto - Beira, 5 de Julho de 1955)


Yayoi Kusama

Há quem se deite

em fogo

para morrer.

Pois eu sou

Como o vagalume:

- só existo

quando me incendeio.

in: Vagas e Lumes. Leya, 2014 

Aos Namorados do Brasil :: Carlos Drummond de Andrade

Dai-me, Senhor, assistência técnica para eu falar aos namorados do Brasil. Será que namorado algum escuta alguém? Adianta falar a namorados?...