Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
17 de set. de 2018
10 de set. de 2018
COM O FOGO NÃO SE BRINCA :: Adília Lopes
Franz Stuck
Com o fogo não se brinca
porque o fogo queima
com o fogo que arde sem se ver
ainda se deve brincar menos
do que com o fogo com fumo
porque o fogo que arde sem se ver
é um fogo que queima
muito
e como queima muito
custa mais
a apagar
do que o fogo com fumo
De Um Jogo Bastante Perigoso (1985)
5 de set. de 2018
O sempre amor:: Adélia Prado
Amor é a coisa mais alegre
amor é a coisa mais triste
amor é coisa que mais quero.
Por causa dele falo palavras como lanças.
Amor é a coisa mais alegre
amor é a coisa mais triste
amor é coisa que mais quero.
Por causa dele podem entalhar-me,
sou de pedra-sabão.
Alegre ou triste,
amor é coisa que mais quero.
Bagagem. In: Poesia reunida. Rio de Janeiro: Record, 2015. p. 64
3 de set. de 2018
23 de ago. de 2018
Esteira e cesto :: Sophia de Mello Breyner Andresen
No entrançar de cestos ou de esteira
Há um saber que vive e não desterra
Como se o tecedor a si próprio se tecesse
E não entrançasse unicamente esteira e cesto
Mas seu humano casamento com a terra
Há um saber que vive e não desterra
Como se o tecedor a si próprio se tecesse
E não entrançasse unicamente esteira e cesto
Mas seu humano casamento com a terra
20 de ago. de 2018
16 de ago. de 2018
INJUNÇÃO :: Frank Bidart (Califórnia, 1939)
Como se os nomes que usamos para nomear os usos de prédios
fossem raios x de nossas almas, guerra sem fim:
Palácio. Prisão. Igreja. Escola.
Mercado. Teatro. Bordel. Banco.
Guerra sem fim. Porque nomear é possuir
os sonhos de estranhos, que profanam
a igreja, que pede a extinção do bordel, agora teatro, agora escola; a escola
despreza igreja, palácio, mercado, banco; o banco ao
recusar-se a nomear seus correntistas dá boas-vindas a todos, embora prisioneiros
raivosos tentem a cada noite reduzir a pó mais uma pedra sob o palácio.
Guerra sem fim. Por conseguinte tempo após tempo;
Rasgue o tecido. Pregue-o. Não
na parede. Rasgue através
da parede. Lá fora,
o tempo. Pregue-o.
INJUNCTION
As if the names we use to name the uses of buildings
x-ray our souls, war without end:
Palace. Prison. Temple. School.
Market. Theater. Brothel. Bank.
War without end. Because to name is to possess
the dreams of strangers, the temple
is offended by, demands the abolition of brothel, now theater, now
school; the school despises temple, palace, market, bank; the bank by
refusing to name depositors welcomes all, though in rage prisoners each
night gnaw to dust another stone piling under the palace.
War without end. Therefore time past time:
Rip through the fabric. Nail it. Not
to the wall. Rip through
the wall. Outside
time. Nail it.
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