3 de fev. de 2015

Aprendi a viver :: Anna Akhmátova


Aprendi a viver com simplicidade, com juízo, 
a olhar o céu, a fazer minhas orações, 
a passear sozinha até a noite, 
até ter esgotado esta angústia inútil.

Enquanto no penhasco murmuram as bardanas 
e declina o alaranjado cacho da sorveira, 
componho versos bem alegres 
sobre a vida caduca, caduca e belíssima. 
Volto para casa. Vem lamber a minha mão 
o gato peludo, que ronrona docemente, 
e um fogo resplandecente brilha 
no topo da serraria, à beira do lago. 
Só de vez em quando o silêncio é interrompido 
pelo grito da cegonha pousando no telhado. 
Se vieres bater à minha porta, 
é bem possível que eu sequer te ouça.

Tradução de Lauro Machado Coelho

Nenhum comentário:

Os dias felizes :: Cecília Meireles

Fernando Igor Os dias felizes estão entre as árvores, como os pássaros: viajam nas nuvens, correm nas águas, desmancham-se na areia.   Todas...