9 de mai. de 2015

Três metades :: Paulo Leminski

Anna Cunha 

Meio dia,
um dia e meio,
meio dia, meio noite,
metade deste poema
não sai na fotografia,
metade, metade foi-se.

Mas eis que a terça metade,
aquela que é menos dose
de matemática verdade
do que soco, tiro, ou coice,
vai e vem como coisa 
de ou, de nem, ou de quase.

Como se a gente tivesse 
metades que não combinam, 
três partes, destempestades,
três vezes ou vezes três, 
como se quase, existindo,
só nos faltasse o talvez.

Distraídos Venceremos. Brasiliense, 1987. 

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