Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
14 de jul. de 2025
O NADO NU :: ANNE SEXTON
No lado sudoeste de Capri
achamos uma grutinha desconhecida
onde não havia ninguém e
ali entramos completamente
e deixamos que nossos corpos perdessem toda
a solidão.
Tudo o que em nós era peixe
aflorou por um instante.
Os peixes de verdade não ligaram.
Não perturbamos a vida íntima deles.
Calmamente enveredamos acima
e abaixo deles, espalhando
borbulhas, balõezinhos
brancos que flutuavam
sol adentro junto do barco
onde o barqueiro italiano dormia
com o chapéu sobre o rosto.
A água tão clara que se podia
ler um livro através dela.
A água tão leve que se podia
boiar sobre os cotovelos.
Deitei-me ali como num divã
Deitei-me ali igualzinho
à Odalisca Vermelha de Matisse.
A água era minha estranha flor.
Imagine uma mulher
sem toga nem lenço
num sofá tão profundo como um túmulo.
As paredes daquela gruta
tinham todos os tons de azul e
você dizia, "Olhe! Seus olhos
estão da cor do mar. Olhe! Seus olhos
estão da cor do céu". E meus olhos
se fecharam como se estivessem
de súbito envergonhados.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
O NADO NU :: ANNE SEXTON
No lado sudoeste de Capri achamos uma grutinha desconhecida onde não havia ninguém e ali entramos completamente e deixamos que nossos c...
-
Tem de haver mais Agora o verão se foi E poderia nunca ter vindo. No sol está quente. Mas tem de haver mais. Tudo aconteceu, Tu...
-
A ilha da Madeira foi descoberta no séc. XV e julga-se que os bordados começaram desde logo a ser produzidos pel...
Nenhum comentário:
Postar um comentário