é no meu corpo que vais morrendo devagar
em alguns dias virá nova a pele
em algumas semanas virão novos os fios de cabelo
dentro de três ou quatro meses as unhas de agora serão
ínfima ruína, ao lado da lixa
e então já nenhum lugar das minhas mãos
contará a história de ter estado
dentro das tuas
é no meu corpo que vais morrendo
que continuas a morrer até ultrapassar o corpo
até chegar no que o corpo
não vence
até que por um golpe de sorte
não me fira mais – como água descendo pela nuca
o teu jeito de descrever
a chuva
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mar becker
em: excertos de caminho; o caderno em perda; estudos e reunidos; 2021/22
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