30 de jun. de 2014

Poemeto Matinal :: Abgar Renault

Patrick DuMouchel
O ar da manhã beija a minha face. 
A minha alma beija o ar leve da manhã 
e olha a paisagem longínqua da cidade, 
que branqueja alegremente na distância 

e sorri humanamente 
um sorriso branco no caiado das casas 
que montam os flancos das colinas azuis 
e espiam pelos olhos escancarados das janelas. 

7 horas. Vai começar a função. 
O despertador das sirenes fura liricamente 
o silêncio doirado da manhã. 
Parece que a vida acorda agora pela primeira vez 

e esfrega os olhos deslumbradamente... 
Meu Ford fordeja dentro da manhã 
e sobe a rua velha do meu bairro, 
arquejando, bufando, fumando gasolina. 

Meu Ford a cabriolar nos buracos da rua descalça 
é um cabrito todo preto a cabriolar, prodigioso. 
O ar leve beija o radiador 
e beija a minha face. 

A meninice de todo o meu ser 
na doirada névoa desta manhã! 

29 de jun. de 2014

Não sou areia :: Lya Luft

Botticelli
Não sou areia 
onde se desenha um par de asas
ou grades diante de uma janela.
não sou apenas a pedra que rola
na marés do mundo,
em cada praia renascendo outra.
Sou a orelha encostada na concha
da vida, sou construção e desmoronamento,
servo e senhor, e sou
mistério.

A quatro mãos escrevemos o roteiro
para o palco de meu tempo:
o meu destino e eu.
Nem sempre estamos afinados,
nem sempre nos levamos
a sério.

28 de jun. de 2014

A moça anônima da história :: Clarice Lispector

Embora a moça anônima da história seja tão antiga que podia ser uma figura bíblica. Ela era subterrânea e nunca tinha tido floração. Minto: ela era capim. Se a moça soubesse que minha alegria também vem de minha mais profunda tristeza e que a tristeza era uma alegria falhada. Sim, ela era alegrezinha dentro de sua neurose.  Neurose de guerra.

fonte: A Hora da Estrela. Rocco, 1998.

Delphinium: Delfino, esporinha, Larkspur






NOME CIENTÍFICO: Delphinium
NOME POPULAR: Delfino, esporinha, Larkspur.
SINONÍMIA: Consolida ambígua.
FAMÍLIA: Ranunculaceae.
CICLO DE VIDA: Anual - ( Nasce, cresce, dá flores e morre em 1 ano ).
ORIGEM: Nativas do sul da Europa.
PORTE: De 90cm a 1,5 m.
FOLHAS: De coloração verde brilhante e rendilhada.

LUMINOSIDADE: Apreciam bastante luz, mas não sol direto nas horas mais quentes do dia.
ÁGUA: Não descuidar de manter o solo úmido durante a fase de crescimento, mas sem encharcar.
CLIMA: Ameno.
CULTIVO: Solo fértil e bem drenado, plantar diretamente no lugar definitivo, ela não gosta de ser transplantada, para espécies altas colocar estacas.
FERTILIZAÇÃO: Adubar mensalmente.
PROPAGAÇÃO: Sementes.

PLANTA MEDICINAL: Antiinflamatório e antiparasitário.
PLANTA TÓXICA: Folhas e sementes são tóxicas, cuidados especiais com crianças pequenas e animais domésticos.

27 de jun. de 2014

Zalipie - Polônia




















Zalipie é uma vila situada no município de Olesno na Polônia. É conhecida por suas pinturas sobre madeira. Diz a tradição que o costume nasceu décadas atrás, quando uma Felicja Curylowa, querendo cobrir manchas de fuligem no teto de sua casa, pintou flores sobre elas. Pinturas semelhantes rapidamente foram reproduzidas por outras mulheres da aldeia e, assim, tornou-se a mais bela aldeia na Polônia. O costume foi mantida mesmo após o advento nos fogões - o problema da fuligem não existe mais - e gradualmente padrões de flores pintadas nas paredes tornaram-se mais sofisticados e mais evidente, tanto dentro como fora da casa e ao redor da casa. 
Atualmente, a vila organiza uma competição anual de pintura em torno da festa católica de Corpus Christi . No concurso as mulheres, maioria dos participantes,  apresentam as suas próprias criações de parede,  decorações florais que mantêm os elementos tradicionais aos quais agregam a sua própria interpretação.

Penso linhos e ungüentos :: Hilda Hilst

Vermeer, c. 1658

Penso linhos e ungüentos
para o coração machucado de Tempo.
Penso bilhas e pátios
Pela comoção de contemplá-los.
(E de te ver ali
À luz da geometria de teus atos)
Penso-te
Pensando-me em agonia. E não estou.
Estou apenas densa
Recolhendo aroma, passo
O refulgente de ti que me restou.

Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...