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2 de nov. de 2014

Os meus mortos :: Manuel António Pina

"Os meus mortos levaram consigo, de mim, palavras, memórias, dias, lugares, desígnios, incertezas; os seus olhos guardam para sempre o meu rosto, os seus ouvidos a minha voz. Também eu morri com eles, e também eu, o que fiquei, me perdi fora de mim. Onde quer que eles estejam agora, quem quer que sejam agora, estou, pois, junto deles. E pertencem-me, tanto quanto provavelmente eu lhes pertenço."

in Por outras palavras

11 de out. de 2013

Eu durmo à beira do céu de Pedro Silva Sena

Alma Woodsey Thomas, 1973
Eu durmo à beira do céu

Sobre as pedras

Há muito tempo que nada me pertence

— Talvez a água

Quando corre por mim abaixo

Quando me brilha nos olhos

Talvez as folhas das árvores

Quando as aliso nas mãos

Quando tu chegas

Talvez a carne pendurada nos ossos

Quando brinco com ela

Talvez o chão

a pequena porção dele sob os meus passos

Talvez a sombra

antes de voar

11 de ago. de 2013

O Filho de Mil Homens de ― Valter Hugo Mãe




(...) todos nascemos filhos de mil pais e de mais mil mães, e a solidão é sobretudo a incapacidade de ver qualquer pessoa como nos pertencendo, para que nos pertença de verdade e se gere um cuidado mútuo. Como se os nossos mil pais e mais as nossas mil mães coincidissem em parte, como se fôssemos por aí irmãos, irmãos uns dos outros. Somos o resultado de tanta gente, de tanta história, tão grandes sonhos que vão passando de pessoa a pessoa, que nunca estaremos sós.

30 de jan. de 2012

Como um gato




I'm like cat here, a no-name slob. We belong to nobody, and nobody belongs to us. We don't even belong to each other. Breakfast at Tiffany's (1961)

Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...