Beatrice Ridley
Dizes que escrevi de mais sobre vacas,
E que estraguei demasiados versos com os cereais dos campos.
E então? Tu tens manteiga e leite pela manhã,
Ao jantar há sempre esse pãozinho branco
No teu prato e, além disso, o teu clamor por carne.
Sustentas que perdemos alguma emoção poética
Quando, nos nossos versos, falamos de vacas a toda a hora,
A intensidade de um poema, dizes, não vem das pastagens,
Nasce antes sob a nossa pele - quando uma linha explode
Em palavras, insistes, vindas de alguma reserva sublime.
Escuta, no entanto: no que diz respeito a vacas, eu nunca alcancei
Tudo o que queria, sim, elas merecem muito mais,
Por isso não posso separá-las da minha caneta e das minhas folhas,
As vacas são a minha inspiração, a minha primavera, o meu outono,
E, se pudesse, ensiná-las-ia a escrever poemas.
Tenho a certeza de que fariam melhor do que a maioria dos nossos bardos!
(Versão a partir da tradução inglesa de Robert Elsie e Janice Mathie-Heck reproduzida em Lightning from the depths - An anthology of albanian poetry, Northwestern University Press, Evanston/Illinois, 2008, p. 181).