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6 de fev. de 2015

Soneto para construir janelas :: Gregorio Duvivier

Edward Hopper

Erguer antes de tudo uma parede -
a parede no caso é importantíssima,
pois as janelas só existem sobre
paredes, as janelas sobre nada

são também nada e não são sequer vistas.
Em seguida, quebrá-la até fazer
nela um grande buraco, não maior
que a parede, pois precisamos vê-la,

nem menor que seus braços - as janelas
sobre as quais não se pode debruçar
não são janelas, são buracos. Pronto.

Ou quase: agora basta construir
um mundo do outro lado da parede,
para que possas vê-lo, emoldurado.

fonte:  A partir de amanhã eu juro que a vida vai ser agora. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2008. 

3 de nov. de 2014

Insiro o rosto :: ANTÓNIO RAMOS ROSA

Nadejda Anfalova
Insiro o rosto
entre os ramos de um arbusto
e bebo a delicada fábula
dos fulgores solares

Consumi toda a minha fragilidade verde

Dormi como uma folha
de braços abertos
e passo a passo
subi ao cimo do dia

 in NUMA FOLHA LEVE E LIVRE. Lua de Marfim Editora,  2013.

Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...