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2 de mar. de 2017

Gentileza de Sylvia Plath

John Singer Sargent

Gentileza plana sobre minha casa.
Dama Gentileza, tão amável!
As jóias azuis e vermelhas de seus anéis enfumaçam
Nas janelas, os espelhos
Enchem-se de sorrisos.
O que é tão real quanto o choro de uma criança?
O grito de um coelho pode ser mais selvagem,
Mas não tem alma.
O açúcar pode curar qualquer coisa, segundo Gentileza.
O açúcar é um fluido necessário,
Seus cristais são pequenos cataplasmas.
Oh, gentileza, gentileza,
Delicadamente juntando pedaços!
Minhas sedas japonesas, borboletas desesperadas,
Podem ser trespassadas a qualquer momento, anestesiadas.
E aí vem você com uma xícara de chá
Envolta em vapor.
O jato de sangue é poesia,
Não há como estancá-lo.
Você me entrega duas crianças, duas rosas.

29 de jul. de 2014

Papoulas de Julho de Sylvia Plath

Georgia O'Keeffe, 1927

Ó papoulinhas pequenas flamas do inferno,
Então não fazem mal?

Vocês vibram. É impossível tocá-las.
Eu ponho as mãos entre as flamas. Nada me queima.

E me fatiga ficar a olhá-las
Assim vibrantes, enrugadas e rubras, 
como a pele de uma boca. Uma boca sangrando.
Pequenas franjas sangrentas!

Há vapores que não posso tocar.
Onde estão os narcóticos, as repugnantes cápsulas?

Se eu pudesse sangrar, ou dormir !
Se minha boca pudesse unir-se a tal ferida !

Ou que seus licores filtrem-se em mim, nessa cápsula de vidro,
Entorpecendo e apaziguando.
Mas sem cor. Sem cor alguma.

Tradução de Afonso Félix de Souza

9 de jun. de 2014

Criança :: Sylvia Plath



O olho claro é a coisa mais bonita em você. 
Quem dera enchê-lo de patos e cores, 
Zôo do novo,

Nomes em que você pensa – 
Campânula-de-abril, Cachimbo-de-índio, 
Pequenino

Caule sem espinhos, 
Lago em cujas margens, imagens 
Pudessem ser clássicas e imensas

Não esse tenso 
Torcer de mãos, esse teto 
Escuro e sem estrela.

Tradução de Rodrigo G. Lopes e Maurício A. Mendonça

5 de jun. de 2014

Espelho :: Sylvia Plath

Sylvia Plath 

Sou prata e exato. Eu não prejulgo.
O que vejo engulo de imediato 
Tal qual é, sem me embaçar de amor ou desgosto.
Não sou cruel, tão somente veraz —
O olho de um deusinho, de quatro cantos.
O tempo todo reflito sobre a parede em frente.
É rosa, com manchas. Fitei-a tanto
Que a sinto parte de meu coração. Mas vacila.
Faces e escuridão insistem em nos separar.

Agora sou um lago. Uma mulher se inclina para mim,
Buscando em domínios meus o que realmente é.
Mas logo se volta para aqueles farsantes, o lustre e a lua.
Vejo suas costas e as reflito fielmente.
Ela me paga em choro e agitação de mãos.
Sou importante para ela. Ela vai e vem.
A cada manhã sua face reveza com a escuridão.
Em mim afogou uma menina, e em mim uma velha
Salta sobre ela dia após dia como um peixe horrendo.

Tradução de Vinicius Dantas

25 de fev. de 2014

Palavras de Sylvia Plath

Paul Klee

Machados
Que batem e retinem na madeira.
E os ecos!
Ecos escapam
Do centro como cavalos.
A seiva
Mina em lágrimas, como a
Água tentando
Repor seu espelho
Sobre a rocha
Que cai e racha,
Crânio branco,
Comido por ervas daninhas.
Anos depois eu
As encontro no caminho –
Palavras secas, sem destino,
Incansável som de cascos.
Enquanto
Do fundo do poço, estrelas fixas
Governam uma vida.
Tradução de Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça, Sylvia Plath: Poemas, Illuminuras

21 de out. de 2011

Mas não sou onisciente




Amo as pessoas. Todas elas. Amo-as, creio, como um colecionador de selos ama sua coleção. Cada história, cada incidente, cada fragmento de conversa é matéria-prima para mim. Meu amor não é impessoal, nem tampouco inteiramente subjetivo. Gostaria de ser qualquer um, aleijado, moribundo, puta, e depois retornar para escrever sobre os meus pensamentos, minhas emoções enquanto fui aquela pessoa. Mas não sou onisciente. Tenho de viver a minha vida, ela é a única que terei. E você não pode considerar a própria vida com curiosidade objetiva o tempo todo..." Sylvia Plath

Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...