Ismael Nery
Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
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20 de nov. de 2017
Elas podem ser ensinadas a amar :: Nelson Mandela
10 de out. de 2014
Oxalá estejam limpas :: Paulo Leminsky.
oxalá estejam limpas
as roupas brancas de sexta
as roupas brancas da cesta
oxalá teu dia de festa
cesta cheia
feito uma lua
toda feita de lua cheia
no branco
lindo
teu amor
teu ódio
tremeluzindo
se manifesta
tua pompa
tanta festa
tanta roupa
na cesta
cheia
de sexta
oxalá estejam limpas
as roupas brancas de sexta
oxalá teu dia de festa
19 de mai. de 2014
Assentada :: Carlos Nejar
Chega a esta casa
sem prazo ou contrato.
Faze de pousada
as salas e quartos.
Os nossos arreios
ninguém os desata
com ódio e receios.
O tempo não sobe
nas suas paredes;
secou como um frio
nos beirais da sede;
calou-se nos mapas,
na plácida aurora,
nos pensos retratos.
Entra nesta casa
que é tua e de todos,
há muito deixada
aberta aos assombros.
Entra nesta casa
tão vasta que é o mundo,
pequena aos enganos,
perdida, encontrada.
Os dias, os anos
são palmos de nada.
9 de fev. de 2014
O alfabeto no parque - Adélia Prado
Escrevo cartas, bilhetes, lista de compras,
composição escolar narrando o belo passeio
à fazenda da vovó que nunca existiu
porque ela era pobre como Jó.
Mas escrevo também coisas inexplicáveis:
quero ser feliz, isto é amarelo.
E não consigo, isto é dor.
Vai-te de mim, tristeza, sino gago,
pessoas dizendo entre soluços:
«não aguento mais».
Moro num lugar chamado globo terrestre
onde se chora mais
que o volume das águas denominadas mar,
para onde levam os rios outro tanto de lágrimas.
Aqui se passa fome. Aqui se odeia.
Aqui se é feliz, no meio de invenções miraculosas.
Imagine que uma dita roda-gigante
propicia passeios e vertigens entre
luzes, música, namorados em êxtase.
Como é bom! De um lado os rapazes.
Do outro as moças, eu louca para casar
e dormir com meu marido no quartinho
de uma casa antiga com soalho de tábua.
Não há como não pensar na morte,
entre tantas delícias, querer ser eterno.
Sou alegre e sou triste, meio a meio.
Levas tudo a peito, diz a minha mãe,
dá uma volta, distrai-te, vai ao cinema.
A mãe não sabe, cinema é como diria o avô:
«cinema é gente passando.
Viu uma vez, viu todas.»
Com perdão da palavra, quero cair na vida.
Quero ficar no parque, a voz do cantor açucarando a tarde…
Assim escrevo: tarde. Não a palavra,
a coisa.
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