Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
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28 de set. de 2017
24 de jun. de 2017
Lira Paulistana :: Mário de Andrade
Na rua Barão de Itapetininga
O meu coração não sabe de si,
Não se vê moça que não seja linda,
Minha namorada não passeia aqui.
Na rua Barão de Itapetininga
Minha aspiração não agüenta mais,
A tarde caindo, a vida foi longa,
Mas a esperança já está no cais
Na rua Barão de Itapetininga
Minha devoção quebra duma vez,
Porque a mulher que eu amo está longe,
É ... a princesa do império chinês.
Na rua Barão de Itapetininga
Noite de São João qualquer mês terá,
Em mil labaredas de fogo e sangue
Bandeira ardente tremulará.
Na rua Barão de Itapetininga
Minha namorada vem passear.
Poesias Completas. Livraria Martins Editora.
18 de abr. de 2015
SÃO PAULO - PASSAGENS :: CAMILO THOMÉ :: XILOGRAVURA
Walter Benjamin refere-se a Paris como uma cidade escrita. Pode-se percorrê-la e buscar em seus capítulos um mapa dentro do mapa. A cidade se dá aos olhos, e a todos os sentidos, como pura fruição, mesmo que misteriosa.
São Paulo, não. Cidade-esboço, sem descartar o mistério, sempre reconquistada e perdida, não se concretiza à nossa frente. Como se pudesse existir uma argamassa de vapor a construí-la, densa e frágil, que ao ser observada já se desfaz. Grande Esfinge abaixo do Equador.
As xilogravuras de Camilo Thomé, me parece, enfrentam este olhar oblíquo. Mesmo que bem talhadas, recusam a impressão habitual e buscam um modo mais bruto, paradoxalmente evanescente, de se apresentar. São de uma solidez inconclusa. Paisagem sem horizonte, que de tantos não o tem,são a visão do andarilho perplexo e fascinado pelos espaços quase inapreensíveis. No Planalto de Piratininga toda a cartografia é inútil.
Cláudio Mubarac. Paris, primavera de 1999
25 de jan. de 2015
Toada :: Mário de Andrade
Monica Cid
fonte: Mario de Andrade : fotografo e turista aprendiz. São Paulo, SP : USP/Instituto de Estudos Brasileiros, 1993.
25 de jan. de 2014
Poemas da amiga de Mário de Andrade
A tarde se deitava nos meus olhos
E a fuga da hora me entregava abril,
Um sabor familiar de até-logo criava
Um ar, e, não sei porque, te percebi.
Voltei-me em flor. Mas era apenas tua lembrança.
Estavas longe doce amiga e só vi no perfil da cidade
O arcanjo forte do arranha-céu cor de rosa,
Mexendo asas azuis dentro da tarde.
Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus amigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.
Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam.
No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.
Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia
Sereia.
O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...
Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...
As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus.
25 de jan. de 2012
O artista das rosas
O artista plástico Paulo von Poser nasceu em São Paulo. Formado em Arquitetura pela USP, tornou-se conhecido como “o artista das rosas”
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