Klimt
Freud já havia percebido a existência de um hiato na complementariedade imaginária entre homens e mulheres, a ponto de perguntar a sua amiga Marie Bonaparte: mas afinal, o que quer uma mulher? Pergunta que repercutiu em todas as gerações de psicanalistas, sobre tudo homens. Ora: é claro que ninguém pode saber o que deseja uma mulher. O desejo é, por definição, inconsciente. Um homem também desconhece seu próprio desejo.
Quanto ao suposto mistério do querer feminino, este que se manifesta através de fantasias triviais e de pequenas reivindicações dirigidas ao outro – bem, nesse caso qualquer mulher pós-freudiana poderia responder: eu quero o mesmo que você, seu bobo. Você só não percebe porque não quer saber que eu sou sua semelhante, sua rival, sua irmã.
E nesse caso, a diferença sexual continua um mistério – para os homens e para as mulheres.
Maria Rita Kelh