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27 de nov. de 2017

Amigo de Alexandre O'Neill



Mal nos conhecemos 
Inauguramos a palavra amigo!

Amigo é um sorriso 
De boca em boca, 
Um olhar bem limpo

Uma casa, mesmo modesta, que se oferece. 
Um coração pronto a pulsar 
Na nossa mão! 

Amigo (recordam-se, vocês aí, 
Escrupulosos detritos?) 
Amigo é o contrário de inimigo!

Amigo é o erro corrigido, 
Não o erro perseguido, explorado. 
É a verdade partilhada, praticada. 

Amigo é a solidão derrotada! 

Amigo é uma grande tarefa, 
Um trabalho sem fim, 
Um espaço útil, um tempo fértil, 
Amigo vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre Manuel Vahía de Castro O'Neill (Lisboa1924 - 1986)

10 de out. de 2014

Oxalá estejam limpas :: Paulo Leminsky.


oxalá estejam limpas
as roupas brancas de sexta
as roupas brancas da cesta

oxalá teu dia de festa
cesta cheia
feito uma lua
toda feita de lua cheia

no branco
lindo
teu amor
teu ódio
tremeluzindo
se manifesta

tua pompa
tanta festa
tanta roupa
na cesta
cheia
de sexta

oxalá estejam limpas
as roupas brancas de sexta
oxalá teu dia de festa

8 de set. de 2014

Janela sobre o corpo de Eduardo Galeano

 Julie Steiner
A igreja afirma: O corpo é uma culpa.
A ciência afirma: O corpo é uma máquina.
A publicidade afirma: O corpo é um negócio.
O corpo confirma: Sou uma festa.

Tradução de Adriano Nunes

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VENTANA SOBRE EL CUERPO


La iglesia dice: El cuerpo es una culpa.
La ciencia dice: El cuerpo es una máquina.
La publicidad dice: El cuerpo es un negocio.
El cuerpo dice: Yo soy una fiesta.


In: GALEANO, Eduardo. El Viaje. 2006. p. 21.






In: GALEANO, Eduardo. “El Viaje”. Mini Letras/ H KliCZKOWSKI, primera edición: septiembre de 2006., p. 21.

10 de jan. de 2014

Mário de Andrade: Manhã (1912)

Arnaud Julien Pallière, Ouro Preto - 1820.

O jardim estava em rosa ao pé do Sol
E o ventinho de mato que viera do Jaraguá,
Deixando por tudo uma presença de água,
Banzava gozado na manhã praceana.

Tudo limpo que nem toada de flauta.
A gente si quisesse beijava o chão sem formiga,
A boca roçava mesmo na paisana de cristal.

Um silêncio nortista, muito claro!
As sombras se agarravam no folheto das árvores
Talqualmente preguiças pesadas.
O sol sentava nos bancos tomando banho-de-luz.

Tinha um sossego tão antigo no jardim,
Uma fresca tão de mão lavada com limão,
Era tão marupiara e descansante
Que desejei… Mulher não desejei não, desejei…
Se eu tivesse ao meu lado ali passeando
Suponhamos Lênin, Carlos Prestes, Ghandi, um desses!…

Na doçura da manhã quase acabada
Eu lhes falava cordialmente: – Se abanquem um bocadinho.

E havia de contar pra eles os nomes dos nossos peixes,
Ou descrevia Ouro Preto, a entrada de Vitória, Marajó,
Coisa assim, que pusesse um disfarce de festa
No pensamento dessas tempestades de homens.

15 de out. de 2013

Casa Arrumada :: Lena Gino

Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante,
passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia. Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.

Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.


1 de abr. de 2013

Amigo de Alexandre O’Neill

Mal nos conhecemos 
Inaugurámos a palavra «amigo».
«Amigo» é um sorriso 
De boca em boca, 
Um olhar bem limpo, 
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece, 
Um coração pronto a pulsar 
Na nossa mão!
«Amigo» (recordam-se, vocês aí, 
Escrupulosos detritos?) 
«Amigo» é o contrário de inimigo! 
«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado, 
É a verdade partilhada, praticada.
«Amigo» é a solidão derrotada!
«Amigo» é uma grande tarefa, 
Um trabalho sem fim, 
Um espaço útil, um tempo fértil, 
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!

 in No Reino da Dinamarca

Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...