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1 de mai. de 2022

Distração :: Adriane Garcia


O mundo e seus assuntos
Mundanos
A beleza da xícara trincada
Ficando despercebida
Entre os gritos dos socos
Na mesa
Todos resolveram parar
O trabalho e os dias
Para gritar
Truco!
Ganha quem engana melhor
Ganha a perspicácia
O poeta perdendo
Palavras como
Acácia
Uma feiura de implorar
Música
A Beleza desarrumadinha
Do lado, calada
Esperando vez.

29 de mar. de 2019

Eu nasci para estar calado : Mia Couto



Eu nasci para estar calado. Minha única vocação é o silêncio. Foi meu pai que me explicou: tenho inclinação para não falar, um talento para apurar silêncios. Escrevo bem, silêncios, no plural. Sim, porque não há um único silêncio. E todo o silêncio é música em estado de gravidez. (...)
Ficar devidamente calado requer anos de prática. Em mim era dom natural, herança de algum antepassado.

Mia Couto . Antes de Nascer o Mundo. Companhia das Letras, 2009. p. 13

28 de set. de 2015

MUSICA GREGA:: de Jorge Luis Borges


Enquanto dure esta música,

seremos dignos do amor de Helena de Tróia.

Enquanto dure esta música,

seremos dignos de haver morrido em Arbela.

Enquanto dure esta música,

acreditaremos no livre arbítrio,

essa ilusão de cada instante.

Enquanto dure esta música,

saberemos que a nave de Ulisses voltará a Ítaca.

Enquanto dure esta música,

seremos a palavra e a espada.

Enquanto dure esta música,

seremos dignos do cristal e do mogno,

da neve e do mármore.

Enquanto dure esta música,

seremos dignos das coisas comuns,

que não o são agora.

Enquanto dure esta música,

seremos a flecha no espaço.

Enquanto dure esta música,

acreditaremos na piedade do lobo

e na justiça dos justos .

Enquanto dure esta música,

mereceremos tua grande voz, Walt Whitman.

Enquanto dure esta música,

mereceremos ter visto, do alto de um cume,

a terra prometida.


tradução de  Ivan Junqueira. 

.................


Mientras dure esta música,

seremos dignos del amor de Helena de Troya.


Mientras dure esta música,

seremos dignos de haber muerto en Arbela.


Mientras dure esta música,

creeremos en el libre albedrío,

esa ilusión de cada instante.


Mientras dure esta música,

seremos la palabra y la espada.


Mientras dure esta música,

seremos dignos del cristal y de la caoba,

de la nieve y del mármol.


Mientras dure esta música,

seremos dignos de las cosas comunes,

que ahora no lo son.


Mientras dure esta música,

seremos en el aire la flecha.


Mientras dure esta música,

creeremos en la misericordia del lobo

y en la justicia de los justos.


Mientras dure esta música,

mereceremos tu gran voz Walt Whitman.


Mientras dure esta música,

mereceremos haber visto, desde una cumbre,

la tierra prometida.

18 de set. de 2015

Para Ver as Meninas :: Composição de Paulinho da Viola

Maurice Prendergast
Silêncio por favor
Enquanto esqueço um pouco
a dor no peito
Não diga nada
sobre meus defeitos
Eu não me lembro mais
quem me deixou assim
Hoje eu quero apenas
Uma pausa de mil compassos
Para ver as meninas
E nada mais nos braços
Só este amor
assim descontraído
Quem sabe de tudo não fale
Quem não sabe nada se cale
Se for preciso eu repito
Porque hoje eu vou fazer
Ao meu jeito eu vou fazer
Um samba sobre o infinito
Porque hoje eu vou fazer
Ao meu jeito eu vou fazer
Um samba sobre o infinito

20 de ago. de 2015

Gustav Klimt e o Friso de Beethoven















Klimt pintou o Friso  Beethoven para a 14ª exposição Viena Secessionist, que celebrava o compositor. O friso foi pintado diretamente sobre as paredes com materiais leves e após a exposição a pintura foi preservadae está em exposição permanente no Vienna Secession 
O friso ilustra o desejo humano de felicidade em um mundo sofrido e tempestuoso em que se debate, não só com as forças do mal externo, mas também com as fraquezas internas. O espectador segue esta jornada de descoberta de uma forma visual e linear deslumbrante. Ele começa suavemente com o flutuante Genii feminino em busca da Terra, mas logo a seguir vem o escuro, gigante turbilhão de aparência sinistra, Typhoeus, suas três filhas Gorgon e imagens que representam a doença, loucura, morte, luxúria e lascívia acima e à direita. Daí surge o cavaleiro de armadura brilhante que oferece esperança, devido à sua própria ambição e solidariedade para os humanos suplicantes e sofridos. A jornada termina na descoberta da alegria por meio das artes e o contentamento é representado no estreito abraço de um beijo. Assim, o friso expõe o anseio humano psicológico, em última análise, satisfeito através da beleza das artes, juntamente com amor e companheirismo.
https://pt.khanacademy.org/humanities/becoming-modern/symbolism/v/gustav-klimt-beethoven-frieze-vienna-secession-1902

5 de jul. de 2015

Músicas :: Ana Luísa Amaral

Xi Pan

Desculpo-me dos outros com o sono da minha filha.
E deito-me a seu lado,
a cabeça em partilha de almofada.

Os sons dos outros lá fora em sinfonia
são violinos agudos bem tocados.
Eu é que me desfaço dos sons deles
e me trabalho noutros sons.

Bartók em relação ao resto.

A minha filha adormecida.
Subitamente sonho-a não em desencontro como eu
das coisas e dos sons, orgulhoso
e dorido Bartók.

Mas nunca como eles
bem tocada
por violinos certos.




Minha Senhora de Quê

12 de abr. de 2015

Plantar um bosque :: Lya Luft

(...) O Bosque existe: é um dos meus lugares mágicos, onde minha imaginação anda de mãos dadas com a realidade. Ainda somos poucos moradores nesse condomínio na serra, mas algumas casas novas vão aparecendo entre as árvores. A nossa, a menor de todas, foi feita como a gente queria: telhado pontudo, portas e venezianas no que chamo de azul-grego. varandona, lareira e aconchego, grandes vidraças trazendo o bosque para dentro dos quartos.
      Eu a batizei de Casa da Bruxa Boa, e mandei botar isso numa placa ao lado do acesso para o carro. E, cada vez que seus telhados e suas venezianas azuis aparecem na curva da ruazinha quando chegamos, ainda me espanta que seja nossa. Nela acontecem coisas especiais.
Como quando meu marido resolveu tocar um Mozart alto e bom som no meio de uma manhã de domingo. Nem tucanos nem bugios, nem uma raposinha, nossos eventuais companheiros. Éramos as árvores e nós: troncos subindo com dificuldade como velhinhas encurvadas ou amantes sensuais. Comentei que certamente era a primeira vez que aquela mata tão antiga escutava música. Meu marido concordou balançando a cabeça. Nem lhe ocorreu dizer que árvores não escutam. Pois quem me diz que árvores, sendo vivas, não sentem nada, nem ouvem, nem enxergam — ainda que do jeito delas, que não entendemos ainda?
      Quem me diz que, compadecidas com estes atrapalhados humanos, não nos concedem de propósito essa renovadora paz que recuperamos depois do grande cansaço de quem chega da cidade arrastando deveres, compromissos, fracassos e desilusões? Quem me garante que entre os troncos não se escondem seres de fábula, que nos espiam de noite quando tudo parece dormir, mas aqui e ali alguma coisa se move, rápida? Algo vivo se esgueira, corre com pezinhos como de minúsculos esquilos no telhado — mas não são esquilos, e macacos não andam por aí de noite. Pois eu, em tantas noites quietas, escuto neste mato, neste telhado e neste jardim muitas insólitas coisas: mesmo sem nome nem rosto, elas são reais. Batem asas! sussurram, dão risadinhas divertindo-se com minha incapacidade de enxergar melhor o que não cabe em explicações.
      Essas franjas do perceptível permitem que a gente cumpra o cotidiano de trabalhos e correrias, amores a cuidar, contas a pagar, o dinheiro escasso, a burocracia implacável e kafkiana, o carro que precisa ir para a oficina e a eterna lista do supermercado ao lado do computador tudo isso e muito mais, mas sem perder a graça.  E, quando a perdemos — ou ela nos escapa —, a lembrança daqueles tons de verde, um colorido fugaz na sombra entre as raízes, os pássaros estranhos que vêm comer frutinhas, tudo isso a traz de volta. Como as vozes das crianças nos balanços quando nos visitam, seu olhar sonado quando descem a escada ainda em suas roupas de dormir, e vem para o nosso colo. Toda a graça, a delicadeza, o consolo e o assombro deste mundo tantas vezes frio e cruel retornam, e nos fazem companhia por mais cansado, aborrecido ou desanimado que a gente esteja – porque às vezes a gente também fica assim.
      E, quando resolvi transcrever nesta coluna parte do meu texto sobre o Bosque, pensei que cada um de nós pudesse curtir essa experiência, na paisagem da janela, ainda que uma frestinha de verde entre edifícios; numa caminhada pela praça ou parque; numa viagem de ônibus; ou, melhor ainda, inventar o seu. Plantar um bosque na alma, e curtir a sombra, o vento, a chuva, as crianças, o sossego. Não precisam ser reais. Eu até acho que a realidade não existe: existe o que nós criamos, sentimos, vemos ou simplesmente imaginamos. E é isso que torna a vida suportável. Ou especial.
Fonte: Revista Veja, 27 de abril de 2011

11 de abr. de 2015

SONETO DAS DEFINIÇÕES :: Carlos Penas Filho



Não falarei das coisas, mas de inventos
e de pacientes buscas no esquisito.
Em breve, chegarei à cor do grito
à música das cores e dos ventos.

Multiplicar-me-ei em mil cinzentos
(desta maneira, lúcido, me evito)
e a estes pés cansados de granito
saberei transformar em cataventos.

Daí, o meu desprezo a jogos claros
e nunca comparados ou medidos
como estes meus, ilógicos, mas raros.

Daí também, a enorme divergência
entre os dias e os jogos, divertidos
e feitos de beleza e improcedência.


17 de mar. de 2015

Elis Regina Carvalho Costa (Porto Alegre, 17 de março de 1945 — São Paulo, 19 de janeiro de 1982)


Elis Regina Carvalho Costa (Porto Alegre, 17 de março de 1945  — São Paulo, 19 de janeiro de 1982). Conhecida por sua presença de palco, sua voz e sua personalidade. Com os sucessos de Falso Brilhante e Transversal do Tempo, ela inovou os espetáculos musicais no país e era capaz de demonstrar emoções tão contrárias, como a melancolia e a felicidade, numa mesma apresentação ou numa mesma música.
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Elis_Regina

26 de jan. de 2015

Poema :: Bernhard Wosien

Marc Chagall
Eu danço
uma canção do silêncio
seguindo uma música cósmica
e coloco meu pé ao longo das beiras do céu
eu sinto
como seu sorriso me faz feliz

22 de dez. de 2014

A LEITORA PERFEITA :: LUIS FILIPE CASTRO MENDES

Viggo Johansen

Esquece o que eu escrevi, deita-te aqui perto
e ouve só as minhas palavras sem sentido,
o balbuciar que eu solto antes da voz,
tudo o que há tanto tempo trago preso na garganta.

nem o ritmo da cantilena aprendida na infância,
nem a música da poesia:

ouve apenas o balbuciar, o sopro antes da voz,
quase um estertor, mas a dizer agora
que estamos vivos.

In LENDAS DA ÍNDIA. D. Quixote, 2011

23 de out. de 2014

Caixa de fósforos :: Laura Esquível

foto: Carlos Porto
A minha avó tinha uma teoria muito interessante, dizia que embora todos nasçamos com uma caixa de fósforos no nosso interior, não os podemos acender sozinhos, precisamos (...) de oxigénio e da ajuda de uma vela. Só que neste caso o oxigénio tem de vir, por exemplo, do hálito da pessoa amada; a vela pode ser qualquer tipo de alimento, música, carícia, palavra ou som que faça disparar o detonador e assim acender um dos fósforos (...). Cada pessoa tem de descobrir quais são os seus detonadores para poder viver, pois a combustão que se dá quando um deles se acende é que alimenta a alma de energia.

15 de mar. de 2014

Pra Sonhar de Marcelo Jeneci

Quando te vi passar fiquei paralisado
Tremi até o chão como um terremoto no Japão
Um vento, um tufão
Uma batedeira sem botão
Foi assim viu
Me vi na sua mão

Perdi a hora de voltar para o trabalho
Voltei pra casa e disse adeus pra tudo que eu conquistei
Mil coisas eu deixei
Só pra te falar
Largo tudo

Se a gente se casar domingo
Na praia, no sol, no mar
Ou num navio a navegar
Num avião a decolar
Indo sem data pra voltar
Toda de branco no altar
Quem vai sorrir?
Quem vai chorar?
Ave maria, sei que há
Uma história pra sonhar
Pra sonhar

O que era sonho se tornou realidade
De pouco em pouco a gente foi erguendo o nosso próprio trem,
Nossa Jerusalém,
Nosso mundo, nosso carrossel
Vai e vem vai
E não para nunca mais

De tanto não parar a gente chegou lá
Do outro lado da montanha onde tudo começou
Quando sua voz falou:
Pra onde você quiser eu vou
Largo tudo

Se a gente se casar domingo
Na praia, no sol, no mar
Ou num navio a navegar
Num avião a decolar
Indo sem data pra voltar
Toda de branco no altar
Quem vai sorrir?
Quem vai chorar?
Ave maria, sei que há
Uma história pra contar

Domingo
Na praia, no sol, no mar
Ou num navio a navegar
Num avião a decolar
Indo sem data pra voltar
Toda de branco no altar
Quem vai sorrir?
Quem vai chorar?
Ave maria, sei que há
Uma história pra contar
Pra contar

https://www.youtube.com/watch?v=iJ33C0xqmG0

7 de mar. de 2014

Iolanda de Chico Buarque e Pablo Milanés

Felix Vallotton
Esta canção não é mais que mais uma canção
Quem dera fosse uma declaração de amor
Romântica, sem procurar a justa forma
Do que lhe vem de forma assim tão caudalosa
Te amo,
te amo,
eternamente te amo

Se me faltares, nem por isso eu morro
Se é pra morrer, quero morrer contigo
Minha solidão se sente acompanhada
Por isso às vezes sei que necessito
Teu colo,
teu colo,
eternamente teu colo

Quando te vi, eu bem que estava certo
De que me sentiria descoberto
A minha pele vais despindo aos poucos
Me abres o peito quando me acumulas
De amores,
de amores,
eternamente de amores

Se alguma vez me sinto derrotado
Eu abro mão do sol de cada dia
Rezando o credo que tu me ensinaste
Olho teu rosto e digo à ventania
Iolanda, Iolanda, eternamente Iolanda

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original:



Yolanda



Esto no puede ser no más que una canción;

quisiera fuera una declaración de amor,

romántica, sin reparar en formas tales

que pongan freno a lo que siento ahora a raudales.

Te amo,
te amo,
eternamente, te amo.

Si me faltaras, no voy a morirme;
si he de morir, quiero que sea contigo.
Mi soledad se siente acompañada,
por eso a veces sé que necesito
tu mano,
tu mano,
eternamente, tu mano.

Cuando te vi sabía que era cierto
este temor de hallarme descubierto.
Tú me desnudas con siete razones,
me abres el pecho siempre que me colmas
de amores,
de amores,
eternamente, de amores.

Si alguna vez me siento derrotado,
renuncio a ver el sol cada mañana;
rezando el credo que me has enseñado,
miro tu cara y digo en la ventana:
Yolanda,
Yolanda,
eternamente, Yolanda.

(1970)

14 de fev. de 2014

Mistério de Jorge Luis Borges

Andrzej Dragan

No hay una sola cosa en el mundo que no sea misteriosa, 
pero ese misterio es más evidente en algunas cosas que en otras: 
en el mar, en el color amarillo, 
en los ojos de los ancianos y en la música...

fonte: El templo de Poseidón. Atlas

19 de nov. de 2013

Tumbalalaika: canção de amor

Tumbalalaika

O rapaz está quieto, quieto e pensando.
Pensa e repensa a noite toda em
como se declarar sem passar vergonha
como se declarar sem passar vergonha.
tumbala, tumbala, tumbalalaica
tumbala, tumbala, tumbalalaica
tumbalalaica, toque balalaica
tumbalalaica - e seja feliz.
Garota, garota, quero te perguntar
O que pode crescer, crescer sem chuva?
O que pode queimar sem parar?
O que pode ter saudade, chorar sem lágrimas?
Rapaz tolo, para que perguntar?
Uma pedra pode crescer, crescer sem chuva.
O amor pode queimar sem parar.
Um coração pode ter saudade, chorar sem lágrimas.

E tem continuação:

Que é mais elevado do que uma casa?
O que é mais rápido do que um rato?
O que é mais profundo do que um poço?
O que é amargo, mais amargo que o fel?

Tumbala, tumbala, tumbalalaica ...

Uma chaminé é maior do que uma casa,
Um gato é mais rápido do que um rato,
A Torá é mais profunda do que um poço,
A morte é amarga, mais amarga que o fel!

http://www.youtube.com/watch?v=mCMQMVy7vLE
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Tumbalalaika
Shteyt a bocher, shteyt un tracht,
tracht un tracht a gantze nacht.
Vemen tsu nemen un nit far shemen,
vemen tsu nemen un nit far shemen.
Tumbala, tumbala, tumbalalaika,
Tumbala, tumbala, tumbalalaika
tumbalalaika, shpiel balalaika
tumbalalaika - freylach zol zayn.
Meydl, meydl, ch'vel bay dir fregen,
Vos kan vaksn, vaksn on regn?
Vos kon brenen un nit oyfhern?
Vos kon benken, veynen on treren?
Narisher bocher, vos darfstu fregn?
A shteyn ken vaksn, vaksn on regn.
Libeh ken brenen un nit oyfhern.
A harts kon benkn, veynen on treren.

http://www.youtube.com/watch?v=-8PL4SmWPr0

Tumbalalaika (Iídiche: טום־באַלאַלײַקע, às vezes escrita como טוםבאַלאַלײַקע; Russo: Тум балалайка; polonês: Tum-bałałajka) é uma música folclórica judaico-russa da Europa Oriental (Ashkenazi) e uma canção de amor dos judeus falantes da língua Iídiche. Tum (טום) é uma onomatopéia Iídiche para ruído e balalaika (באַלאַלײַקע) é um instrumento musical de cordas de origem russa. A versão popular da canção existe há muito tempo, mas o texto (o quebra-cabeça na música, como "O que é mais alto do que uma casa (Chaminé)," "O que é mais rápido do que um rato? (Gato)", etc.) foi muito diversificado. Vários artistas israelenses a cantam (versão em iídiche) e, entre eles, Dudu Fisher, André Hübner-Ochodlo e muitos outros. No Vietnã há uma canção com a mesma melodia.

Foi publicado pela primeira vez apenas em 1940 (EUA). A versão final da música se refere às obras de Alexander (Abi) Elshteyna - compositor polaco-americano, popular na época.

O filme "Jornada da Alma" (título original: Prendimi l’anima) de 2002, dirigido por Roberto Faenza, narra a vida de Sabina Spielrein interpretada pela atriz Emilia Fox, onde esta canta a canção "Tum-Balalaika".

4 de nov. de 2013

O amor e seu milhão de significados de Guimarães Rosa



“Só o amor em linhas gerais infunde simpatia e sentido à história, sobre cujo fim vogam inexatidões, convindo se componham; o amor e seu milhão de significados. [...] Ele queria conversar com uma mulher [...] queria entender o avesso do passado entre ambos, estudadamente, metia-se nessa música, imagem rendada; o que a música diz é a impossibilidade de haver mundo, coisas. ― Inútil… a lucidez ― está-se sempre no caso da tartaruga e Aquiles. [...] Estava sem óculos; não refabulava. Era o homem ― o ser ridente e ridículo ― sendo o absurdo o espelho em que a imagem da gente se destrói. [...] De dia, de fato, tiveram de romper a porta, havido alvoroço. Na cama jazendo imorais os corpos, os dois, à luz fechada naquele quarto. A morte é uma louca? ― ou o fim de uma fórmula. Mas todos morrem audazmente ― e é então que começa a não-história.”
ROSA, João Guimarães. Palhaço da boca verde. In: Tutaméia: terceiras estórias. 8. Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p.169-173.

19 de out. de 2013

Valsinha de Chico Buarque e Vinicius de Moraes (Vinícius de Moraes, nascido Marcus Vinicius de Moraes (Rio de Janeiro, 19 de outubro de 1913 — Rio de Janeiro, 9 de julho de 1980)


Equestrienne - Chagall

Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar

E então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça, foram para a praça e começaram a se abraçar

E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu, e o dia amanheceu em paz

19 de set. de 2013

Because - Beatles

imagem: Elisandra

Because the world is round it turns me on
Because the world is round.

Because the wind is high it blows my mind
Because the wind is high.

Love is old, love is new
Love is all, love is you


Because the sky is blue, it makes me cry
Because the sky is blue.
..................................................................................................

Porque o mundo está girando, fico animado
Porque o mundo está girando.

Porque o vento está forte, enche a minha mente
Porque o vento está forte

O amor é velho, o amor é novo.
O amor é tudo, o amor é você.

Porque o céu é azul, me faz chorar

Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...