Lillian Teeter
“Nunca se morre completamente. Daquele que parte fica sempre alguma coisa a lembrar a sua passagem pelos descaminhos da vida. Seja um fato velho no fundo de um armário; seja a amarelada fotogravura que alguém se esqueceu de deitar fora; seja o gesto que permanece além daquilo que o justifica: a mulher que de manhã continua a procurar na cama o corpo do marido que há tanto tempo já partiu; a mãe que na rua continua a dar a mão ao filhinho que há tantos anos já morreu. Seja ainda uns olhos que repetem o verde de outros olhos; o formato de um rosto que ressurge gerações após. Nada é imortal mas tudo permanece, diria Severino, sua sofismada maneira de desconsiderar a morte.”fonte: A Conjura. Leya.