Mostrando postagens com marcador Pablo Neruda. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Pablo Neruda. Mostrar todas as postagens

30 de jun. de 2020

Oda al pan de Pablo Neruda



E então,
Também a vida
Terá forma de pão,
Será simples e profunda,
Inumerável e pura.
Todos os seres terão direito
À terra e à vida,
E assim será o pão de amanhã,
O pão de cada boca,
Sagrado,
Consagrado,
Porque será o produto
Da mais longa e dura
Luta humana.
Não tem asas
A vitória terrestre:
Tem pão sobre os seus ombros,
E voa corajosa
Libertando a terra
Como uma padeira


Levada pelo vento.

(...)
y entonces
también la vida
tendrá forma de pan,
será simple y profunda,
innumerable y pura.
Todos los seres
tendrán derecho
a la tierra y a la vida,
y así será el pan de mañana,
el pan de cada boca,
sagrado,
consagrado,
porque será el producto
de la más larga y dura
lucha humana.
No tiene alas
la victoria terrestre:
tiene pan en sus hombros,
y vuela valerosa
liberando la tierra
como una panadera
conducida en el viento.

.................................................


15 de jan. de 2015

Ode à gratidão :: Pablo Neruda

Grato pela palavra
que agradece.
Grato a grato
pelo
quanto essa palavra 
derrete neve ou ferro.

O mundo parecia ameaçador
até que suave
como uma pluma
clara, 
ou doce como pétala de açúcar,
de lábio em lábio
passa,
grato,
grandes a boca plena 
ou sussurrantes,
apenas murmuradas,
e o ser voltou a ser homem
e não janela,
alguma claridade
entrou no bosque: 
foi possível cantar embaixo das folhas. 

Grato, és pílula
contra
os óxidos cortantes do desprezo,
a luz contra o altar da dureza.

Talvez
também tapete
entre os mais distantes homens
foste. 
Os passageiros que disseminaram
na natureza
e então
na selva
dos desconhecidos,
merci, enquanto o trem frenético
muda de pátria,
borra as fronteiras,
spasivo
junto aos pontiagudos 
vulcões, frio e fogo, 
thanks, sim, gracias, e então 
a terra se transforma em uma mesa: 
uma palavra a limpou,
brilham os pratos e copos,
ressoam os talheres
e parecem toalhas as planuras.

Grato, gracias,
que viajes e que voltes, 
que subas
ou que desças. 
Está entendido, não
preenches tudo,
palavra grato,
mas
onde aparece
tua pequena pétala
escondem-se os punhais do orgulho
e aparece um centavo de sorriso.

.........................
Oda a las Gracias
            (Ode to Gratitude)
Gracias a la palabra
que agradece,
gracias a gracias
por
cuanto esta palabra
derrite nieve o hierro.

El mundo paecía amenazante
hasta que suave
como pluma
clara,
o dulce como pétalo de azúcar,
de labio en labio
pasa
gracias,
grandes a plena boca
o susurrantes,
apenas murmulladas,
y el ser volvió a ser hombre
y no ventana,
alguna claridad
entró en el bosque.
fue posible cantar bajo las hojas.
Gracias, eres la píldora
contra
los óxidos cortantes del desprecio,
la luz contra el altar de la dureza.

Tal vez
también tapiz
entre los más distantes hombres
fuiste.
Los pasajeros
se diseminaron
en la naturaleza
y entonces
en la selva
de los desconocidos,
merci,
mientras el tren frénetico
cambia de patria,
borra las fronteras,
spasivo,
junto a los puntiagudos
volcanes, frío y fuego,
thanks, sí, gracias, y entonces
se transforma la tierra en una mesa.
una palabra la limió,
brillan platos y copas,
suenan los tenedores
y parecen manteles las llanuras.

Gracias, gracias,
que viajes y que vuelvas,
que subas
y que bajes.
Está entendido, no
lo llenas todo,
palabra gracias,
pero
donde aparece
tu pétalo pequeño
se esconden los puñales del orgullo,
y aparece un centavo de sonrisa.

.....
Thanks to the word
that gives thanks.
Thanks to the gratitude
for how excellently
the word melts snow or iron.

The planet seemed full of threats
until soft
as a translucent
feather,
or sweet as a sugary petal,
from lip to lip,
it passed,
thank you,
magnificent, filling the mouth,
or whispered,
hardly voiced,
and the soul became human again,
not a window,
soome clear shine
penetrated the forest:
it was possible again to sing beneath the leaves.
Gratitude, you are medicine
opposing
scorn's bitter oxides,
light melting the cruel altar.

Perhaps
you are also
the carpet
uniting
the most distant men,
passengers spread out
through nature
and the jungle
of unknown men,
merci,
as the delirous train
penetrates a new country,
eradicating frontiers,
spasibo,
joined with the sharp-cusped
volcanoes, frost and fire,
thanks, yes, gracias, and the Earth
turns into a table,
a single word swept it clean,
plates and cups glisten,
forks jingle,
and the flatlands seem like tablecloths.

Thanks, gracias,
you travel and return,
you rise
and descend.
It is understood, you don't
permeate everything,
but where the word of thanksgiving
appears like a tiny petal,
proud fists hide
and a penny's worth of a smile appears.


8 de dez. de 2014

TAMBÉM ESTE CREPÚSCULO... :: PABLO NERUDA

Hemos perdido aun este crepúsculo.
Nadie nos vió esta tarde com las manos unidas
mientras la noche azul caía sobre el mundo.

He visto desde mi ventana
la fiesta del poniente en los cerros lejanos.

A veces como una moneda
se encendía un pedazo de sol, entre mis manos.

Yo te recordaba con el alma apretada
de esa tristeza que tú me conoces.

Entoces dónde estabas?
Entre qué gentes?
Diciendo qué palabras?
Por qué se me vendrá todo el amor de golpe
cuando me siento triste, y te siento lejana?

::::::::::::::::::

Também este crepúsculo nós perdemos.
Ninguém nos viu hoje à tarde de mãos dadas
enquanto a noite azul caía sobre o mundo.

Olhei da minha janela
a festa do poente nas encostas ao longe.

Às vezes como uma moeda
acendia-se um pedaço de sol nas minhas mãos.

Eu recordava-te com a alma apertada
por essa tristeza que tu me conheces.

Onde estavas então?
Entre que gente?
Dizendo que palavras?
Porque vem até mim todo o amor de repente
quando me sinto triste, e te sinto tão longe?

(Tradução de Fernando Assis Pacheco)

PABLO NERUDA, in VINTE POEMAS DE AMOR E UMA CANÇÃO DESESPERADA. D. Quixote, 2007.

4 de ago. de 2014

Pido Silencio de Pablo Neruda

Enric Cristofol Ricart i Nin

Ahora me dejen tranquilo.

Ahora se acostumbren sin mí.

Yo voy a cerrar los ojos

Yo sólo quiero cinco cosas,

cinco raices preferidas.

Una es el amor sin fin.

Lo segundo és ver el otoño.

No puedo ser sim que las hojas

vuelen y vuelvan a la tierra.

Lo tercero es el grave invierno,

La lluvia que amé, la caricia

del fuego em el frio silvestre.

Em cuarto lugar el verano

redondo como una sandía.

La quinta cosa son tus ojos,

Matilde mia, bienamada,

no quiero dormir sin tus ojos,

no quiero ser sin que me mires:

yo cambio la primavera

por que tú me sigas mirando.
.......................................................
Peço silêncio 
Agora me deixem tranqüilo.
Agora se acostumem sem mim.
Eu vou cerrar os meus olhos.
Somente quero cinco coisas,
cinco raízes preferidas.
Uma é o amor sem fim.
A segunda é ver o outono.
Não posso ser sem que as folhas
voem e voltem à terra.
A terceira é o grave inverno,
a chuva que amei, a carícia
do fogo no frio silvestre.
Em quarto lugar o verão
redondo como uma melancia.
A quinta coisa são os teus olhos,
Matilde minha, bem amada,
não quero ser sem que me olhes :
eu mudo a primavera
para que me sigas olhando.
Amigos, isso é quanto quero.
É quase nada e quase tudo.
Agora se querem, podem ir.

tradução de Thiago de Melo

16 de fev. de 2014

TUA CASA ressoa como um trem ao meio-dia de Pablo Neruda

Carl Holsoe



TUA CASA ressoa como um trem ao meio-dia,
zumbem as vespas, cantam as caçarolas,
a cascata enumera os feitos do orvalho
teu riso desenvolve seu trinar de palmeira.

A luz azul do muro conversa com a pedra,
chega como um pastor silvando um telegrama
e, entre as duas figueiras de voz verde,
Homero sobe com sapatos sigilosos.

Somente aqui a cidade não tem voz nem pranto,
nem sem-fim, nem sonatas, nem lábios, nem buzina
mas um discurso de cascata e de leões,

e tu que sobes, cantas, corres, caminhas, desces,
plantas, coses, cozinhas, pregas, escreves, voltas
ou te foste e se sabe que começou o inverno.

do livro: Cem Sonetos de Amor
tradução: Carlos Nejar

************

TU CASA suena como un tren a mediodía, 

zumban avispas, cantan las cacerolas,

la cascada enumera los hechos del rocío, 

tu risa desarrolla su trino de palmera.
La luz azul del muro conversa con la piedra, 

llega como un pastor silbando un telegrama 

y entre las dos higueras de voz verde, 

Homero sube con zapatos sigilosos.
Sólo aquí la ciudad no tiene voz ni llanto, 

ni sin fin, ni sonatas, ni labios, ni bocina, 

sino un discurso de cascada y de leones,

y tú que subes, cantas, corres, caminas, bajas,

plantas, coses, cocinas, clavas, escribes, vuelves

o te has ido y se sabe que comenzó el invierno.

18 de dez. de 2013

À beira do mar :: Pablo Neruda



À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera , amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

4 de out. de 2013

SONETO XVII Pablo Neruda (1904-73)

No te amo como si fueras rosa de sal, topacio
o flecha de claveles que propagan el fuego:
te amo como se aman ciertas cosas oscuras,
secretamente, entre la sombra y el alma.

Te amo como la planta que no florece
y lleva dentro de sí, escondida, la luz de aquellas flores,
y gracias a tu amor vive oscuro en mi cuerpo
el apretado aroma que ascendió de la tierra.

Te amo sin saber cómo, ni cuándo, ni de dónde,
te amo directamente sin problemas ni orgullo:
así te amo porque no sé amar de otra manera,

sino así de este modo en que no soy ni eres,
tan cerca que tu mano sobre mi pecho es mía,
tan cerca que se cierran tus ojos con mi sueño.

28 de jul. de 2013

Vem o mar e junta as nossas vidas de Pablo Neruda

John Seba



Vem o mar e junta as nossas vidas
e sozinho investe e reparte-se e canta
na noite no dia no homem na criatura.
A essência; fogo e frio; movimento.



4 de jul. de 2013

Filosofia de Pablo Neruda

Queda probada la certeza                                                             Fica provada a certeza
del árbol verde en primavera                                                      da árvore verde na primavera
y de la corteza terrestre:                                                                e do córtex terrestre
nos alimentan los planetas                                                            – alimentam-nos os planetas
a pesar de las erupciones                                                               apesar das erupções
y el mar nos ofrece pescados                                                        e o mar nos oferece peixes
a pesar de sus maremotos:                                                            apesar de seus maremotos –
somos esclavos de la tierra                                                            somos escravos da terra
que también es dueña del aire.                                                     que também é dona do ar.

Paseando por una naranja                                                            Passeando por uma laranja
me pasé más de una vida                                                                eu passei mais de uma vida
repitiendo el globo terrestre:                                                        repetindo o globo terrestre
la geografía y la ambosía:                                                              – a geografia e a ambrosia –
los jugos colos de jacinto                                                                os jogos cor de jacinto
y un olor blanco de mujer                                                               e um cheiro branco de mulher
como las flores de la harina                                                           como as flores da farinha.

No se saca nada volando                                                                Nada se consegue voando
para escaparse de este globo                                                        para se escapar deste globo
que te atrapó desde nacer.                                                             que te aprisionou ao nascer.
Y hay que confesar esperando                                                      E há que confessar esperando
que el amor y el entendimiento                                                     que o amor e o entendimento
vienen de abajo, se levantan                                                          vêm de baixo, se levantam
y crecen dentro de nosotros                                                            e crescem dentro de nós
como cebollas, como encinas,                                                        como cebolas, azinheiras,
como galápagos o flores,                                                                  como tartarugas ou flores,
como países, como razas,                                                                 como países, como raças,
como caminos y destinos.                                                                 como caminhos e destinos.

4 de jun. de 2013

Filosofia - Pablo Neruda

Vermeer- O astronomo (1668) 

Fica provada a certeza
da árvore verde na primavera
e do córtex terrestre
- alimentam-nos os planetas
apesar das erupções
e o mar nos oferece peixes
apesar de seus maremotos -
somos escravos da terra
que também é dona do ar.

Passeando por uma laranja
eu passei mais de uma vida
repetindo o globo terrestre
- a geografia e a ambrosia -
os jogos cor de jacinto
e um cheiro branco de mulher
como as flores da farinha.

Nada se consegue voando
para se escapar deste globo
que te aprisionou ao nascer.
E há que confessar esperando
que o amor e o entendimento
vêm de baixo, se levantam
e crescem dentro de nós
como cebolas , azinheiras,
como tartarugas ou flores,
como países, como raças,
como caminhos e destinos.

Neruda, Pablo. O coração amarelo/Neftali Ricardo Reyes; tradução Olga Savary - Porto Alegre: L&PM, 2010.

21 de nov. de 2012

SONETO LXIV de Pablo Neruda



Camille Flammarion
De tanto amor mi vida se tiñó de violeta 
y fui de rumbo en rumbo como las aves ciegas 
hasta llegar a tu ventana, amiga mía: 
tú sentiste un rumor de corazón quebrado 

y allí de la tinieblas me levanté a tu pecho, 
sin ser y sin saber fui a la torre del trigo, 
surgí para vivir entre tus manos, 
me levanté del mar a tu alegría.
Nadie puede contar lo que te debo, es lúcido 
lo que te debo, amor, y es como una raíz 
natal de Araucanía, lo que te debo, amada. 

Es sin duda estrellado todo lo que te debo, 
lo que te debo es como el pozo de una zona silvestre 
en donde guardó el tiempo relámpagos errantes.
-----------------------
DE TANTO AMOR minha vida se tingiu de violeta
e fui de rumo em rumo como as aves cegas
até chegar a tua janela, amiga minha:
tu sentiste um rumor de coração quebrado

e ali da escuridão me levantei a teu peito,
sem ser e sem saber fui à torre do trigo,
surgi para viver entre tuas mãos,
me levantei do mar a tua alegria.

Ninguém pode contar o que te devo, é lúcido
o que te devo, amor, e é como uma raiz
natal de Araucânia, o que te devo, amada.

é sem dúvida estrelado tudo o que te devo,
o que te devo é como o poço de uma zona silvestre
onde guardou o tempo relâmpagos errantes.

9 de out. de 2012

Também este crepúsculo nós perdemos de Pablo Neruda

Também este crepúsculo nós perdemos. Ninguém nos viu hoje à tarde de mãos dadas enquanto a noite azul caía sobre o mundo. Olhei da minha janela a festa do poente nas encostas ao longe. Às vezes como uma moeda acendia-se um pedaço de sol nas minhas mãos. Eu recordava-te com a alma apertada por essa tristeza que tu me conheces. Onde estavas então? Entre que gente? Dizendo que palavras? Porque vem até mim todo o amor de repente quando me sinto triste, e te sinto tão longe? . (Tradução de Fernando Assis Pacheco)

Hemos perdido aun este crepúsculo. Nadie nos vió esta tarde com las manos unidas mientras la noche azul caía sobre el mundo. He visto desde mi ventana la fiesta del poniente en los cerros lejanos. A veces como una moneda se encendía un pedazo de sol, entre mis manos. Yo te recordaba con el alma apretada de esa tristeza que tú me conoces. Entoces dónde estabas? Entre qué gentes? Diciendo qué palabras? Por qué se me vendrá todo el amor de golpe cuando me siento triste, y te siento lejana?

"PABLO NERUDA, in VINTE POEMAS DE AMOR E UMA CANÇÃO DESESPERADA (D. Quixote, 2007)

10 de set. de 2012

Pequena folha de Pablo Neruda



Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.

2 de set. de 2012

Teu sorriso - Pablo Neruda


Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
............................................................


Póngame con el pan, si se quiere,
me deja sin aliento, pero no
le quita su risa.

No quita la rosa,
la lanza que arrancar,
el agua que de repente
estalla en alegría,
la repentina ola
plata nacer en ti.

Mi lucha es dura y el retorno
con los ojos cansados
a veces vemos
que la tierra no cambia,
pero cuando tu risa entra
sube al cielo buscándome
y se abre para mí todas las
las puertas de la vida.

Mi amor, en los momentos
más oscuro suelto
tu risa y de repente
ves que mi sangre mancha
las piedras de la calle,
reír, porque reír
será para mis manos
como una espada fresca.

Por el mar en otoño,
tu risa debe aumentar
su cascada de espuma,
y la primavera, el amor,
Quiero tu risa como
la flor que se esperaba,
la flor azul, la rosa
de mi país por el eco.

Ríete de la noche
el día, la luna,
Ríete de las calles
pasteles en la isla,
se ríen de esta gruesa
chico que te ama,
pero cuando abro
los ojos y cerca de ellos,
cuando mis pasos van,
cuando mis pasos regreso,
me niegan el pan, el aire,
la luz, la primavera,
pero nunca tu risa,
porque después mueren.


O teu riso

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

29 de jul. de 2012

Aqui estou de Pablo Neruda

Isla Negra


Limpo é o dia lavado pela areia
branca, e gelada no mar roda a espuma,
e nesta desmedida solidão
sustenta-se a luz do meu livre-arbítrio.

Mas este mundo não é o que eu quero.

In "Memorial de Isla Negra". Brasil: L&Pm, 2007

5 de mar. de 2012

Poema 15: Me gusta cuando callas de Pablo Neruda


Van Gogh 

Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que un beso te cerrara la boca.

Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerges de las cosas, llena del alma mía.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palabra melancolía.

Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
Déjame que me calle con el silencio tuyo.

Déjame que te hable también con tu silencio
claro como una lámpara, simple como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.

Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.

6 de jan. de 2012

Ode ao gato de Pablo Neruda

imagem: Gatos de Nadir da Costa

Os animais foram
imperfeitos, 
compridos de rabo, tristes 
de cabeça. 
Pouco a pouco se foram 
compondo, 
fazendo-se paisagem, 
adquirindo pintas, graça vôo. 
O gato, 
só o gato apareceu completo 
e orgulhoso: 
nasceu completamente terminado, 
anda sozinho e sabe o que quer.
O homem quer ser peixe e pássaro, 
a serpente quisera ter asas, 
o cachorro é um leão desorientado, 
o engenheiro quer ser poeta, 
a mosca estuda para andorinha, 
o poeta trata de imitar a mosca, 
mas o gato 
quer ser só gato 
e todo gato é gato do bigode ao rabo, 
do pressentimento à ratazana viva, 
da noite até os seus olhos de ouro.
Não há unidade 
como ele, 
não tem 
a lua nem a flor 
tal contextura: 
é uma coisa 
só como o sol ou o topázio, 
e a elástica linha em seu contorno 
firme e sutil é como 
a linha da proa de uma nave. 
Os seus olhos amarelos 
deixaram uma só 
ranhura 
para jogar as moedas da noite .
Oh pequeno imperador sem orbe, 
conquistador sem pátria, 
mínimo tigre de salão, nupcial 
sultão do céu 
das telhas eróticas, 
o vento do amor 
na intempérie 
reclamas 
quando passas 
e pousas 
quatro pés delicados 
no solo, 
cheirando, 
desconfiando 
de todo o terrestre, 
porque tudo 
é imundo 
para o imaculado pé do gato.
Oh fera independente 
da casa, arrogante 
vestígio da noite, 
preguiçoso, ginástico 
e alheio, 
profundíssimo gato, 
polícia secreta 
dos quartos, 
insígnia 
de um 
desaparecido veludo, 
certamente não há 
enigma na tua maneira, 
talvez não sejas mistério, 
todo o mundo sabe de ti e pertences 
ao habitante menos misterioso 
talvez todos acreditem, 
todos se acreditem donos, 
proprietários, tios 
de gato, companheiros, 
colegas, 
discípulos ou amigos do seu gato.
Eu não. 
Eu não subscrevo. 
Eu não conheço o gato. 
Tudo sei, a vida e o seu arquipélago, 
o mar e a cidade incalculável, 
a botânica 
o gineceu com os seus extravios, 
o pôr e o menos da matemática, 
os funis vulcânicos do mundo, 
a casca irreal do crocodilo, 
a bondade ignorada do bombeiro, 
o atavismo azul do sacerdote, 
mas não posso decifrar um gato. 
Minha razão resvalou na sua indiferença, 
os seus olhos têm números de ouro.

28 de dez. de 2011

Poemas de Amor de Pablo Neruda,

Amor  de Gustav Klimt , 1895 

Pero
si cada día, 
cada hora
sientes que a mí estás destinada 
con dulzura implacable.
Si cada día sube 
una flor a tus labios a buscarme, 
ay amor mío, ay mía, 
en mí todo ese fuego se repite, 
en mí nada se apaga ni se olvida, 
mi amor se nutre de tu amor, amada, 
y mientras vivas estará en tus brazos 
sin salir de los míos.


Porém
se todos os dias,
a toda a hora,
te sentes destinada a mim
com doçura implacável,
se todos os dias uma flor
uma flor te sobe aos lábios à minha procura,
ai meu amor, ai minha amada,
em mim todo esse fogo se repete,
em mim nada se apaga nem se esquece,
o meu amor alimenta-se do teu amor,
e enquanto viveres estará nos teus braços
sem sair dos meus.


Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector

     Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho, e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma flor...