21 de nov. de 2012

SONETO LXIV de Pablo Neruda



Camille Flammarion
De tanto amor mi vida se tiñó de violeta 
y fui de rumbo en rumbo como las aves ciegas 
hasta llegar a tu ventana, amiga mía: 
tú sentiste un rumor de corazón quebrado 

y allí de la tinieblas me levanté a tu pecho, 
sin ser y sin saber fui a la torre del trigo, 
surgí para vivir entre tus manos, 
me levanté del mar a tu alegría.
Nadie puede contar lo que te debo, es lúcido 
lo que te debo, amor, y es como una raíz 
natal de Araucanía, lo que te debo, amada. 

Es sin duda estrellado todo lo que te debo, 
lo que te debo es como el pozo de una zona silvestre 
en donde guardó el tiempo relámpagos errantes.
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DE TANTO AMOR minha vida se tingiu de violeta
e fui de rumo em rumo como as aves cegas
até chegar a tua janela, amiga minha:
tu sentiste um rumor de coração quebrado

e ali da escuridão me levantei a teu peito,
sem ser e sem saber fui à torre do trigo,
surgi para viver entre tuas mãos,
me levantei do mar a tua alegria.

Ninguém pode contar o que te devo, é lúcido
o que te devo, amor, e é como uma raiz
natal de Araucânia, o que te devo, amada.

é sem dúvida estrelado tudo o que te devo,
o que te devo é como o poço de uma zona silvestre
onde guardou o tempo relâmpagos errantes.

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