Púrpura tíria
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A púrpura tíria
era cara; segundo o historiador Teopompo, do século IV a.C., "a púrpura
para as tintas valia o seu peso em prata em Cólofon", na Ásia Menor. Estes custos transformavam os produtos têxteis que utilizavam a púrpura tíria
em símbolos de status, e as antigas leis suntuárias ditavam e até proibiram o
seu uso. A produção dos animais que forneciam a tinta era controlada com rigor
durante o Império Bizantino, e subsidiada pela corte imperial, que restringia
seu uso para a pintura das sedas imperiais; o filho de um imperador no poder
era chamado de porfirogênito (porphyrogenitos, "nascido na púrpura"),
tanto referindo-se à Pórfira, o pavilhão do Grande Palácio de Constantinopla
revestido de pórfiro onde os herdeiros do trono nasciam, quanto à púrpura que
futuramente trajariam.
A substância
consiste de uma secreção mucosa da glândula hipobranquial de um dos diversos
caramujos marinhos encontrados no Mediterrâneo Oriental, o gastrópode marinho
Murex brandaris, o murex espinhosoBolinus brandaris (Linnaeus, 1758), o murex
listrado Hexaplex trunculus, e o Stramonita haemastoma.
No hebraico
bíblico, a tinta extraída do Murex brandaris era conhecida como argaman (ארגמן). Outra tinta, extraída do Hexaplex
trunculus, produzia uma cor índigo chamada de tekhelet(תְּכֵלֶת), usada em vestes trajadas para funções
rituais.
Diversas espécies
de moluscos da família Muricidae, como por exemplo o Plicopurpura pansa (Gould,
1853), das regiões tropicais do Oceano Pacífico oriental, e Plicopurpura
patula (Linnaeus, 1758) da região do Caribe, no Oceano Atlântico ocidental,
também produzem uma substância semelhante (que se transforma numa cor púrpura
duradoura após exposição à luz do sol), e esta característica foi também
explorada pelos habitantes locais nas regiões de ocorrência destes animais.
Alguns outros gastrópodes predatórios, como os membros da família Epitoniidae,
parecem produzir uma substância similar, que ainda não foi estudada nem
explorada comercialmente. O molusco Nucella lapillus, do Atlântico Norte,
também pode ser usado para produzir tintas púrpuras e violetas.
Na natureza estes
moluscos utilizam esta secreção como parte de seu comportamentopredatório, e
para funcionar como uma camada antimicrobiana que cobre seus ovos. O
molusco secreta esta substância quando é tocado ou atacado fisicamente por
humanos, portanto a tinta pode ser extraída através de um processo de
"ordenha", que embora seja mais trabalhoso é um recurso renovável, ou
através do método destrutivo, que consiste da coleta dos moluscos e do
esmagamento de suas conchas. Segundo David Jacoby, "doze mil conchas de
Murex brandaris não produzem mais que 1,4 g de tinta pura, suficiente apenas
para colorir a bainha de uma única veste."