Uma coisa bonita era para se dar ou para se receber, não apenas para se ter. Clarice Lispector
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12 de jun. de 2020
Dia dos Namorados
24 de jun. de 2017
Lira Paulistana :: Mário de Andrade
Na rua Barão de Itapetininga
O meu coração não sabe de si,
Não se vê moça que não seja linda,
Minha namorada não passeia aqui.
Na rua Barão de Itapetininga
Minha aspiração não agüenta mais,
A tarde caindo, a vida foi longa,
Mas a esperança já está no cais
Na rua Barão de Itapetininga
Minha devoção quebra duma vez,
Porque a mulher que eu amo está longe,
É ... a princesa do império chinês.
Na rua Barão de Itapetininga
Noite de São João qualquer mês terá,
Em mil labaredas de fogo e sangue
Bandeira ardente tremulará.
Na rua Barão de Itapetininga
Minha namorada vem passear.
Poesias Completas. Livraria Martins Editora.
5 de set. de 2016
Aula de Português :: Carlos Drummond de Andrade.
Diego Gutiérrez, 1562.
A linguagem
na ponta da língua
tão fácil de falar
e de entender. A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, equipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.
Esquecer para lembrar. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.
Carlos Góes (1881-1934), “lente catedrático de português do Ginásio Mineiro e brilhante literato” (LYCEU, 1924), nasceu no Rio de Janeiro em 10/10/1881.
4 de ago. de 2016
Aula de Português :: Carlos Drummond de Andrade.
Diego Gutiérrez, 1562.
A linguagem
na ponta da língua
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, equipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
Já esquecia língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.
na ponta da língua
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, equipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
Já esquecia língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.
Esquecer para lembrar. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.
Carlos Góes (1881-1934), “lente catedrático de português do Ginásio Mineiro e brilhante literato” (LYCEU, 1924), nasceu no Rio de Janeiro em 10/10/1881.
12 de jun. de 2016
A SURPRESA :: BARTOLOMEU CAMPOS QUEIROZ
Vocês percebem que minha história é de amor.
Amor de peixe e de pássaro. Como é o seu início eu não sei.
Acredito que nem os namorados sabem.
A gente só sabe que gosta quando está gostando.
O tempo aqui não tem a mínima importância.
12 de jun. de 2015
11 de jun. de 2015
Metamorfose :: Charles Bukowski
uma namorada entrou
fez minha cama
o chão da cozinha ela lavou e encerou
limpou as paredes
aspirou
limpou o toalete
a banheira
esfregou o chão do banheiro
cortou as unhas do meu pé
meu cabelo.
então
no mesmo dia
veio o encanador que arrumou
a torneira da pia
consertou também a do banheiro
outro cara consertou o aquecedor
aí veio outro e o telefone ele arrumou
agora estou sentando no meio dessa perfeição
tudo silencioso.
com minhas namoradas terminara
melhor me sentia quando a bagunça
imperava.
levarei alguns meses para tudo voltar ao normal:
não posso nem mesmo achar uma barata para conversar.
perdi meu ritmo
não posso comer
não posso dormir
a minha sujeira roubaram
de mim.
Tradução de Alice Dias.10 de jun. de 2015
DIZIAS QUE GOSTAVAS :: José Miguel Silva (Vila Nova de Gaia, 1969)
Picasso
Dizias que gostavas de poemas.
Escrevi-te, numa tarde, mais de cinco.
São muito bonitos, disseste,
hei-de mostrá-los ao meu namorado.
Nunca mais confiei nos versos
nem no gosto feminil.
in: Vista de Um Pátio seguido de Desordem. Relógio d'Água, 2003
31 de jan. de 2015
GANGORRA :: FLORA FIGUEIREDO
você apaga a lua;
eu perfumo o lençol,
você dorme na rua;
eu aprumo a estrela,
você a entorta;
eu colho a maçã
você traz a lagarta;
eu rego o ipê
você parte o galho;
eu tempero com sal,
você talha o molho;
eu lavo o cristal,
você trinca a ponta;
eu adoço com mel,
você passa do ponto;
eu beijo na boca,
você faz de conta.
In: Chão de Vento, 2005
20 de jan. de 2014
As bênçãos de Manoel de Barros
Não tenho a anatomia de uma garça pra receber
em mim os perfumes do azul.
Mas eu recebo.
É uma bênção.
Às vezes se tenho tristeza, as andorinhas me
namoram mais de perto.
Fico enamorado.
É uma bênção.
Logo dou aos caracóis ornamentos de ouro
para que se tornem peregrinos do chão.
Eles se tornam.
É uma bênção.
Até alguém já chegou de me ver passar
a mão nos cabelos de Deus!
Eu só queria agradecer.
15 de jan. de 2014
AMOR-O INTERMINÁVEL APRENDIZADO de AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA
Criança, ele pensava: amor, coisa que os adultos sabem. Via-os aos pares namorando nos portões enluarados se entrebuscando numa aflição feliz de mãos na folhagem das anáguas. Via-os noivos se comprometendo à luz da sala ante a família, ante as mobílias; via-os casados, um ancorado no corpo do outro, e pensava: amor, coisa-para-depois, um depois-adulto-aprendizado. Se enganava. Se enganava porque o aprendizado de amor não tem começo nem é privilégio aos adultos reservado. Sim, o amor é um interminável aprendizado. Por isto se enganava enquanto olhava com os colegas, de dentro dos arbustos do jardim, os casais que nos portões se amavam. Sim, se pesquisavam numa prospecção de veios e grutas, num desdobramento de noturnos mapas seguindo o astrolábio dos luares, mas nem por isto se encontravam. E quando algum amante desaparecia ou se afastava, não era porque estava saciado. Isto aprenderia depois. É que fora buscar outro amor, a busca recomeçara, pois a fome de amor não sabia nunca, como ali já não se saciara. De fato, reparando nos vizinhos, podia observar. Mesmo os casados, atrás da aparente tranqüilidade, continuavam inquietos. Alguns eram mais indiscretos. A vizinha casada deu para namorar. Aquele que era um crente fiel, sempre na igreja, um dia jogou tudo para cima e amigou-se com uma jovem. E a mulher que morava em frente da farmácia, tão doméstica e feliz, de repente fugiu com um boêmio, largando marido e filhos. Então, constatou, de novo se enganara. Os adultos, mesmo os casados, embora pareçam um porto onde as naus já atracaram, os adultos, mesmo os casados, que parecem arbustos cujas raízes já se entrançaram, eles também não sabem, estão no meio da viagem, e só eles sabem quantas tempestades enfrentaram e quantas vezes naufragaram. Depois de folhear um, dez, centenas de corpos avulsos tentando o amor verbalizar, entrou numa biblioteca. Ali estavam as grandes paixões. Os poetas e novelistas deveriam saber das coisas. Julietas se debruçavam apunhaladas sobre o corpo morto dos Romeus, Tristãos e Isoldas tomavam o filtro do amor e ficavam condenados à traição daqueles que mais amavam e sem poderem realizar o amor. O amor se procurava. E se encontrando, desesperava, se afastava, desencontrava. Então, pensou: há o amor, há o desejo e há a paixão. O desejo é assim: quer imediata e pronta realização. É indistinto. Por alguém que, de repente, se ilumina nas taças de uma festa, por alguém que de repente dobra a perna de uma maneira irresistivelmente feminina. Já a paixão é outra coisa. O desejo não é nada pessoal. A paixão é um vendaval. Funde um no outro, é egoísta e, em muitos casos, fatal. O amor soma desejo e paixão, é a arte das artes, é arte final. Mas reparou: amor às vezes coincide com a paixão, às vezes não. Amor às vezes coincide com o desejo, às vezes não. Amor às vezes coincide com o casamento, às vezes não. E mais complicado ainda: amor às vezes coincide com o amor, às vezes não. Absurdo. Como pode o amor não coincidir consigo mesmo? Adolescente amava de um jeito. Adulto amava melhormente de outro. Quando viesse a velhice, como amaria finalmente? Há um amor dos vinte, um amor dos cinqüenta e outro dos oitenta? Coisa de demente. Não era só a estória e as estórias do seu amor. Na história universal do amor, amou-se sempre diferentemente, embora parecesse ser sempre o mesmo amor de antigamente. Estava sempre perplexo. Olhava para os outros, olhava para si mesmo ensimesmado. Não havia jeito. O amor era o mesmo e sempre diferenciado. O amor se aprendia sempre, mas do amor não terminava nunca o aprendizado. Optou por aceitar a sua ignorância. Em matéria de amor, escolar, era um repetente conformado. E na escola do amor declarou-se eternamente matriculado.
11 de jun. de 2013
A LUA FOI AO CINEMA de Paulo Leminski (1944-1989)
A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.
Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!
Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava para ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.
A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
- Amanheça, por favor!
5 de jul. de 2012
22 de mar. de 2012
Se Enamora - Cantora Tiê
Quando você chega na classe
Nem sabe
Quanta diferença que faz
E às vezes
Faço que não vejo e nem ligo
E finjo, ser distraída demais
Quantas vezes te desenhei
Mas não consigo
Ver o teu sorriso no fim
Te sigo
Caminhando pelo recreio
Quem sabe
Você tropeça em mim
Se enamora
Quem vê você chegar com tantas cores
E vê você passar perto das flores
Parece que elas querem te roubar
Se enamora
Quem vê você chegar com tantos sonhos
E os olhos tão ligados nesses sonhos
Tesouros de um amor que vai chegar
Quando toca o despertador
De manhãzinha
Me levanto e vou me arrumar
E vejo
A felicidade no espelho
Sorrindo
Claro que vou te encontrar
Fico só pensando em você
E juro
Que vou te tirar pra dançar
Um dia
Mas uma canção é tão pouco
Nem cabe
Tudo que eu quero falar
Se enamora
Quem vê você chegar com tantas cores
E vê você passar perto das flores
Parece que elas querem te roubar
Se enamora
Quem vê você chegar com tantos sonhos
E os olhos tão ligados nesses sonhos
Tesouros de um amor que vai chegar
Se enamora
E fica tão difícil
De ir embora
E às vezes escondido
A gente chora
E chora mesmo sem saber porque
Se enamora
A gente de repente
Se enamora
E sente que o amor
Chegou na hora
E agora gosto muito de você
19 de fev. de 2012
Versos de otoño de Rubén Dario
Cuando mi pensamiento va hacia ti, se perfuma;
tu mirar es tan dulce, que se torna profundo.
Bajo tus pies desnudos aún hay blancos de espuma,
y en tus labios compendias la alegría del mundo.
El amor pasajero tiene encanto breve,
y ofrece un igual término para el gozo y la pena.
Hace una hora que un nombre grabé sobre la nieve;
hace un minuto dije mi amor sobre la arena.
Las hojas amarillas caen en la alameda,
en donde vagan tantas parejas amorosas.
Y en la copa de otoño un vago vino queda
en que han de deshojarse, primavera, tus rosas.
28 de jan. de 2012
A bela adormecida de Adélia Prado
Estou alegre e o motivo
beira secretamente a humilhação,
porque aos 50 anos
não posso mais fazer curso de dança,
escolher profissão,
aprender a nadar como se deve.
No entanto, não sei se é por causa das águas,
deste ar que desentoca do chão as formigas aladas,
ou se é por causa daquele que volta
e põe tudo arcaico como matéria da alma,
se você vai ao pasto,
se você olha o céu,
aquelas frutinhas travosas,
aquela estrelinha nova,
sabe que nada mudou.
O pai está vivo e tosse,
a mãe pragueja sem raiva na cozinha.
Assim que escurecer vou namorar.
Que mundo ordenado e bom !
Namorar quem ?
Minha alma nasceu desposada
com um marido invisível.
Quando ele fala roreja,
quando ele vem eu sei,
porque as hastes se inclinam.
Eu fico tão atenta que adormeço
a cada ano mais.
Sob juramento lhes digo:
tenho 18 anos. Incompletos.
4 de mar. de 2007
A lua foi ao cinema :: Leminski
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.
Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!
Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava pra ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.
A lua ficou tão triste
com aquela história de amor
que até hoje a lua insiste:
— Amanheça, por favor!
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Uma imagem de prazer :: Clarice Lispector
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